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Tecnologia e educação se somam
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Apesar de ser tema recorrente nas rodas de conversa da atuali­dade, não é de hoje que a Inteli­gência Artificial (IA) vem impac­tando relações sociais, processos organizacionais e a maneira como aprendemos. O especialista João Carlos Milano, o Cacá, pode nos situar nessa linha do tempo.

Ele começou a trabalhar com tecnolo­gia em 1975, esteve na equipe que, em 2013, desenvolveu o Watson, plataforma de serviços cognitivos da IBM para negócios, e, depois de se aposentar, em 2018, criou a Se­edin.

Ou seja, continuou trabalhan­do com Inteligência Artificial por puro fascínio. Formado em Física e Matemática, ele navega entre nú­meros e dados com uma curiosida­de que não se esgota. Também se encanta pelas transformações que a tecnologia levou para o campo da educação. A seguir, fala sobre os desafios de uma geração hiperco­nectada e como a IA entra nas es­colas e nas nossas vidas, sem que tenhamos medo dela.

Disseram para nós que a tecnologia facilitaria o cotidiano, que teríamos mais tempo livre, mas essa promessa não se cumpriu. O que aconteceu?

Antes a internet servia para conec­tar as pessoas mundo afora. Para isso, bastava ter um computador e um ponto de acesso. Mas, de 2008 para cá, o número de coisas conectadas superou o de pessoas conectadas. O problema é que não sabemos usar a tecnologia a nosso favor. Nossa cultura não busca o prazer da vida, pois é voltada para o trabalho. Um dia continua tendo 24 horas e a gente não conseguiu entender como usar melhor nosso tempo, mesmo com todas as ferramentas disponíveis. Mas a culpa não é da tecnologia. Precisamos re­pensar nossas atitudes.

Afinal as máquinas vão substituir o ser humano?

Não acredito nisso. O que temos são tecnologias diferentes traba­lhando juntas para permitir que as máquinas percebam, compreen­dam, ajam e aprendam com níveis de inteligência semelhantes aos dos humanos. Mas nos substituir elas não vão. Assim eu vejo.

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foto: arquivo pessoal

Como você vê a inteligência artificial?

Apesar de a chamarmos de IA, ela não tem nada de inteligente. So­bretudo se compararmos com o ser humano, que é dotado de racio­cínio. A gente consegue raciocinar, além de combinar sentimentos, cognições, instinto, intuição. Isso não se consegue simular de forma alguma. A IA é baseada em treina­mento, o que é bem diferente.

Quais são os avanços previstos na educação?

A IA e as tecnologias conhecidas como Web3 e Machine Learning es­tão moldando o futuro, permitindo uma abordagem mais personaliza­da e contínua para alunos de todas as idades, além de melhorar a va­lidação e a autenticidade das con­quistas educacionais.

Essas tecnologias colaboram com a ideia do lifelong learning (aprendizado ao longo da vida)?

Certamente. Quando se facilita o acesso a recursos educacionais personalizados e relevantes, essas tecnologias incentivam as pesso­as a continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo de suas vidas, independentemente da ida­de ou estágio de carreira. Isso é fundamental em um mundo em constante evolução, no qual a atua­lização de habilidades e o acompa­nhamento das mudanças tecnoló­gicas e do mercado de trabalho são essenciais para o sucesso.

A alfabetização das crianças do futuro será em código, como Python ou Java, além do alfabeto?

Essa é uma perspectiva interessan­te! Ensinar linguagens de progra­mação desde cedo pode ser bené­fico, sim, uma vez que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais central em nossas vidas. No entanto, é importante equilibrar essa abordagem com a alfabetiza­ção tradicional e outras capacida­des essenciais. As crianças também precisam desenvolver habilidades de comunicação, pensamento críti­co, empatia e colaboração, as cha­madas soft skills.

O que é mais eficiente para o desenvolvimento delas?

As soft skills são fundamentais para o sucesso em qualquer área da vida. Embora o formato tradicional de ensino possa contribuir para o desenvolvimento dessas habilida­des, abordagens mais modernas e interativas têm demonstrado ser igualmente ou mais eficazes na promoção dessas competências. No entanto, não existe uma via úni­ca. A combinação de abordagens convencionais e inovadoras pode ser a chave para criar um ambiente de aprendizado completo, que pro­mova o crescimento holístico das habilidades tanto cognitivas quan­to socioemocionais dos alunos.

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Esse conteúdo foi originalmente publicado na edição 260 de Vida Simples

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