Dores físicas têm a ver com sentimentos? Esses livros mostram que sim

Dor de cabeça depois de um dia estressante? Mal-estar ao receber uma notícia ruim? Já sentiu que seu corpo começou a doer ou a apresentar sintomas físicos durante um quadro de ansiedade? Ainda vivemos uma relação distante entre “corpo” e “mente”, como se fossem independentes um do outro. Apesar disso, nossos sentimentos — a forma como processamos as experiências emocionais — , possuem uma importante influência na maneira como sentimos dores físicas e, até mesmo, podem motivar o próprio surgimento destas.

Na última década, um artigo publicado pela Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo mostrou que as percepções sobre a dor em diferentes pacientes usuários do SUS varia de acordo com as questões de cunho emocional que estão sendo vivenciadas pela pessoa.

Durante as entrevistas, quando eram feitas as seguintes perguntas: “o que você pensa que causou a dor?” e “nos costumes de sua família (cultura, etnia) o que significa ter dor?” e “como é percebida a dor?”, houve uma série de respostas semelhantes que puderam ser agrupadas em áreas comuns. Por exemplo, a dor como uma questão física, a dor relacionada a questões emocionais e sentimentais, a dor como uma questão religiosa e a dor como uma condição humana, segundo explicam os pesquisadores na publicação.

Tudo isso, é claro, rende um bom papo na área de neurologia, antropologia e estudos da cultura, afinal, cada sociedade tem mecanismos e interpretações diferentes sobre o sentimento da dor.

Para aprofundar o tema, reunimos alguns livros que trazem embasamento científico sobre essa relação tão próxima entre os sentimentos e as dores físicas.

5 livros que podem te ajudar na cura de doenças físicas

Parece até difícil imaginar essa relação com os nossos sentimentos, mas você já parou para pensar como ficamos antes de uma viagem muito importante? Ou quando perdemos alguém que amávamos muito? Nosso corpo se reorganiza e emite respostas que sinalizam o estado de saúde, físico ou emocional, às vezes ambos.

Estar atento à essa relação e buscar caminhos para um melhor equilíbrio na nossa saúde são questões chave para a vida. Os livros abaixo podem nos dar pistas ou iluminar nosso trajeto rumo à cura.

Calma.workbook (Christopher Hutcheson)

Um dos grandes desejos das pessoas é alcançar o autocontrole e, finalmente, conseguir administrar a ansiedade. Um cotidiano mais leve é possível e essa é justamente a proposta do livro escrito pelo psicólogo Christopher Hutcheson. Calma.workbook (Latitude) traz exercícios práticos para aliviar as angústias, processar as emoções e administrar melhor os sentimentos com o apoio de terapia.

Graduado pela Purdue University (Indiana – EUA), Chistopher sintetizou técnicas terapêuticas desenvolvidas em mais de 14 anos de experiência no tratamento de pessoas com ansiedade. De forma interativa, o livro fornece ferramentas eficazes para descobrir a fonte da ansiedade e tomar decisões que favoreçam a autonomia.

O lado emocional da endometriose (Lilian Donatti)

O lado emocional da endometriose (Appris) observa a correlação entre estratégias de enfrentamento, depressão, níveis de estresse e percepção de dor em pacientes com endometriose. Como uma doença psicossomática, a obra mostra aos profissionais da saúde que é preciso observar a necessidade de assistir as pacientes física e psiquicamente.

No Brasil, há cerca de 7 milhões de mulheres com endometriose. Para a autora do estudo, a busca na literatura de pesquisas que envolvem a endometriose e Psicologia, retornou em um número mínimo de conteúdos encontrados, principalmente se tratando de estudos que propõem metodologias de intervenção.

VOCÊ PODE GOSTAR

– Livros para incentivar práticas sustentáveis e ecológicas

– Meditação para crianças: livros e jogos para ajudar

– Livros para encontrar o seu verdadeiro eu

Dor nas costas: Conexão corpo e mente (John E. Sarno)

Após seu lançamento, em 1991, Dor nas costas: conexão corpo e mente (Cienbook) virou imediatamente um best-seller do New York Times quando apresentou a revolucionária teoria da tensão mioneural (TMS), metodologia testada clinicamente em milhares de pacientes.

Este guia mostra como o estresse e os fatores psicológicos podem ser a causa de sua dor nas costas e como livrar-se dela sem remédios, exercícios ou cirurgia. Com base em sua experiência com medicina de reabilitação e em seu trabalho de pesquisa, o Dr. John E. Sarno afirma que a principal causa de dor lombar, na coluna e no pescoço não é a anormalidade estrutural, mas a repressão de emoções.

Isso não significa que a dor seja um produto de sua mente, mas sim que seu estresse mental causa desordens físicas em músculos, nervos, tendões e ligamentos.

A dor física: Uma teoria psicanalítica da dor corporal (J-D Nasio)

Em geral, quando não encontramos nenhuma justificativa concreta para uma dor corporal, costumamos dizer que ela é psíquica. Porém, mais do que uma sensação, a dor pode ser um sentimento que surge sem qualquer agressão física imediata. É o caso do viúvo que sente dores no corpo quando entra em contato com os pertences da esposa recém falecida.  Ou ainda das dores que reaparecem, embora as feridas já estejam cicatrizadas.

Assim, o livro A dor Física: Uma teoria psicanalítica da dor corporal (Zahar) mergulha nos limites entre corpo e psique para tentar entender a origem da dor física e a relação com os sentimentos, cujos mecanismos continuam inexplorados. Reproduz citações da obra de Freud e Lacan sobre a dor física. Inclui bibliografia complementar sobre o tema.

Dor e pensamento: psicossomática contemporânea (Marilia Aisenstein)

Em Dor e pensamento: psicossomática contemporânea (Dublinense), Marilia Aisenstein, uma das mais proeminentes psicanalistas da atualidade, apresenta nesta obra a riqueza da metapsicologia psicanalítica contemporânea atrelada a uma sensibilidade clínica especial.

Nos vários artigos que compõem este livro, vai tecendo ideias a partir de conceitos psicanalíticos trazidos com profundidade, entremeados tanto com literatura como com casos clínicos, garantindo uma leitura agradável, densa e estimulante de questionamentos e novos pensamentos.

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