Como fortalecer a imunidade com o tempo seco

Ao abrir a janela pela manhã, o céu está com aquele tom azul suave com o sol entre as nuvens. Uma imagem bonita. Mas o tempo seco que ela traz dá seus sinais no corpo. Às vezes, não é só um desconforto por estar com os olhos ardendo ou a garganta arranhando, é um alerta do organismo de que algo precisa de cuidado.

Quando a umidade do ar cai não é só a pele que resseca, as defesas naturais também se fragilizam e deixam o corpo mais exposto a infecções, alergias e doenças respiratórias. Por isso, é essencial cultivar hábitos que protejam e fortaleçam a imunidade durante essa estação do ano. Da hidratação à alimentação adequada, há muitas formas de cuidar de você e dos outros ao seu redor.

O efeito do ar seco no organismo

Para o médico infectologista Fábio Bombarda, entender o papel das mucosas é fundamental para compreender os efeitos do clima seco sobre a imunidade. “A nossa defesa para esse tecido mais frágil é feita através da secreção de um muco. Nossas mucosas são ricas em proteínas, anticorpos de superfície e outras substâncias que, na presença de uma umidade superficial, formam um tapete protetor.”

Quando o ar está seco, esse muco evapora com mais facilidade e deixa as mucosas desidratadas e vulneráveis. “Elas podem inclusive rachar, criando portas de entrada para vírus, bactérias e outros microrganismos”, completa.

Além disso, o tempo seco tende a concentrar poeira no ar, rica em ácaros e partículas que rapidamente disseminam os vírus, algo agravado pela pouca ventilação que há em ambientes fechados durante os dias mais frios.

Hidratação e alimentação para fortalecer a imunidade 

Uma das orientações mais importantes é manter a hidratação mesmo sem sentir sede. “Nos períodos secos, há uma ‘desidratação silenciosa’. Perdemos água pela respiração e pelo suor sem perceber, o que pode causar tontura, cansaço e mal-estar, principalmente em crianças, idosos e pessoas vulneráveis”, alerta Bombarda.

Beber água com regularidade, apostar em alimentos com alto teor de água como melancia, melão, pepino, laranja e chuchu e manter uma alimentação rica em vitaminas e minerais são formas eficazes de apoiar o sistema imunológico.

“Frutas como laranja, limão, acerola e goiaba são ricas em vitamina C. Já o zinco, presente em carnes e sementes, é importante para a imunidade. E os peixes, como atum e sardinha, possuem ômega- 3 e têm ação anti-inflamatória”, afirma o infectologista. 

Segundo o especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, Bruno Borges de Carvalho Barros, dormir bem e praticar exercícios também impactam diretamente a imunidade. “Uma boa noite de sono permite a diminuição de radicais livres e ajuda o organismo a manter sua homeostase”, diz. Já os exercícios devem ser moderados: caminhadas, alongamentos e alguma exposição ao sol ajudam, desde que com hidratação adequada.

Além da hidratação interna, é importante umidificar o ar com o uso de umidificadores ou soluções simples, como toalhas molhadas e bacias com água, e fazer a hidratação local com soro fisiológico em narinas e olhos.

“Os umidificadores assim como a solução salina caseira permitem uma hidratação adequada da mucosa do nariz, tornando a mais saudável e apta a resistir aos processos infecciosos e diminuir impacto da alergia e ressecamento”, orienta o otorrinolaringologista. 

Vacina também é um tipo de prevenção 

Se vacinar sempre foi e continua sendo uma medida essencial para prevenir complicações respiratórias. “As vacinas não apenas nos protegem, mas também cuidam das pessoas que amamos. A vacinação é um ato de amor e cuidado”, afirma Bombarda. As mais recomendadas nesta época são contra gripe, influenza e pneumonia.

Para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, os cuidados para fortalecer a imunidade devem ser intensificados: manter a hidratação, evitar locais muito secos, usar máscara quando houver sintomas respiratórios em casa e não compartilhar utensílios.

Dicas práticas para fortalecer a imunidade

• Beba água regularmente, mesmo sem sede;
  
• Inclua frutas e vegetais ricos em água na refeição diária;
  
• Use soro fisiológico no nariz e olhos;
  
• Prefira banhos mornos e use hidratante corporal;
  
• Use umidificador ou alternativas caseiras;
  
• Experimente óleos essenciais para sintomas específicos;
  
• Mantenha os ambientes limpos e sem poeira.

A aromaterapia também pode ajudar em tempos secos 

Segundo a aromaterapeuta e perfumista botânica Daiana Petry, os óleos essenciais e vegetais podem ser ótimos companheiros nos períodos de baixa umidade, atuando tanto na saúde respiratória quanto na hidratação da pele. “Quando a umidade do ar cai, não tem jeito. Nosso corpo começa a dar sinais: garganta irritada, nariz seco, olhos ardendo, pele rachada e até dificuldades para respirar”, explica. E é nesse contexto que a aromaterapia pode somar aos cuidados tradicionais para fortalecer a imunidade.

• Para ressecamento da pele: óleos como patchouli e copaíba, diluídos em óleo de linhaça ou creme neutro, ajudam na regeneração da pele seca e rachada;
  
• Cansaço e fadiga: use óleos como limão tahiti, bergamota ou pimenta-rosa em difusores para estimular e renovar a energia;
  
• Problemas respiratórios: para tosse seca, aposte em cedro-atlas ou olíbano. Para congestão nasal e tosse com muco, use eucalipto glóbulus, ravintsara ou tea tree diluídos para aplicação no peito;
  
• Melhora da qualidade do ar: use difusores ultrassônicos com óleos como tea tree e limão tahiti, que ao mesmo tempo umidificam e purificam o ambiente;
  
• Dor de cabeça: hortelã-pimenta e manjerona aplicados com óleo vegetal na nuca e têmporas ajudam a aliviar a tensão.

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