Maravilhar-se é capacidade intrínseca a todas e todos nós
Um texto da leitora Penha Franzotti Donadello sobre a capacidade que todos temos de nos maravilhar com a natureza
Penha Franzotti Donadello, da comunidade Vida Simples, enviou para o blog Você + Simples um texto sobre a nossa libertadora capacidade de nos maravilhar com a natureza que está dentro de nós e nos cerca. Boa leitura!
Maravilhar-se
Olhe para tudo como se fosse a primeira
ou última vez. Então seu tempo na Terra
será repleto de glória.
Beth Smith
O maravilhar-se diante das coisas, ainda que corriqueiras, é uma das mais preciosas possibilidades de vivenciarmos com inteireza o momento, deixando entrar em nós pedaços de poesia da vida.
Podemos nos maravilhar com um poema, uma paisagem, uma situação inusitada, uma chuva na vidraça, uma música, a cortês atitude de pessoas, o voar do pássaro no céu, a sombra dos prédios na alameda…
Não é somente ver, mas perceber além do óbvio. O jornalista mineiro Mário Chrispim escreveu lindamente assim:
“O mar chora fazendo chuá… chuá… porque não banha as costas de Minas Gerais”.
O mar chora. Linda metáfora. Imagino seu olhar fixo no vai e vem manso e sonoro das ondas na praia, homem das serras das Gerais, mergulhado nas belezas do mar.
A montanha, o mar… Ambos cativam. E se oferecem distintos a quem tem olhos de ver e disposição para sentir. Ambientes montanhosos debruam o vale e nos tocam pela segurança e aconchego. Gosto da fala sensível da poeta brasileira Helena Kolody:
“Quem bebe da fonte que jorra da encosta, não sabe do rio que a montanha guarda”.
Quantas impressões prazerosas nessa máxima! Sim. A natureza desenha, dessa forma, sua verde verticalidade imponente – as montanhas – onde guarda as águas sagradas que a horizontalidade azul e serena – o mar – recebe.
Pois que “o mar não recusa nem um rio”, na belíssima citação de Thomas Fuller, pensador inglês. O mar, por sua vez, carrega, em sua imensidão, invejável liberdade.
A natureza é portal para o maravilhar-se
Assim também o voo baixo da gaivota sobre areia da praia que se perde no azul do céu como o mar se perde nos matizes esverdeados do oceano. A nós, resta a sensação de emancipação, ao contemplar esse esplendor.
Por que atrofiar e falecer o olhar entre paredes de apartamento? Por que nos privar de voos altos? De impressões cujo bem-estar trazem força interior que dias depois quando a evocamos, reacende como brasa ao vento?
Que força é essa que nos deixa em estado de graça, diante de situações singelas e despretensiosas? Essa faculdade vem de fora ou brota de nosso âmago? Essa força existe.
O crente tem convicção de ser algo divino; por outro lado, o incrédulo dirá que é algo do acaso. Outros acham exagero, não mais que bonito, sem se emocionar ou maravilhar-se. Sim, há os que não conseguem entreouvir tais momentos.
A questão é: por que o que sobra em uns, falta em outros? A ciência afirma que as sensações agradáveis são provocadas pelo bom funcionamento dos chamados hormônios da felicidade.
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Somos todos capazes de nos maravilhar
“Cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”, poetizam Almir Sater e Renato Teixeira.
Todos podemos alcançar esse estado de enlevo quando desenvolvemos em nós o espirito de contentamento e gratidão, pelo que somos e possuímos.
Não seria a gratidão, caminho para o maravilhar-se? Como nos orientou Paulo na sua primeira carta aos Tessalonicenses: “Em tudo dai graças”! Talvez, faz-se necessário desenvolver em nós boa dose de simplicidade. Alcançamos isso?
Penso que para “conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs”, primeiro temos que abrir mão das superficialidades e artificialidades que nos sufocam para que a alegria pura, possa pulsar diante de nosso olhar.
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Penha Franzotti Donadello é natural de São Mateus (ES). Vive em Matilde, distrito de Alfredo Chaves (ES). Licenciada em Desenho e Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e pós-graduada em Arte-Educação. Para ela, escrever é interagir com a essência das pessoas.
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