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    Ansiedade climática: por que cada vez mais pessoas sofrem com isso?
    Kelly Sikkema
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    Medo do futuro. Ou do que virá pela frente. Essa é a principal preocupação das gerações de jovens e adultos que vivenciam a ebulição global (o estágio além do aquecimento global) e convivem com a ansiedade climática. O assunto é extenso, e o problema ainda maior. Por isso, a desesperança parece vir em dobro. Às vezes, acreditamos até que não há saída possível, mas pequenas iniciativas e mobilizações mundiais dão ânimo para aqueles que, em meio à tristeza, alimentam a construção de um planeta mais justo, leve e ecológico.

    Os efeitos são mais fortes na geração Z, embora também seja aquela que mais se mobiliza no mundo inteiro. Uma pesquisa publicada no jornal The Lancet mostrou que 45% de 10 mil jovens em 19 países disseram que os sentimentos sobre as mudanças climáticas afetam negativamente a vida cotidiana. São adolescentes e pessoas na vida adulta que, com frequência, se perguntam: haverá um futuro digno para nós?

    Muitos já receberam um “não” bem antes de refletir sobre isso. Populações quilombolas, indígenas e periféricas no Brasil já sabem muito bem os efeitos desse problema. São comunidades que precisam lidar com a falta de água, saneamento básico, demarcação das suas terras, racismo e insegurança. “Embora essas pessoas não nomeiem o que sentem como ansiedade climática, são provavelmente os grupos que mais sofrem psiquicamente”, diz Aline Matulja, engenheira ambiental e apresentadora do programa Eco Brasil na DW.

    “Por isso, a gente não está no mesmo barco. Tem pessoas que estão em um barco, outras em uma canoa. E isso tem nome: racismo ambiental”, diz Lucas Liedke no episódio”Ansiedade climática”, do podcast Vibes em Análise.

    Não é só o ambiente que está em crise

    Não há uma descrição médica que possa orientar os sintomas de quem convive com ansiedade climática. O assunto é novo e surge como uma reivindicação política ao revelar os efeitos psíquicos da ebulição global. Isso se demonstra no medo de perder a casa em uma enxurrada, no temor em ver a aldeia indígena cercada por áreas de grilagem, ou ainda a dor no peito de presenciar o próprio desaparecimento do país. Tuvalu, com pouco mais de 11.000 habitantes, é a primeira nação com risco de ser engolida pela elevação do nível do mar.

    Há uma destruição de tudo aquilo, de todos os sistemas que têm sustentado a vida no planeta, e essa catástrofe expõe de maneira brutal uma grande massa de excluídos”, explica Ana Lisete Farias no podcast Vibes em Análise.  Autora do livro A psicanálise o meio ambiente (Medusa), a pesquisadora disse ao programa que há um entrelaçamento de exclusão, violência e destruição ambiental. “Mas não é o ambiente que está em crise, e sim o modo de ser, o estilo de vida”. 

    Para Aline Matulja, o verbo “regenerar” é motor de muitas mudanças. A apresentadora, que se inspira no filósofo nigeriano Bayo Akomolafe, afirma que é preciso imaginar e sonhar um futuro coletivo possível. “Há a necessidade de enlutar o modo de vida que a gente tem para ser possível surgir outro”.

    Existe cura para a ansiedade climática?

    É difícil imaginar, neste momento, um fim rápido para os efeitos psíquicos da crise climática. Mas, há combustíveis emocionais que dão energia às lutas coletivas. É possível, por exemplo, engajar-se em coletivos ambientais, como o Fridays for Future, fundado por estudantes do mundo inteiro que encamparam uma greve pelo clima.

    “Isso proporciona não apenas um espaço para a troca de ideias e apoio mútuo, mas também a oportunidade de direcionar esforços coletivos para enfrentar desafios ambientais”, explica Desirée Cassado, psicóloga e professora na The School of Life. A especialista diz que isso pode diminuir a sensação de isolamento, além de fortalecer a eficácia coletiva.

    Cassado diz que outras estratégias simples e individuais podem contribuir, até mesmo politicamente, para pressionar por mudanças justas e benéficas ao planeta, como:

    • Adotar um estilo de vida mais sustentável por meio de escolhas conscientes, como reduzir a geração de resíduos sólidos, diminuir ou abolir o consumo de carnes e derivados;
    • Fomentar o debate sobre a crise climática;
    • Conversar com as pessoas sobre a conexão entre as escolhas pessoais e a situação do planeta. Um exemplo é o consumo de roupas vindas de fast fashions que poluem o meio ambiente.

    A saída para a crise climática (e emocional) é coletiva

    As iniciativas citadas acima são importantes, mas incapazes de resolver o problema. Quando há uma dimensão psíquica, a responsabilidade se amplia e exige uma atuação efetiva do poder público. É preciso”implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental, especialmente direcionadas aos jovens nas periferias”, diz Desirée Cassado. A professora da The School of Life explica que isso envolve a criação de serviços de saúde mental acessíveis, programas educacionais que abordem questões emocionais e fomento a espaços urbanos saudáveis.

    Além disso, é possível desenvolver programas de educação emocional e ambiental nas escolas, assim como incentivar e amplificar a voz dos jovens nas decisões locais que envolvem o meio ambiente. “Isso não apenas empodera os jovens, mas também contribui para a criação de soluções mais eficazes e adaptadas à realidade local”.

    É importante, segundo a professora, destacar narrativas de sucesso no enfrentamento às mudanças climáticas e enfatizar a mobilização social, como greves pelo clima e movimentos de bairro. Para Aline Matulja, é importante saber que cada um pode atuar de forma diferente para que mudanças positivas existam. Isto é, eu posso me aliar à luta de comunidades ribeirinhas, mas você pode atuar num grupo de ciclistas urbanos que lutam na Câmara Municipal por mais ciclovias, menos carros e um transporte público de qualidade.

    “Cada um pode procurar em si qual o incômodo e onde pode sanar, no sentido de cura”, diz.

    Matulja é enfática ao dizer que o Brasil é uma “escola” no combate às mudanças climáticas. “Os povos indígenas, tradicionais, quilombolas e ribeirinhos fazem muito para a sustentação de ecossistemas saudáveis”, explica. “Nós podemos muito nos inspirar nesses povos, além de que nossa cultura é toda permeada por essa ancestralidade. Mais do que plantar uma árvore, precisamos entender como podemos ser parceiros daqueles que sustentam uma floresta”.

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