Com o objetivo de quantificar o nível de felicidade do estado mais populoso do país, o Mapa da Felicidade do Estado de São Paulo, iniciativa do Instituto Cidades, divulgou no último dia 20 de março os resultados da pesquisa mais recente sobre a satisfação dos paulistanos com a vida.
Liderada pelo estatístico Jorge Oishi, o projeto trouxe inquietações que mostram quais pilares da sociedade impactam os níveis de felicidade da população, além de um panorama amplo sobre a situação de São Paulo. Com mais de 6 mil entrevistados em 71 cidades e 11 regiões administrativas, a equipe ouviu o que cada morador considera primordial para uma vida feliz.
No topo da lista, foram citados a espiritualidade, satisfação com a vida, saúde e comunidade. Além destes, a importância dos relacionamentos, níveis de segurança e trabalho foram apontados como relevantes, embora não sejam fatores primordiais. Oishi explica que ouvir cada entrevistado e saber a opinião dele sobre o tema é fundamental para que a pesquisa tenha resultados bons e sólidos.
“Das seis mil respostas que a gente recebeu, nenhuma era idêntica à outra”, explica. Apesar disso, a metodologia e estratégias adotadas foram semelhantes às de 2004, especialmente para manter as proporções e permitir uma comparação dos resultados.
Distribuição da felicidade em São Paulo
Entre os que se consideram mais satisfeitos com a vida, estão as pessoas na faixa de 35 a 44 anos residentes na capital paulista, que, apesar da queda, ainda concentra os melhores índices do estado. “Isso pode ser explicado, em parte, porque os moradores da capital encontram mais facilmente suporte para seus desejos, principalmente se estiverem em uma condição financeira favorável”, diz Jorge Oishi, que também é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e um dos sócios-fundadores da startup ZenBox.
Com exceção da cidade de Guarulhos e Osasco, que melhoraram as classificações em relação ao último estudo, e a região do ABCD, Campinas e Sorocaba, mantiveram índices iguais em relação à pesquisa de 2004, todo o estado apresentou redução no nível de felicidade. O litoral, por exemplo, caiu de 7,16 em 2004 para 5,67 em 2023.
Em entrevista à Vida Simples, Jorge Oishi explica que os elementos que podem ajudar a ilustrar a redução no índice são especialmente os anos de crise da pandemia (2020 e 2021) e as últimas tragédias provocadas pelas alterações climáticas no litoral.
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Mulheres são mais felizes
Entre os índices apresentados pela pesquisa, as mulheres se consideram mais felizes do que os homens com a proporção de 6,44 para 6,37, uma mudança em relação ao levantamento realizado em 2004. Entre os muito felizes, as mulheres representam 40%, enquanto os homens alcançaram o índice de 38%.
Além da categoria de muito felizes, ocupada por 39%, os pesquisadores também agruparam os entrevistados em pessoas que se consideram felizes (33%), nem feliz e nem infeliz (15%), infeliz (9%) e muito infeliz (4%).
O estudo também mostrou que a renda, apesar de ser um fator determinante na manutenção da qualidade de vida, impacta de maneiras diferentes o nível de felicidade. Cerca de 44% das pessoas que recebem abaixo de R$ 1.320 se consideram muito felizes, porcentagem maior do que a das pessoas que recebem acima de R$ 13.200 e estão na mesma categoria (37%).
“Quando a gente avalia os muito felizes, a espiritualidade não está em primeiro lugar, mas sim a família e a saúde”, explica Jorge Oishi. Segundo o pesquisador, elementos mais subjetivos, comportamentais e ligados às relações pessoais dos entrevistados são importantes para elevar ou diminuir o nível de satisfação com a vida.
Felicidade tem relação com o autoconhecimento
Os índices de felicidade no mundo todo têm relação com a satisfação pessoal, autoconhecimento e atividades que beneficiam o bem-estar da população. Hoje, o estilo de vida da sociedade tem foco na produtividade contínua, fator que favorece o adoecimento, por isso, dedicar o tempo livre a atividades que favoreçam a saúde mental é muito importante.
Para o médico psiquiatra Alexandre Valverde, a satisfação com a vida está relacionada à autorresponsabilidade. “A felicidade passa por um caminho do autoconhecimento. Então, é preciso que eu olhe para minha vida e faça uma reflexão sobre como estou me cuidando e como posso melhorar, e a ciência vem mostrando que o autodesenvolvimento e o autocuidado são os caminhos para construção de mais satisfação e bem-estar”, relata o profissional, que possui mestrado em Filosofia Contemporânea pela Universidade de Paris-1 Panthéon-Sorbonne.
Além disso, para o especialista, podemos encontrar a felicidade em diversos lugares: no esporte, em um hobby, na cultura, na gastronomia, entre outros, mas, para isso, a bioquímica corporal precisa estar em equilíbrio.
“Se você possuir um corpo saudável nutricionalmente e ativo fisicamente, as chances de encontrar a felicidade em coisas do dia a dia será ainda mais certeira, pois são esses equilíbrios bioquímicos do corpo que controlam nossas atividades vitais, principalmente nosso cérebro, e é ele que irá identificar a felicidade em nossas ações cotidianas”, explica o psiquiatra.
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