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Lifelong learning: aprender coisas novas melhora saúde e bem-estar
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A cada dia, mais e mais novidades aparecem no mundo e se adaptar é uma necessidade. Assim, a habilidade de aprender é vital para acompanhar o ritmo das mudanças. O lifelong learning (em tradução livre, aprendizado ao longo da vida) é um conceito que ilustra essa ideia, principalmente quando se fala da vida profissional. Mas essa postura não é positiva só nessa área. Os benefícios de manter uma postura aberta à prática da aprendizagem contribui também para o bem-estar e saúde cognitiva.

A aprendizagem é natural do ser humano em qualquer idade

Ter a mentalidade do lifelong learning é importante. Vale lembrar que a capacidade de aprendizagem é natural do ser humano e está presente em todas as fases da vida. “A aprendizagem é algo inerente ao ser humano, é algo que na psicologia a gente chama de um processo psicológico básico”, explica a professora e especialista em Educação, Estefanni Alves.

Blenda Oliveira, doutora em psicologia, reforça que o processo de aprendizagem é contínuo, mas esclarece sobre questões relacionadas à facilidade ou à dificuldade em alguma atividade. “As condições de aprendizagem da gente vão ficando um pouco mais estreitas”, inicia. “Não porque você não tem condições de aprender, você sempre vai ter condições de aprender, mas você vai ficando mais seletivo com a sua aprendizagem”, explica. Isso significa que pode ser necessário mais tempo para aprender ou se acostumar com uma atividade que nunca foi feita antes.

O modo como as pessoas aprendem muda ao longo da vida. Depois da adolescência, há uma capacidade mais consolidada de pensar e estabelecer raciocínio lógico a partir de hipóteses. Professores que dão aulas a adultos levam essa característica em consideração.

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Os benefícios do lifelong learning, na prática

A aprendizagem estimula o cérebro. “A cada nova aprendizagem, novas conexões sinápticas são estabelecidas e mais forte esse cérebro vai ficando”, explica Estefanni. “Tal qual um músculo, ele precisa ser trabalhado para manter as suas funções”, resume.

A professora aponta também a importância do estímulo do cérebro para maior saúde do cérebro na fase idosa. “Hoje existe essa atenção porque se sabe que manter a parte cognitiva em funcionamento mais estimulado é proveitoso no enfrentamento de doenças senis, do campo do Alzheimer, por exemplo.”

E para além de saber algo novo, aprender também pode significar mais bem-estar e vontade de viver.

Uma nova carreira depois dos 50 anos

Ana Lucia Ferraz tem 56 anos e resgatou um desejo de quando era mais jovem: cursar psicanálise. Para ela, isso significou mais conexão com a vida e consigo mesma. “Quando descobri que aprender é se manter com um espírito jovem, parece que cessei o envelhecimento e ainda sou capaz de me sentir rejuvenescendo!”, inicia. “Parar de aprender nos torna distantes do processo que é a vida. Envelhecer não é se desconectar de aprender, porque isso só vai te afastar do seu autorreconhecimento e das suas potencialidades.”

O aprendizado também trouxe dimensões mais profundas para seus relacionamentos. “As relações com as pessoas que convivo se tornaram mais abertas ao diálogo”, conta. “No processo de aprendizado me abri mais ao outro, reconheço a importância da troca de informações, de valores e de escolhas e isso afeta quem fica ou quem não fica ao nosso redor”, explica.

Ele já fala 6 idiomas e está aprendendo outros 6

Aurélio Vieira começou a aprender idiomas quando ainda era criança. Aos 12 anos, já conseguia se virar com o inglês. Hoje, aos 64, já estudou francês, espanhol, alemão, russo, holandês e dinamarquês. Mas não parou por aí, o professor de idiomas continua em sua jornada de aprendizado de línguas com o árabe, o turco, o indiano, o indonésio, o grego e o tcheco.

“Era muito novo, não tinha nenhum motivo em mente [para aprender], como, por exemplo, profissional, ou para viagem. Simplesmente tinha uma paixão, que até hoje continua”, explica o professor sobre o motivo de iniciar e continuar aprendendo novos idiomas. “Não sei o que faria da minha vida sem as línguas para estudar. Seria monótona.”

Aurélio aponta alguns benefícios de se estudar línguas. “Agilidade e rapidez no pensar, a plasticidade cerebral, o desenvolvimento da concentração e melhora da memória, capacidade cognitiva. Quem fala mais de uma língua tem capacidade de conciliar várias tarefas ao mesmo tempo.”

Aprender um novo idioma é uma das recomendações para exercitar o cérebro e atenuar os efeitos do declínio cognitivo. Não é necessário se tornar um poliglota como Aurélio, mas o estímulo das novidades é importante para a saúde do cérebro. Blenda explica que esse tipo de aprendizado afeta regiões do cérebro complexas e importantes e estimula novas sinapses.

Manter o encantamento é importante para o lifelong learning

Crianças estão sempre aprendendo porque são naturalmente curiosas, conforme os anos passam essa característica pode ser atenuada, mas ela é fundamental para o estímulo ao aprendizado e para o lifelong learning.

Blenda Oliveira aponta a curiosidade como uma forma de manter acesa a chama para aprender. “A curiosidade é pré-requisito para o aprendizado. Se eu não tenho curiosidade, eu não aprendo porque eu não vou atrás das coisas que possam me surpreender,” explica.

A curiosidade, a capacidade de encantamento e a vontade de continuar são fundamentais para o aprendizado e também para a qualidade de vida. “É muito importante que se mantenham vivos essa energia e, esse mote que impulsiona”, recomenda a psicóloga. “Isso não só previne a questão do declínio cognitivo, mas também o declínio físico”.

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