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Beber vinho faz bem à saúde? Saiba mitos e verdades sobre a bebida
Kelsey Knight
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Por muito tempo existiu a crença de que beber vinho poderia fazer bem à saúde. Ao contrário de outras bebidas alcoólicas, associadas a doenças e ao alcoolismo, o vinho parecia ter um lugar único, mantendo-se bem-visto inclusive por profissionais e médicos.

As primeiras pesquisas que apontam a relação do vinho com benefícios ao coração e ao organismo são da década de 1990. E, nos últimos anos, cientistas reviram esses estudos para entender a fundo se os resultados eram, de fato, verdadeiros.

Tim Stockwell, epidemiologista que investiga uso de substâncias, e Kaye Middleton Fillmore, pesquisadora da Universidade da Califórnia, relataram ao The New York Times o que constataram ao rever os estudos: pessoas que bebiam o vinho constantemente, de fato, tinham uma qualidade de vida melhor. Mas não por conta do álcool, como se acreditava, e sim por fatores como classe social e vida fisicamente ativa. Eram outros elementos – e não o vinho -, que aumentavam a saúde.

Mas, isso significa que na composição da bebida não existem componentes que podem ser benéficos? Para compreender mitos e verdades sobre o vinho, a Vida Simples entrevistou os profissionais: Dr. Jô Furlan, especialista em Nutrologia pela Abran – Associação Brasileira de Nutrologia, Dra. Andrea Bacelar, Diretora da Associação Brasileira do Sono, e Adriana Stavro, nutricionista com formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School.

Existe algo na composição do vinho que pode ser benéfico para a saúde, diferente das outras bebidas alcoólicas?

Componentes do vinho tinto, como flavonoides, resveratrol e outros antioxidantes, podem reduzir potencialmente o risco de doenças cardíacas. No entanto, para obter uma quantidade significativa de resveratrol e alcançar efeitos positivos para a saúde, é necessário consumir várias taças de vinho, o que pode resultar em mais malefícios do que benefícios, segundo apontam os especialistas entrevistados.

Esses elementos também podem ser encontrados em outros alimentos, como uvas, suco de uva vermelha ou mirtilo.

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Uma das informações mais divulgadas sobre o vinho é que faz bem para o coração. É verdade? Como isso funciona?

Diversos estudos sugerem a associação do consumo leve ou moderado de álcool a benefícios para a saúde e redução da mortalidade. Alguns pesquisadores sugeriram que o vinho é benéfico à saúde, especialmente o vinho tinto, e que um copo por dia pode ser bom para o coração. Porém, nenhuma pesquisa provou uma ligação de causa e efeito entre o consumo de álcool e uma melhor saúde cardíaca.

Questionamentos nas metodologias de pesquisa levantam informações que trazem novas percepções ao assunto. Para os especialistas entrevistados, não está claro se o vinho tinto está diretamente associado aos benefícios para a saúde observados em alguns estudos, ou se outros fatores estão em jogo. Pode ser que os consumidores moderados de vinho tenham maior probabilidade de ter uma dieta e um estilo de vida mais saudável ​​– incluindo atividade física e muitas frutas e vegetais.

Além disso, o efeito positivo do álcool para a saúde mais conhecido está relacionado a um pequeno aumento do colesterol bom, o HDL. O mesmo resultado pode ser obtido com a prática de atividades físicas regulares.

Muitos acreditam que beber uma taça de vinho por dia faz bem à saúde. Essa prática é recomendada? Ou criar essa rotina pode fazer mal?

Beber álcool diariamente, incluindo vinho, não é um hábito de vida saudável. Em geral, os malefícios associados ao consumo diário de álcool, incluindo vinho, superam os benefícios potenciais, especialmente quando esse consumo é feito de forma excessiva. Portanto, os especialistas recomendam que o consumo de álcool seja esporádico e moderado.

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Quais são os malefícios de ingerir bebidas alcoólicas, inclusive vinho?

Os efeitos do álcool sobre a saúde variam de impactos imediatos a problemas de longo prazo, de acordo com o volume, teor alcoólico e frequência de sua ingestão. Uma taça com 150 ml de vinho contém 14g de álcool puro. O consumo acima de 30g já é considerado excessivo, de acordo com os especialistas.

Os problemas de saúde gerados pelo álcool variam de hepatopatias crônicas, distúrbios cardiovasculares, dependência (alcoolismo), distúrbios psiquiátricos (potencialização e gatilho de diversas psicopatias), interação medicamentosa de risco, problemas psicológicos associados principalmente a depressão e ansiedade, e efeito imunossupressor.

Também existe uma crença que beber uma taça de vinho antes de dormir pode melhorar a qualidade do sono, além de fazer dormir mais rápido. Isso é verdade?

A bebida alcoólica funciona deprimindo o sistema nervoso central, gerando uma sedação que pode ajudar na promoção do sono mais rapidamente. Entretanto, a qualidade do sono ficará prejudicada, pois o álcool diminui a quantidade de sono profundo, deixando ele fragmentado. A noite de sono, após beber, terá um potencial de descanso ruim, mesmo que o tempo total seja maior, conforme explicam os especialistas entrevistados.

Tipos diferentes de vinho podem gerar impactos diferentes na saúde?

Os especialistas apontam que existem algumas diferenças entre os tipos de vinho. O tinto é mais benéfico para a saúde cardiovascular por conta dos antioxidantes presente na casca das uvas escuras. Já o vinho branco e rosé, embora também contenham antioxidantes, são menos benéficos em comparação com o tinto.

Além disso, todos os tipos de vinho contêm calorias, mas os vinhos tintos tendem a ter menos açúcar residual em comparação com os brancos e rosés, o que pode ser importante para pessoas com dietas restritas em açúcar, como diabéticos.

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Existe uma quantidade de vinho que seja segura de beber, sem fazer mal à saúde?

É preciso considerar alguns fatores antes de decidir pelo consumo de vinho. Por exemplo, idade, sexo e estado de saúde. Mulheres metabolizam o álcool mais lentamente que homens, o que significa que podem ser mais suscetíveis aos efeitos nocivos do álcool.
Também é importante controlar a quantidade e frequência com que você bebe. Beber vinho todos os dias, mesmo em pequenas quantidades, pode ser mais prejudicial do que beber vinho ocasionalmente.

Se você tem uma dieta saudável e pratica exercícios regularmente, os especialistas afirmam que consumo moderado de vinho pode ter menos impacto negativo na sua saúde do que se você tiver um estilo de vida sedentário e uma dieta pouco saudável.

Quais são as recomendações gerais para o consumo de vinho para minimizar os riscos à saúde e maximizar quaisquer potenciais benefícios?

De acordo com as diretrizes da OMS sobre o consumo de álcool, é recomendável que adultos saudáveis limitem seu consumo a até 20 gramas de álcool por semana, o que equivale aproximadamente a uma taça de vinho (cerca de 150 ml) para mulheres e até duas taças (cerca de 300 ml) para homens.

Escolha vinhos de qualidade, preferencialmente tinto, para serem consumidos com alimentos. Ao beber, os especialistas orientam intercalar  o consumo de vinho com água.

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