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Passo a passo para comunicar limites sem grosseria e com leveza
Kai Pilger | Unsplash
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Fim de ano, cansaço acumulado, uma lista de tarefas que parece interminável… E a maioria de nós ainda precisa fazer a gestão de convites para confraternizações e happy hours. Essa gestão de compromissos pode incluir dramas familiares, jogo de cintura para manter a imagem profissional, conflitos barulhentos (e silenciosos!), aumentando ainda mais a tensão que muitos sentem nessa época do ano. Já que não dá para aceitar tudo sem comprometer a saúde mental, será que é possível comunicar limites sem grosseria? Minha missão neste artigo é te mostrar o caminho para isso.

A dificuldade de dizer “não” e como isso impacta a saúde

Eu tinha um problema, quando eu era mais nova: não conseguia dizer não. Tinha imensa dificuldade em recusar pedidos e convites, ainda que todos os meus instintos gritassem “NÃO!!”.

Eu sabia que muita gente se aproveitava disso, seja em trabalhos de escola, na faculdade, na vida profissional, e até nas minhas relações pessoais… e apesar de saber, isso não mudava meu medo do que poderia acontecer caso eu dissesse NÃO – de portas fechadas à rejeição.

Por acumular muitas tarefas, cheguei a um nível imenso de cansaço e de gastrite. Foi aí que me dei conta sobre a importância de estabelecer limites. Mas fui de um extremo a outro. Ao recusar compromissos e pedidos, eu comunicava de forma veemente, com uma postura defensiva e chegava até a assustar algumas pessoas.

Essa história não é só minha. Talvez você viva algo semelhante. Eu ouço esse relato de muitos alunos e mentorados. Por não saberem lidar com conflitos, ou eles engolem sapos, ou explodem de forma desproporcional, acumulando entulho emocional dentro de si e gerando ruídos na comunicação.

Em um mundo com mais oportunidades e rotinas mais atarefadas, comunicar limites tornou-se uma habilidade fundamental para quem não quer ter um burnout ou não quer aceitar oportunidades erradas. Vou te contar algo que gostaria de ter ouvido anos atrás!

Por que temos dificuldade de comunicar limites?

Eu sempre digo que somos bichos sociais e que temos necessidade de pertencimento e conexão. O medo da rejeição é comum para todos.

Dependendo da criação que tivemos, podemos associar que, para sermos aceitos, precisamos colocar as necessidades dos outros acima das nossas.

E aí que começam os problemas: quem quer agradar todo mundo, acaba se anulando e calando as mensagens que as emoções comunicam sobre nossas necessidades fisiológicas, emocionais, sociais e espirituais.

Portanto, eu quero te lembrar: ao dizer SIM ou NÃO para a necessidade de alguém, você renuncia outra escolha. A negação está implícita na afirmação, assim como a afirmação está implícita na negação. Antes de dar uma resposta, você precisa dessa clareza.

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Como comunicar seus limites com leveza?

Apesar de não ter fórmula mágica e nem receita de bolo, vou passar um passo a passo que vai te ajudar a comunicar limites com leveza.

  1. AUTOCONSCIÊNCIA – lembre-se que a bagunça interna reflete na bagunça externa. Se você não tem clareza dos seus limites, não vai conseguir comunicá-los aos outros. Investigue-se e entenda o que você sente e precisa, antes de responder ao pedido de alguém.
  2. FILTRE A MELHOR ESCOLHA – negar todas as demandas no piloto automático também não é produtivo e faz tanto sentido quanto aceitar tudo que te pedem.

Pergunte-se: “Dizer SIM ou dizer NÃO compromete meus valores?” Por exemplo, uma vez, um chefe me pediu para eu privilegiar um fornecedor estratégico em uma auditoria, quebrando o princípio da imparcialidade. Eu expliquei que aquilo feria minha ética e falei que conduziria a avaliação com os critérios padrões.

“Essa escolha está alinhada aos meus objetivos de vida?”

Muita gente reconcilia uma relação frustrada em um impulso emocional, por se sentir só, e não coloca na balança o quanto aquela relação vai atrasar sua evolução pessoal.

  1. CHAVE EMPÁTICA – Como não vivemos sozinhos, é importante considerar o que está por trás do pedido de alguém, além das suas próprias necessidades. O que será que ele sente e precisa nessa situação? Será que há outro meio de você ajudar, indiretamente, recomendando alguém ou alguma ferramenta? E calma, não precisa ter bola de cristal para ler a mente do outro. Pode perguntar, confirmar. O importante é não anular ninguém no processo – nem a si mesmo!
  2. ACORDO – busque sempre por acordos, que não são imposições e consideram as necessidades das partes envolvidas (e não somente de uma parte). Pergunte qual solução o outro vê na situação e, juntos, vocês podem ter ideias mais produtivas!
  3. USE O TOM DE VOZ E POSTURA – mais do que palavras, a mensagem da comunicação está no jeito de falar. Experimente comunicar de forma branda, desarmando mecanismos de defesa.

SAIBA MAIS: Você sabe se comunicar com empatia?

Um exemplo prático do que dizer para comunicar limites

Na próxima vez que receber um pedido de alguém querido e tiver dificuldade para negar pelo excesso de compromissos, você pode dizer algo como: “Dessa vez eu não poderei ir, porque eu estou me sentindo esgotado com tanta coisa e realmente preciso de tempo para me organizar. Quero muito passar um tempo de qualidade contigo, com a mente mais tranquila. Podemos agendar no início do ano?”

O esforço é proporcional à qualidade que você deseja ter na relação. Meus alunos têm conseguido mudar como eles se relacionam, praticando a verdadeira Liderança Emocional. Ao fazer isso, eles filtram relações e oportunidades aos seus valores e constroem uma vida com mais sentido e paz.

Se quiser começar o ano praticando Inteligência emocional, te convido a conhecer meu curso SOS DAS EMOÇÕES. Você também pode acompanhar meus conteúdos no Instagram (@paularoosch) e no LinkedIn (Paula Roosch).

Desejo um fim de ano com emoções leves e cheio de comunicação!


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples

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