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Gentileza: atos de bondade são luz e alento em tempos sombrios
Ave Calvar
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Em 1996, em Tóquio, o Movimento das Pequenas Gentilezas reuniu pessoas que tinham ideias e projetos para espalhar a bondade no mundo. No ano seguinte, 27 países, incluindo o Brasil, assinaram a Declaração de Apoio a um Mundo Mais Gentil e, a partir do ano 2000, 13 de novembro se tornou o Dia Mundial da Gentileza.

Essa data tem como objetivo conscientizar sobre a importância da gentileza em nossa sociedade, fortalecendo as conexões entre conhecidos e desconhecidos, iguais e diferentes, nutrindo a tolerância nas pessoas que circulam em espaços públicos e privados.

De onde nasce a gentileza?

A gentileza faz parte da história da humanidade. Segundo a antropóloga americana, Margaret Mead, um fêmur cicatrizado, com mais de 15 mil anos, é a prova disso. Uma pessoa com a perna quebrada não teria sobrevivido se não tivesse contado com a proteção e o cuidado de uma segunda pessoa (ou de um grupo). A partir desta descoberta, Mead afirma que foram os gestos de bondade e empatia que tornaram o desenvolvimento da nossa civilização possível.

Olhando o mundo atual, parece que as coisas vão de mal a pior. Mas, existem pessoas espalhadas pelo mundo que, gentilmente, doam seu tempo em busca de mitigar o egoísmo e semear a bondade, tornando viável e possível a continuação da nossa espécie.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, existem mais de 1 bilhão de pessoas que praticam algum tipo de voluntariado, oferecendo suas habilidades e experiências para melhorar a realidade de suas comunidades. Segundo a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, o país conta com 57 milhões de voluntários ativos.

Em meio a tantas informações de guerras e violências, esses dados enchem ou não, nossos corações de esperança?

“Que todos vivam com dignidade; que todos sejam felizes; que todos tenham saúde; que todos vivam com tranquilidade” (Inspirado na Meditação da Gentileza Amorosa)

As faces da gentileza

A gentileza tem inúmeras faces e vai muito além das práticas de filantropia, trabalhos voluntários ou doações particulares. Ela cabe em todo lugar, a todo instante e ganha potência e relevância nos pequenos gestos.

Estudos realizados pela pesquisadora da Universidade da Califórnia, Sonja Lyubomirsky, apontam que atos aleatórios de bondade fazem bem para a saúde mental (aumento do índice de felicidade) e física (fortalecimento do sistema imunológico) de quem os pratica.

Para conquistar esses benefícios, não é preciso fazer nada muito extraordinário. Pequenos gestos são capazes de transformar a vida ou momento de todos os envolvidos.

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Exemplos de atos aleatórios de bondade

  • Sorrir para um desconhecido
  • Segurar a porta do elevador para um vizinho
  • Segurar a sacola de um idoso ou ajudá-lo a atravessar a rua
  • Dar uma gorjeta extra ao garçom
  • Elogiar um amigo (ou um desconhecido)
  • Oferecer seu lugar no transporte público
  • Levar quitutes para os colegas de trabalho
  • Pagar o café para a pessoas que está atrás de você na padaria
  • Dar passagem para alguém no trânsito
  • Escutar atenciosamente seu amigo

Esses gestos, que são simples de serem realizados, exigem de quem pratica sair do piloto automático e olhar para seu redor com atenção (senso de presença) e compaixão. Isto é, consciência dos acontecimentos e o desejo de fazer a diferença na vida de alguém, sem querer algo em troca.

A gentileza abraça, acolhe, engrandece e ilumina quem recebe e, num círculo virtuoso, inspira novas condutas bondosas no mundo.

Como diz a canção: “Fica sempre, um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas”.

A ciência por trás da prática diária da gentileza

De acordo com o Richard Davidson, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva da Universidade de Winsconsin-Madison, a bondade é a base de um cérebro saudável e, para se alcançar esse benefício, é preciso treino. Isto é, por mais natural que seja na maioria das pessoas, a gentileza precisa ser exercitada.

Ao praticar atos de gentileza, áreas primitivas do cérebro responsáveis pela sensação de recompensa são ativadas e, como consequência, forças pessoais como a compaixão, o raciocínio moral, a responsabilidade social e gratidão são acionadas.

Outra atividade cerebral que ocorre na prática da gentileza, ocorre nos neurônios espelho, que são capazes de compreender imediatamente a experiência emocional do outro, por um processo de identificação, isto é, compreendemos o estado interior do outro de maneira automática, através de um processo de ressonância.

Simplificando. Quando vemos um vídeo de alguém levando uma pancada, reagimos de forma instintiva. Ao ouvir um amigo dizendo que cortou o dedo com um papel sulfite, imediatamente, reagimos. O mesmo acontece em nosso cérebro quando vemos alguém recebendo um ato aleatório de bondade.

O poder da gentileza urbana

Sou embaixador no estado de São Paulo de um projeto de gentileza urbana, chamado DOE SENTIMENTOS POSITIVOS. A proposta é simples: doar corações amarelos acompanhados de mensagens positivas, sempre no segundo domingo de novembro, em parques, avenidas, orlas, hospitais. O coração representa os sentimentos e a cor amarela, a vitalidade, o brilho, a conexão com a vida e o florescimento.

Em 10 anos, chegamos em mais de 57 cidades do Brasil e no Chile, Portugal, EUA, Angola, Itália, Canadá, Inglaterra e Japão.

Esse projeto só ganha vida porque temos doadores que, gentilmente, selecionam mensagens e produzem os corações com feltro, papel, E.V.A., madeiras, etc. Depois, sob a orientação de seus coordenadores voluntários, saem pelo espaço urbano abordando pessoas desconhecidas para oferecer uma “dose de afeto”, em meio ao corre-corre das cidades.

Mesmo a ação acontecendo aos domingos, dia mais calmo e despretensioso, parece que as pessoas estão despreparadas para receberem um “gole de amor ou um sopro de esperança”. É muito comum, em toda parte do Brasil, as pessoas terem, num primeiro momento, uma certa rejeição ou desconfiança. Mas, depois que entendem do que se trata, algo poderosamente sutil se manifesta.

Espalhe a gentileza por aí

Nesses 10 anos, são inúmeras as histórias recolhidas pelos nossos voluntários. Ao lerem a mensagem pessoas caem no choro, pedem um abraço, pedem outro coração para levar para algum conhecido e, não foi uma ou duas vezes, que pessoas assumiram que se reconectaram com a vida, desistindo de atos mais “radicais”, com o recebimento de um “simples gesto de gentileza” representado por um coração amarelo.

Sabendo que a depressão é silenciosa e não tem cara e, num tempo em que o Brasil é o 2º país que mais busca na internet pelo tema ansiedade (atrás apenas da Ucrânia), uma ação como o DOE SENTIMENTOS POSITIVOS, pode ser o gesto de gentileza que levará uma pessoa da dor ao recomeço, da tristeza à esperança, da solidão à certeza que existe amor e bondade no mundo.


Rodrigo de Aquino (@rodrigodeaquino) é comunicólogo, especialista em bem-estar e felicidade e estuda desenvolvimento humano desde os 14 anos de idade. Com formação em Psicologia Positiva (IPOG), Planejamento estratégico (Miami Ad School) e Coolhunting (Istituto Europeo di Design), trabalhou como publicitário durante 20 anos até se dedicar integralmente a mentorias, palestras e consultorias na área de criatividade, florescimento humano e FIB (Felicidade Interna Bruta). É embaixador em São Paulo da ONG Doe Sentimentos Positivos e fundador do Instituto DignaMente.


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