Sintomas de ansiedade: como saber se é algo além do normal
Manifestações de uma apreensão pontual são respostas naturais em situações desafiadoras. Por outro lado, quadro clínico traz sensações mais intensas, persistentes e que podem surgir sem motivo aparente
É difícil viver com a cabeça no tempo presente. Em determinados momentos, preocupações da rotina invadem nossa mente e nos levam para um momento futuro que ainda é imaginário: tudo está somente dentro da nossa cabeça. Essa sensação é normal, mas há uma linha que separa o que é comum dos sintomas de ansiedade. E é importante identificá-la.
Mas como diferenciar os sinais de uma ansiedade normal daqueles de um possível quadro patológico? As manifestações de uma apreensão pontual são respostas naturais do corpo em situações desafiadoras, como problemas no trabalho, nos relacionamentos ou em decisões importantes da vida. Se essas preocupações com dificuldades são passageiras, está tudo bem. Essa ansiedade é temporária e proporcional aos desafios que a vida te impõe.
É normal sentir aumento na frequência cardíaca e uma leve inquietação antes de uma reunião importante, de encontrar alguém, de uma prova ou de uma entrevista de emprego. Ou então aquele frio na barriga para falar em público ou ao lembrar de uma conta para pagar. São situações que desaparecem quando o problema é resolvido.
No entanto, se isso escapa do controle, é sinal de algo patológico. Psicóloga da Santa Casa de São José dos Campos, Carmela Silvana da Silveira explica que a ansiedade clínica é “mais intensa, persistente e pode surgir sem algum motivo claro”.
“Ela é caracterizada por preocupações excessivas e constantes que são difíceis de controlar. Também há sintomas físicos como falta de ar, palpitações, sudorese e tremores”, diz.
De acordo com a psicóloga, também existem sinais comportamentais: evitar situações por medo extremo ou desconforto, como não ir a algum lugar porque vai te causar medo, além de dificuldades para realizar tarefas diárias.
E quando a ansiedade começa a interferir no cotidiano, ela afeta diretamente a saúde mental e o bem-estar. Esse impacto pode se manifestar de diferentes formas: dificulta a rotina, prejudica os relacionamentos interpessoais e compromete o desempenho no trabalho ou nos estudos. “A sensação de esgotamento também é um sinal frequente. Aquele cansaço emocional intenso causado pelo estresse constante que parece não ter fim e passa a consumir a pessoa aos poucos”, ressalta Carmela.
O que fazer ao identificar os sintomas de ansiedade clínica?
Se a ansiedade é uma barreira no caminho da vida e traz sintomas físicos, o ideal é conversar com alguém próximo sobre a situação e buscar ajuda profissional. Paralelamente, há estratégias para lidar com os sintomas. Uma delas é se concentrar na própria respiração.
“Existe uma uma técnica, que é a 4-4-6. Respirar pelo nariz por quatro segundos, segurar o ar por quatro segundos e expirar por seis segundos. Isso acalma o sistema nervoso”, explica Carmela.
A psicóloga também lista outras dicas para reduzir os níveis de ansiedade:
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Estabelecer uma rotina para ter controle das situações diárias;
- Evitar multitarefas – fazer muitas coisas ao mesmo tempo;
- Desconectar-se das redes sociais por um período;
- Praticar meditação ou técnicas de respiração.
Como identificar e lidar com uma crise de ansiedade?
Além da apreensão normal do dia a dia e os sintomas clínicos, há a crise de ansiedade. Se for muito potencializada, pode até ser caracterizada como um ataque de pânico. Essa situação tem manifestações físicas e psicológicas.
“A crise de ansiedade causa palpitação, falta de ar, sensação de sufocamento, tensão muscular e tremores, suor intenso, sensação de calor ou de muito frio, náusea, tontura, sensação de desmaio, além de dores e desconforto no peito, que às vezes são confundidos com sintomas de ataque cardíaco”, explica a psicóloga.
Os aspectos emocionais das crises envolvem um medo intenso de perder o controle de si. Há também uma sensação de desconexão com a realidade e pensamentos acelerados, principalmente os negativos. “O paciente ansioso costuma relatar que sente tudo de forma muito negativa, e esses pensamentos até catastróficos aparecem com frequência.”
Durante uma crise de ansiedade, as técnicas de respiração, como a 4-4-6, também são grandes aliadas. Além disso, Carmela afirma que “observar e tentar voltar ao momento presente” ajuda. “Outra estratégia é a de aterramento. Por exemplo, liste cinco coisas que você pode ver, quatro que pode tocar, três que pode ouvir, duas que pode cheirar e uma que pode saborear. Isso ajuda a voltar para o aqui e agora.”
E, claro, é importante procurar ajuda. “Se você estiver em um local seguro, converse com alguém. Olhe para a pessoa ao lado e diga: ‘Eu estou tendo uma crise de ansiedade, você pode me ajudar?’. Isso é muito importante. E para lidar com tudo isso, seja a ansiedade patológica ou as crises, a terapia é o melhor caminho”, diz a psicóloga.
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