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O poder da intenção: o que a migração de animais pode nos ensinar
ryan skjervem
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Neste artigo:

Gosto de setembro não só porque é o mês do meu aniversário, mas também porque ele traz a primavera. E eu gosto da primavera. É quente sem ser insuportável, tem chuvas abundantes e, claro, tem flores. Uma porção generosa delas. Assim, decidi refletir sobre essa estação e os ensinamentos que ela pode nos proporcionar sobre o poder da intenção.

A temporada de migração marca o início de uma jornada

Muitas espécies animais migram durante a primavera. A migração é um movimento intencional na natureza. Parte-se de um ponto – estimulado por sinais diversos – para outro, usualmente melhor, com mais recursos ou recursos únicos para fins específicos.

Os gatilhos para iniciar a migração não são todos conhecidos no mundo científico, mas podem ser bem sutis diante do evento grandioso que é enfrentar um deslocamento. Sabe-se, no entanto, que as espécies não partem sem estarem minimamente preparadas. Aprumam penas, fazem reservas de gordura, engordam gônadas e por aí vai.

A migração é apenas um gancho para uma ideia que gostaria de expandir: o conceito de iniciar intencionalmente uma jornada.

Reflita:

  • Quantos de nós ficamos tempo demais nos preparativos da jornada, achando que nunca estarmos pronto o suficiente? Ou, contrariamente, quantos partem sem nenhum preparo?
  • Quantos de nós partimos sem ouvir os sinais instintivos? Ou, até mesmo, ignorando que talvez pudessem ser sutis demais e quase imperceptíveis?

Há ainda, outra ameaça: acreditar que basta estar minimamente preparado que nada poderá interromper o caminho.

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O poder da intenção… e do movimento

Não importa o tamanho do deslocamento, o fato é que haverá percalços, desdobramentos, consequências e renúncias. Para pôr fim às atitudes possivelmente desencorajantes, faço uma proposta de pensamento. Veja. Se quiser usurpar o conceito ecológico de migração com maestria, dê importância ao cerne do conceito: o da intenção!

A intenção de mover-se é o valor que você precisa cultivar e cativar. É com o movimento que toda a sua primitividade vai se aprumar.

Por isso, mais do que se preparar, aproveite para:

  • Livrar-se de todo sobrepeso,
  • Livrar-se de toda a ilusão,
  • Desapegar do que é supérfluo,
  • Escutar o seu lado mais selvagem.

Quando a gente se aproxima do nosso lado mais primitivo, o instinto chega a ser ensurdecedor. Navegue com ele.

Valorize também os percalços da jornada

Por fim, se você já iniciou a jornada… Parabéns! Usufrua dos momentos de contemplação, de marés a favor e ventos suaves, mas não deixe de desfrutar de tudo aquilo que te desestabiliza.

Experimente toda a sua dor, o seu avesso. Transpire todos os seus ódios e angústias. Duvide da sua força, amaldiçoe o seu instinto. A jornada é também sobre isso.

Lembre-se: ainda que obscuro, a jornada é para um lugar melhor. A jornada não é só sobre onde se chega. É como se chega. A jornada é sobre mover-se!

Aproveite a primavera!


Marina Xavier da Silva (@mari_xavierdasilva) é bióloga pelo Mackenzie. Mestre em Ecologia pela USP. Atuou durante 13 anos no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. Mãe da Lia e da Cléo. Apaixonada pela natureza e seus encantos.


Este texto foi produzido por um membro assinante da Comunidade Vida Simples e publicado no blog Você + Simples.

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