Os hormônios da felicidade podem ser encontrados em abundância em diferentes atividades rotineiras. Exercício físico regular, alimentação adequada e relacionamentos saudáveis são dicas infalíveis para que o corpo funcione com equilíbrio. Assim, não é incomum que um médico ou especialista em saúde mental recomende atividades como essas, embora elas não sejam as únicas estratégias disponíveis. Para fugir do óbvio, é preciso saber a fundo como os hormônios da felicidade atuam no corpo.
Quais são os principais hormônios ligados ao bem-estar?
Os principais neurotransmissores que se relacionam ao bem-estar, prazer e felicidade são: serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina. “Alguns autores os chamam de ‘o quarteto da felicidade‘”, explica o médico nutrólogo Nataniel Viuniski. A produção desses hormônios ocorre de forma natural no corpo humano, mas pode sofrer estímulos a partir de atividades comuns que não exigem tanto tempo ou esforço.
Para Viuniski, momentos de alegria e prazer, além de atividade física, são indispensáveis. “Não só isso, uma alimentação equilibrada também desempenha um papel fundamental, já que eles [neurotransmissores] são fabricados a partir de aminoácidos [unidades formadoras das proteínas] ingeridos na dieta”. O médico lembra que é preciso vitaminas e minerais para que os hormônios sejam produzidos em quantidades ótimas. Não é à toa que a serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade, concentra 80% de sua produção no intestino.
Hormônios da felicidade para além do óbvio
Segundo o nutrólogo, é recomendável haver um consumo adequado de alimentos ricos em fibras para haver um bom funcionamento do aparelho digestivo. Não só isso, é importante procurar alimentos que contenham proteínas e triptofano – aminoácido essencial que promove a produção de serotonina -, como peru, ovo e banana. “A suplementação com ômega-3, presente em alimentos como peixes de águas frias, abacates e sementes, como a de chia, também beneficia a saúde cerebral e a produção de dopamina“, recomenda Viuniski.
O especialista defende que, além da alimentação, outras estratégias que dialogam com a saúde mental também são indispensáveis. Mindfulness, meditação e exercícios físicos devem fazer parte do dia a dia. “Gerenciamento do estresse e um sono adequado em horas e qualidade também desempenham um papel fundamental no equilíbrio hormonal”, destaca. “Além disso, a exposição à luz natural e o contato mais íntimo com a natureza podem influenciar positivamente o humor”, conclui. Isso acontece porque há uma maior produção de vitamina D e liberação de endorfinas quando o corpo entra em contato com o sol.
Hormônios da felicidade: o que endocrinologistas recomendam
Embora as práticas acima não possam ser descartadas, de nada adianta fazer algo sem que exista prazer ou por pura e simples obrigação. “Um jeito de manter essa liberação constante é sempre estar em busca de algo que seja significativo para você”, é o que recomenda Paula Pires, endocrinologista e metabologista.
Além disso, a especialista orienta que é preciso uma manutenção constante da produção hormonal e que picos isolados podem ser problemáticos. “Podemos cair em vícios não saudáveis e ficarmos repetindo comportamentos destrutivos apenas para alcançar picos dessas substâncias. Isso, no final das contas, não vai resultar em felicidade alguma”, explica.
Já Isis Toledo, que também é médica endocrinologista e metabologista, destaca que algumas práticas podem fazer parte da rotina. Por exemplo, atividades criativas como pintura, artesanato ou desenho ajudam a liberar neurotransmissores que trazem satisfação e prazer. Além disso, adotar ou se relacionar com animais de estimação é uma ótima ideia.
Segundo a médica, os níveis de estresse diminuem ao brincar com os pets. “Isso ocorre porque nosso relacionamento com gatos, cachorros ou outros animais de estimação pode aumentar a produção corporal de hormônios associados à felicidade”, diz.
Toledo menciona ainda que a prática da gratidão é eficaz e contribui para um funcionamento saudável do corpo. Mas cuidado ao tensionar a produção de hormônios da felicidade e jogar para debaixo do tapete os momentos de tristeza e luto. “É preciso encontrar maneiras de enfrentá-los e integrá-los em sua vida de forma saudável”, orienta.
Pessoas em sofrimento psíquico podem ter a produção de neurotransmissores desregulada. “O paciente não libera a mesma quantidade de hormônios nas atividades e pode ser necessário o tratamento médico especializado de acordo com o diagnóstico estabelecido.”
Por uma abordagem holística
Para a endocrinologista Tassiane Alvarenga, um dos caminhos para a produção saudável de hormônios da felicidade é adotar uma abordagem holística. “É preciso considerar fatores como nutrição, sono e saúde mental em conjunto para otimizar a produção de neurotransmissores”, lembra. Segundo a médica, o equilíbrio multifatorial é essencial para uma vida emocionalmente saudável.
Por outro lado, é preciso ter cuidado na estimulação artificial desses hormônios. Eles são produzidos naturalmente e, a princípio, não precisam de suplementação. “A reposição ou manipulação desses neurotransmissores deve ser considerada quando há deficiências comprovadas após avaliação profissional de um médico qualificado”, diz o nutrólogo Nataniel Viuniski.
Hoje, é possível prescrever medicamentos que otimizem a atividade de neurotransmissores ou psicoativos que atuam no comportamento e no humor. “Recomendo, no entanto, priorizar os hábitos saudáveis”, finaliza Viuniski, excetuando, é claro, os casos que necessitam de um acompanhamento clínico.
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