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Matéria, histórias e atravessamentos
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Para sermos vistos, escutados e percebidos, precisamos primeiro nos despir. Precisamos permitir os atravessamentos. Se rebelar contra toda tendência egocêntrica e preguiçosa de colocar pessoas em caixas e permitir que os atravessamentos nos partam ao meio, para que das fissuras possam brotar sementes, com infinitas novas possibilidades de existir

 

Cada encontro. Cada abraço. E cada flerte na estação de metrô. A pausa para ouvir, atentos, alguém contar emocionado um pedacinho de sua história. Tudo é uma oportunidade de sermos afetados e, a partir disso, infinitos canais de possibilidade de abrem diante dos nossos pés. Salte e a rede aparecerá, diz uma frase pichada em um muro perto de casa.

Você não sabe o que vai surgir de cada encontro. Cada pessoa é um portal que pode te levar a dimensões novas, planetas distantes e horizontes transcendentais.

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Vejo tanta gente ansiando por descobrir se há vida em outro planeta. Se há vida depois dessa vida. E eu fico aqui me perguntando: há vida nessa vida?

O simples exercício de olhar o outro. Sair de si por um minuto e enxergar dentro de outra pupila um universo caleidoscópico multicolorido de sonhos, medos, angústias e memórias que fizeram daquele ser humano alguém único no mundo.E, ao mesmo tempo, descobrir que aquele ser tão único é também tão parecido comigo. Tão parecido com você. Tão diferentemente idêntico a toda humanidade.

Histórias

Somos feitos da mesma matéria. Carregamos o mesmo medo da solidão. A mesma incompreensão da morte. O mesmo desejo de amar e ser aceito. E a vontade – ainda que nem sempre admitida- de não sermos só mais um. De deixar algo registrado – em papel, quadro, fotografia e sobretudo na memória daqueles que nos atravessam a nossa breve passagem por este planeta.

Por isso escrevemos. Pintamos. Fotografamos. Cozinhamos. Tecemos. Por isso contamos histórias. Então, criamos formas concretas de expressar aquilo que carregamos dentro do peito, uma forma de dizer ao mundo “essa sou eu”. Um grito que ecoa e busca encontrar o coração de outro ser humano que nos responda “Te vejo. Te ouço. Te percebo”.

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Mas para sermos vistos, escutados e percebidos, precisamos primeiro nos despir. Precisamos permitir os atravessamentos. Enfrentar o autocentramento. Se rebelar contra toda tendência egocêntrica e preguiçosa de colocar pessoas em caixas e permitir que os atravessamentos nos partam ao meio, para que das fissuras possam brotar sementes, com infinitas novas possibilidades de existir.

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