Memórias do álbum de fotografia
Olhando cada uma daquelas imagens, resgato um pouco da minha história e a daqueles que eu amo e não deixo esquecer aquele que eu fui um dia
Tirei parte do meu dia de hoje para fazer uma boa faxina no meu quarto. Abri todas as gavetas e armários, tirei roupas, objetos, livros, documentos e tudo mais que eu encontrei no processo e, por fim, joguei fora aqueles que não mais me servem.
Durante esta limpeza, entre um pouco de poeira e coisas que eu nem lembrava que ainda tinha, invariavelmente cheguei nos álbuns de fotos. Daqueles analógicos que a gente revelava há vinte ou trinta anos atrás. Daqueles que não davam vez para as selfies, afinal, a gente só tinha disponíveis 12, 24 ou, no máximo, 36 poses (sim, a gente usava essa palavra, rs)!
Tirei esses álbuns e comecei a virar página por página, desde o meu álbum de bebê, com informações preciosas como meu peso, altura, primeiros presentes e primeiras palavras, até aqueles da De Plá e Kodak que revelavam outras memórias em cores.
Algumas fotos tremidas, outras embaçadas, mas todas carregadas de histórias. Foram viagens, festas, dias ensolarados na praia e pessoas amadas, algumas que caminham comigo até hoje e outras que já não estão mais neste plano. Vi amigos que já não sei mais o paradeiro e outros que vão rir ao rever estas imagens.
Ver fotos antigas é o tipo de atividade que a gente faz com menor frequência do que deveria e, honestamente, eu não sei por que. É gostoso, é divertido, é como um mini filme pessoal passando na nossa frente, revivendo momentos tão especiais quanto corriqueiros, relembrando dos laços afetivos e mostrando pra gente de onde viemos.
Acho que as nossas memórias, registradas em fotografias, objetos, cartas e outros, são como as pedrinhas do conto de João e Maria, que indicam o caminho de volta pra casa, de volta pro nosso eu mais puro. Faz a gente valorizar aqueles que estão ao nosso lado por tantos anos e também as nossas conquistas, a nossa história, os nossos afetos e toda a trajetória até aqui. As nossas memórias são como os tijolinhos que constroem, dia após dia, a nossa identidade através de tudo o que passamos e aprendemos ao longo da vida.
Que delicia rever os meus avós amados que não estão mais presentes nos almoços de domingo e que delicia reviver as viagens à Disney, ao Beto Carrero, às praias e tantas outras aventuras. É gostoso ver meus pais sorridentes com a idade que eu tenho hoje e relembrar das festinhas de aniversário com bolo de chocolate e Coca-Cola 2 litros na mesa. É engraçado ver os diferentes cortes de cabelo e estilos de roupa e é especialmente delicioso encontrar com aquele menino que eu fui um dia e de vez em quando vejo correndo alegre e soltando pipa aqui dentro.