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“What if Collab”: imagine um mundo colaborativo
Amazon Prime/ reprodução
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O desapego tem várias camadas. A primeira delas que aparece, quando penso no difícil que é mudar a relação que temos com as coisas que acumulamos nesta vida, é o desapego material. Mas tem também o afetivo, o possessivo, o financeiro, o social. Vai ficando mais complexo, mas o desafio não termina aqui.

Nas profundezas de nós está a dificuldade de desapegar dos nossos egos, dos louros das nossas conquistas. Conseguir compartilhar talentos, afazeres, utilidades, habilidades é desapegar do “eu” e partir para o “nós”. Depois da partida, é um caminho sem volta — muito mais abundante, diga-se de passagem.

Percebi que foi assim que a série What if Collab ressoou dentro de mim. Disponível no Prime Video, da Amazon, foi idealizada e executada por Diana Boccara e Leo Longo — um casal que sempre trabalhou na frenética e competitiva indústria da televisão paulistana, mas que um belo dia resolve se desapegar dos bens materiais e viver com o mínimo necessário, entendendo que as economias criativa e colaborativa seriam o alicerce de uma nova forma de se relacionar consigo próprio e com o outro.

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What if Collab nasce do entendimento de que a conexão genuína com pessoas gera confiança, aprendizado e conquistas compartilhadas. A proposta é bem interessante: visitar oito cidades nunca antes visitadas e produzir um vídeo colaborativo com pessoas desconhecidas no prazo de uma semana. Em cada um dos oito episódios, Diana e Leo nos levam para essas oito cidades, sempre trazendo uma pegada intimista do dia a dia, da produção do episódio, da busca por artistas locais que topassem participar deste desafio, da troca cultural, do feitio do produto final.

Tive a sensação de acompanhar de perto essa experiência, por isso arrisco dizer que visitam este estágio mais profundo do desapego, que é partilhar o conhecimento, o produto final, provando ser verdadeira a máxima de que sozinhos não chegamos em lugar nenhum. Parece lógico, mas em tempos de muitos achismos, egos inflados e idolatria das imagens, reforçar que a a partilha e a colaboração são o caminho é, no mínimo, mágico.

E como nada é coincidência nesta vida, compartilho aqui que Diana e Leo me encontraram graças à minha coluna na Vida Simples, em que compartilho com vocês meus olhares sobre a vida com o cinema como pano de fundo.

Aproveito, então, para responder a eles a pergunta que me fizeram quando me contaram sobre a série: o episódio que mais me emocionou foi o de Copenhagen. Na Dinamarca, o vídeo colaborativo é feito com um coral formado por cantores amadores de diversas nacionalidades e nem todos falam dinamarquês. Por isso, não cantam músicas, porque não seria algo inclusivo. Cantam sons, democratizando a arte, transformando as relações e fortalecendo a importância do momento presente. Mais colaborativo, impossível.

Leia todos os textos da coluna de Suzana Vidigal na Vida Simples

*Os textos de colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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