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Adolescente deprimido ou triste: 10 caminhos para ajudar seu filho
Jesús Rodríguez
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Meu filho já passou por um relacionamento abusivo. Só de escrever esta frase, meu coração para mais uma vez, porque pai e mãe estão preparados para quase tudo, mas não para a dor de um filho. Orientamos, educamos, damos as melhores sugestões para que eles tenham uma vida plena. Acreditamos que, assim, sofrerão menos. Bastaria seguir nosso guia de sobrevivência para escapar das roubadas óbvias da adolescência e da vida.

Mas sabemos que não é bem assim que funciona, certo?

Foi um período sufocante. Ver meu filho perder seu brilho, acuado em seu quarto, dizendo que estava tudo bem enquanto o olhar entregava a mentira é uma prova de resistência para qualquer pai. Pré-adolescente algum deveria lidar com tanto. Menos ainda nosso próprio filho.

O diálogo é a base para a conexão com um adolescente triste

A situação se resolveu. Já se passaram alguns anos, mas assim como nele, fiquei com marcas importantes. O sofrimento de um filho fere os pais também. E haja saúde mental para dar conta.

Entendi que ninguém está imune. Nossa excelente relação não foi capaz de impedir o sofrimento e a angústia. Mas foi ele, o diálogo, que ajudou a desenrolar o novelo da dor.

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Deste episódio, aprendi algumas lições. E a partir delas, preparei a lista a seguir para lidarmos com o sofrimento dos nossos adolescentes e ajudá-los de alguma forma a superar momentos tristes e desafiadores.

Como ajudar um adolescente a superar momentos tristes e desafiadores

1. Crie oportunidades de diálogo. Chame seu adolescente para ir à academia, à feira ou para passearem mais vezes com o cachorro. Sei bem que tirar os filhos das telas e de casa é uma gincana. Mas sigo acreditando que essa trabalheira faz parte das nossas obrigações. Aproveite as refeições. Faça caminhadas ou passeios ao ar livre. Fundamentalmente não espere chegar aquele ponto do “precisamos conversar” para ter aquele papo necessário com seu filho. A intimidade entre vocês pressupõe tempo juntos. Por isso, não confie apenas no tal tempo de qualidade.

2. Nunca, nunca mesmo, inicie uma conversa com seu adolescente julgando e/ou criticando o comportamento dele. Nas vezes em que percebi estar cometendo esse erro, criei uma distração qualquer, emendei uma frase non sense e sai de cena antes que fosse tarde demais, torcendo para que ele esquecesse. Depois, com calma e sem pedra nenhuma na mão, voltei. Lembre-se: se você quer um momento genuíno entre vocês, baixe a guarda, mantenha seu orgulho longe nestes momentos.

3. Uma boa alternativa à crítica, é iniciar a conversa com honestidade. Não saia tirando conclusões e antes de perguntar qualquer coisa, habitue-se a se expor. Você pode colocar um sentimento seu na mesa para abrir o diálogo. “Estou precisando conversar contigo, porque estou angustiado. Olhando para você, está me parecendo que não está tudo bem. Podemos conversar?”.

4. Não tente adivinhar o que seu filho está sentindo. “Sei bem o que você está passando” costuma irritar muito seu adolescente, que acredita ser o primeiro a viver tal experiência. Tente: “Não consigo imaginar o que você está sentindo, mas estou aqui para qualquer coisa que você precisar. Posso te dar um abraço?”.

5. Escute seu filho. Simples assim. Quantas vezes perguntamos por perguntar? A resposta já está pronta na nossa cabeça. Eles começam a responder e interrompemos como se não houvesse amanhã para impor a nossa verdade. Pare com isso! Você vai se surpreender quando o escutar de verdade. Com o coração.

6. Não confie apenas na intuição. Por isso, ligue seu radar. Observe muito. Inúmeras vezes, o comportamento mais óbvio do adolescente é guardar a tristeza para si. Ele acredita que irá resolver tudo sozinho, mas infelizmente nem sempre consegue dar conta. Observe as pequenas mudanças no dia a dia. Pode ser um grande desafio para nós, pais, distinguirmos uma simples irritação do nosso adolescente de uma alteração de humor que possa estar adoecendo nosso filho.

7. Precisamos entender que geralmente o adolescente não tem ideia do que se passa dentro dele. A intensidade dos sentimentos é novidade para ele também. Por isso, é fundamental não julgarmos os sentimentos deles. Só assim abrimos uma linha de comunicação. É ela que vai permitir entender um pouco melhor o que se passa dentro do nosso adolescente. Faça perguntas abertas: “Você se sente bem fazendo isso?”, “Em que ambiente você fica mais tranquilo?”, “Quando você está com o fulano (a fulana) fica feliz ou se sente mal?”. Não haverá resposta para todas as perguntas, mas é uma forma de indicarmos um caminho para entenderem o que está acontecendo com eles.

8. Respeite o silêncio e o isolamento. Mas não os ignore. Períodos prolongados de isolamento são um alerta importante. Quase todo adolescente precisa destes momentos para elaborar o que está acontecendo. Entretanto quando percebemos que as demais atividades (estudos, esportes, amizades) estão sendo esquecidas, algo de errado pode estar acontecendo. Para mim, se não agimos até agora, essa é a hora. Você precisa mostrar o contexto ao seu adolescente. Detalhar sua preocupação e trazer à tona exemplos do que ele está deixando de fazer. Claro, de forma gentil e afetiva, deixando evidente a sua disponibilidade em ajudar.

9. Mesmo se seu adolescente não apresenta nenhum sinal de tristeza ou isolamento, aproveite as campanhas de Setembro Amarelo que estão rolando na mídia para tocar no assunto. Informação salva vidas. É nosso papel trazer para dentro de casa os debates da nossa comunidade. Saúde mental é um deles.

10. Procure ajuda. Pais e mães não são psicólogos e têm suas limitações também. Precisamos entender nossos limites e por isso mesmo não hesite em pedir ajuda. Entender que não estamos sozinhos é a essência do Setembro Amarelo. E vale tanto para seu filho quanto para você. Para nós.

Um último recado para pais que amam seus filhos

Use um, dois ou quantos itens fizerem sentido para você, mas lembre-se: tudo passa. O que não pode faltar é abraço, olho no olho e sinceridade.

Um abraço bem apertado pode apagar conflitos e ajudar a traçar o caminho da solução. Juntos, pais e filhos, superam qualquer desafio.

Um forte abraço,
Beto

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