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Sexo na menopausa: por que esse assunto ainda é tabu?
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Aos 47 anos, Patricia* começou a sentir mudanças em seu corpo. Sua pele já não era a mesma, o cabelo começou a cair, não dormia bem e sentia-se constantemente cansada. Mesmo sempre tendo uma vida sexual saudável, nesse momento a mulher percebeu que sua libido estava baixa. Apesar de incômodos, esses sintomas podem fazer parte do processo de climatério, anterior à chegada da menopausa.

Para entender a menopausa, é preciso saber como essa etapa se diferencia do climatério. De acordo com a ginecologista Marina Almeida, a menopausa é a ausência de fluxo menstrual por mais de um ano, enquanto climatério é relacionado aos sintomas causados pela queda abrupta do estrogênio no corpo feminino – que pode, ou não, ocorrer com a menopausa.

“Com o advento do climatério o desejo pode diminuir devido à baixa dos hormônios femininos, o estrogênio e a progesterona”, explica a profissional. Segundo Marina, as alterações climatéricas, como ressecamento vaginal, calores, falta de ânimo, também podem dificultar a relação sexual.

A importância do diagnóstico da menopausa

“Eu acho que o principal desafio foi entender onde eu estou. Até porque os próprios médicos, como meu ginecologista, falaram que eu estava muito nova para isso”, relata Patricia.

Após realizar exames de sangue, a profissional de relações publicas finalmente recebeu seu diagnóstico, e soube que seus hormônios estavam desequilibrados. Apesar de ainda menstruar, estava encaminhado para o fim desse ciclo. “Passei por um ano muito difícil, porque eu não entendia de fato o que estava acontecendo. Eu acho que quando a gente é jovem, a gente é preparada, de certa forma, para ficar menstruada, mas eu acho que a gente não é preparada para essa entrada no climatério”, relata.

Ao entender o processo que ocorria em seu corpo, Patricia pode procurar ajuda. Além de reposição de hormônios e acompanhamento terapêutico, a mulher pode estudar cada vez mais sobre a menopausa. “Acho que depois de me entender, buscar informação e ajuda, eu me reencontrei sexualmente. A partir do momento que comecei a sentir a melhora nos sintomas, eu comecei imediatamente a sentir um reflexo na minha vida sexual”, lembra Patricia.

A mulher conta que sua libido voltou a aumentar, além de voltar a sentir desejo de ter relações sexuais com seu marido. Além disso, pode se redescobrir sexualmente, investindo em brinquedos eróticos e explorando outra fase sua.

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Os vários fatores que influenciam o desejo

Desejo sexual e libido são multifatoriais. Isso significa que é muito difícil que a falta deles esteja atrelado a apenas uma causa, como a menopausa. Quem explica isso é a médica e influenciadora Maju Ferreira, que fala sobre saúde sexual na internet.

“Tudo que envolve uma vida, de fato, pode contribuir para a redução desse desejo. Por exemplo, um relacionamento disfuncional, sexo ruim, falta de autoconhecimento, exaustão no trabalho ou em casa, má comunicação, traumas atrelados ao sexo ou a sexualidade, lubrificação”, explica a médica. Ou seja, as preliminares e o trabalho em relação a uma vida sexual ativa vão muito além do que é feito no quarto.

A médica relata que é muito comum, em sua experiência, que mulheres na menopausa se queixem de não terem mais paciência ou vontade de engajarem no sexo, principalmente quando se resume em penetração. Nesse período, a penetração se dificulta pelas mudanças vaginais e diminuição da lubrificação.

Sexo em idades avançadas ainda é um tabu

Outro fator que influencia na sexualidade após a menopausa, é a forma que as relações sexuais são vistas na terceira idade. “A sociedade romantiza um pouco a terceira idade, como se eles virassem crianças novamente”, reflete Naiara Mariotto, psicóloga e sexóloga.

“Então, tem essa questão de trazer com mais delicadeza, com mais pureza, e tudo isso acaba transmitindo esses erros com relação à sexualidade da terceira idade”, explica Naiara. Ao contrário dessa crença, pessoas mais velhas também têm hormônios, libido e vontade de sentir prazer.

“A sociedade precisa enxergar o sexo como algo natural, como algo vital, como algo importante para o ser humano, para o bem-estar físico e emocional, para as relações”, relata.

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Dentro dos relacionamentos é preciso falar sobre sexo

A forma que somos ensinados sobre sexo, reflete na forma em que falamos e conversamos sobre o assunto. Afinal, enquanto o sexo ainda for um tabu para as pessoas, esse tabu vai permanecer para diversos outros fatores e situações.

“Sem dúvida nenhuma, o diálogo é importante. E o autoconhecimento através da masturbação”, explica a profissional. Afinal, a partir do momento que nós nos conhecemos, entendemos o que gostamos e o que nos traz prazer, conseguimos passar isso ao outro.

“Dessa forma, conseguimos levar esse relacionamento muito mais adiante, de uma maneira mais segura e mais prazerosa. E o diálogo sempre foi e sempre será o nosso maior aliado para os relacionamentos mais longos e mais duradouros”, declara Naiara.

Após a menopausa, é ainda mais importante se conhecer e saber como despertar o desejo, uma vez que os desejos espontâneos diminuem. “O desejo responsivo é aquele que vem após um estímulo externo. Diferente do desejo espontâneo, existe um estímulo do(a) parceiro(a) que gera um desejo mesmo sem existir uma vontade espontânea”, explica a ginecologista Marina.

Sexo faz bem, inclusive depois da menopausa

“Existe uma frase boba, mas que faz muito sentido, que é: quanto mais transamos, mais queremos transar. Para que isso aconteça, a gente precisa criar um ambiente favorável para o sexo acontecer de forma prazerosa”, aponta Maju Ferreira.

Um dos grandes benefícios do sexo, independente da idade, é o autoconhecimento e a liberação de endorfinas. Um corpo que libera mais endorfina, também conhecido como hormônio do prazer, é mais saudável.

E, após a menopausa, ou em idades mais avançadas, a falta de sexo pode ser ainda mais sentida. “Não é normal não sentirmos prazer na vida, isso traz para a gente depressão. Enquanto isso for importante para a pessoa, enquanto trouxer prazer, tem que continuar sendo explorado”, finaliza Naiara.

*nome fictício para manter o sigilo da entrevistada.

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