Veja como se libertar da culpa após cometer um erro
Errar faz parte da humanidade. Aprenda como usar o erro para crescer e melhorar ao invés de ficar preso na culpa.
Errei, e agora? Quem nunca se pegou pensando isso, arrependido após perceber que cometeu um erro. Seja em um relacionamento amoroso, com a família, ou até no trabalho. Ter uma atitude ou fazer comentário que possa machucar ou ofender outra pessoa acontece com qualquer um. Mas, para que não se repita, é importante saber lidar com a culpa e aprender com os erros.
Como lidar com o erro?
O erro é parte constituinte da humanidade. Quem elucida isso é psicóloga Natalia Paes Monteiro. “Ignorá-lo ou negá-lo não o fará sumir, portanto, é melhor que aprendamos a lidar com o erro de forma responsável e consciente”, complementa.
Para a profissional, o reconhecimento do próprio erro revela maturidade, pois isso significa que a pessoa é capaz lidar com essa realidade de maneira objetiva, podendo desenvolver discernimento e tolerância nas nossas relações interpessoais.
“Na medida que nos percebemos e admitimos sermos errantes, podemos exercitar nossa empatia, flexibilizando nosso julgamento diante de erros alheios, afinal, somos seres falhos e estamos a todo momento sujeitos ao erro”, explica a psicóloga.
Para a psicóloga Ana Silvia Sanseverino, ao reconhecer nossos erros temos a oportunidade de reavaliar o que houve e pensar em novas possibilidades. “Assumir o erro propicia a reparação do que fato e isso pode fortalecer relacionamentos pessoais e profissionais, promovendo um ambiente de comunicação aberta e respeitosas”, explica.
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Rejeitar sentimentos negativos pode ser prejudicial
Para conseguir aprender com os erros, devemos primeiramente conseguir assumir eles. Segundo Natalia, de maneira geral, temos tendência à rejeição dos sentimentos que consideramos negativos. “Por exemplo, acabamos não admitimos a raiva, escondemos a tristeza ou julgamos a inveja. Precisamos resgatar nossa autorização para sentir, para então conseguirmos acolher aquilo que sentimos”, explica.
Dessa forma, a profissional defende que ampliar a nossa percepção sobre as nossas imperfeições, reconhecendo os erros como partes constituintes da nossa humanidade, é levar em conta nossa vulnerabilidade enquanto sujeito e assumir que, por isso mesmo, estamos em constante formação e aprendizado de quem somos.
“Reconhecer as limitações, a bagagem pessoal e as necessidades que motivaram o acontecimento do erro é uma maneira ativa de vivenciar a situação como um aprendizado”, exemplifica Natalia.
A culpa em nosso cérebro
A neurocientista comportamental Bruna Dimantas explica como as diferenças entre negar ou reconhecer um erro funcionam em nosso cérebro.
“Os seres humanos têm a capacidade de absorver conhecimentos que irão interferir diretamente na interpretação de situações futuras e em nossos comportamentos. Cérebros estão constantemente se atualizando com o que está acontecendo para, caso haja um desencaixe, no futuro possa gerar um comportamento mais adequado quando o contexto se repetir”, explica a especialista, fenômeno que chamamos de aprendizado cognitivo ou neuroplasticidade.
Quando sentimos culpa, a diferença entre assumir ou negar o erro está no nível de ativação cortical (cognitiva) que cada um promove para o nosso cérebro. Segundo a profissional, a negação de um erro pode envolver mecanismos de defesa para proteger nossa autoimagem.
Ou seja, ao invés de usarmos o foco e o engajamento para mudar, usamos esses recursos na busca de encontrar nas nossas crenças sobre nós mesmos algo que explica nossa ação, impedindo nosso cérebro de classificar o comportamento como errado e, portanto, desencorajam o cérebro de ter respostas diferentes e mudanças.
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Como lidar com a culpa?
É importante avaliar a culpa de maneira proporcional ao erro cometido. Para isso, é preciso levar em consideração as consequências desse erro perante nossa vida e na vida das pessoas envolvidas. “Ao fazer essa análise, ampliamos a nossa percepção sobre a realidade dos fatos e conseguimos lidar com a situação”, justifica a psicologa Natalia.
Dessa forma, podemos compreender que o que difere uma culpa construtiva de uma culpa tóxica é a nossa atitude. Quando ficamos presos ao erro, sem procurarmos uma mudança significativa, a culpa não está sendo benéfica para aquela situação.
“Afinal, somos capazes de mobilizar ações em direção à retratação e à reparação, mas para isso é preciso admitir uma postura ativa. Ou seja, é a nossa responsabilidade que determina se uma culpa cumprirá a sua função”, complementa a profissional.
Quem também explica isso é Tatiane Paula, psicóloga especialista em ansiedade e transtornos mentais. Segundo ela, o sentimento de culpa surge quando violamos nossos próprios valores ou causamos danos a outras pessoas.
“Aprender a lidar com ele envolve praticar o perdão, tanto a nós mesmos quanto aos outros, e buscar reparar os danos causados de maneira construtiva”, explica Tatiane.
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