O incansável movimento dos ponteiros do relógio sempre me intrigou. Quando criança, ao me ver triste, queria que o tempo parasse só um pouquinho para que absorvesse meus sentimentos. Mas o relógio nunca respeitou minha dor. Um grande egoísta, ele me parecia ser. Não importa o quanto precise, ele segue correndo. Ao não acompanhá-lo, a sensação possível é a de estar atrasado. Para o que, não sei. Você sabe? É complexo tentar acalmar a ansiedade.
Com o passar dos anos, aprendi a caminhar na frequência do relógio. Como ele não para, tomei-o para mim, para minhas pausas necessárias. Afinal, quanto tempo tenho? Certa vez, conversando com uma médica especialista em cuidados paliativos, ouvi que o que nos impede de ser feliz é a ilusória ideia de que há muito tempo para vivermos. Sem uma data de quando haverá um fim, nos permitimos postergar as alegrias e deixamos de ouvir o que o coração deseja. Há um universo oculto, que só se torna visível quando nos desprendemos da cobrança social para estarmos sempre produzindo e alcançando metas.
O tempo precisa ser preenchido, sempre que possível, com aquilo que traz satisfação: desfrutar, com calma, de uma xícara de café no meio da tarde, ou tirar alguns minutos para se deitar no tapete da sala, apenas olhando para o teto. No final da noite, é preciso ter orgulho do dia vivido. Quando o tempo se torna nosso, é possível se autoconhecer e exercer o direito de experimentar ser quem é, fazer o que gosta. O desafio é equilibrar o caos externo, de uma sociedade promotora de ansiedade, com o infinito particular, por vezes já agitado.
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O mapa da saúde mental no Brasil aponta crescimento exponencial no número de pessoas que sofrem com ansiedade, estresse e depressão, entre outros transtornos. Estar no momento presente é estar ansioso. Os acontecimentos em diversas esferas sociais validam o sentimento. Mas, apesar do transtorno ser incômodo, é também um convite para olhar para além da situação que se apresenta, sugere Maria Cecilia Moraes Antunes, engenheira química consultora da Weleda.
Quando paralisamos diante do medo, das incertezas e da sensação constante de que algo ruim está vindo em nossa direção, é hora de parar e acolher os sentimentos com humanidade, voltando a atenção para o que importa: o interno. Na jornada do autoconhecimento, entender quais são seus limites é fundamental, mas para conhecê-los é preciso conseguir se ouvir. E isso não é possível quando o barulho interno está alto. Que sons habitam você hoje? Um ombro amigo, um profissional de saúde ou a natureza são aliados para encontrar a calmaria necessária. “Pedir ajuda não é a mesma coisa que desistir, é se recusar a desistir”, escreveu Charlie Mackesy no livro O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo (editora Sextante).
Um olhar completo para acalmar a ansiedade
Quando pensamos em nos cuidar, é preciso pensar em continuidade e integralidade. A antroposofia – que entende a natureza como fonte de saber para cuidar do ser humano, bebe da ancestralidade e dos conhecimentos antigos na manipulação de ervas, mas respaldada pela eficiência da ciência e seriedade dos órgãos de vigilância sanitária – tem esse olhar. Ao contrário dos medicamentos alopáticos, que oferecem efeitos rápidos nos sintomas, essenciais em diversos casos, os antroposóficos buscam cuidar da saúde com constância. É como se, ao invés de amortecer os sintomas, tratasse, criando recursos internos para que as patologias cessem no tempo. É o que faz o Bryophyllum Argento cultum, da Weleda, um auxiliador para acalmar ansiedade, angústia e irritação. Criado a partir da planta Bryophyllum, o vegetal é cultivado por três anos em terra enriquecida com prata – a união do mineral com o vegetal permite ao nosso organismo se ajustar novamente. “A gente não quer sofrer nada, mas lidar com um certo desconforto é o que nos faz amadurecer e ganhar força. Ao contrário da crença, a doença não surge do nada, logo, faz sentido pensar que, para restabelecer a saúde, é preciso cultivá-la”, aconselha Maria Cecília.
O caminhar dos ponteiros do relógio sempre seguirá cronometrado, ignorando as individualidades de cada um. Oposto ao tempo íntimo – por vezes apressado demais, outras, tão lento – mas tão único. E você, aprendeu a lidar com seu tempo, aquele que você precisa para se compreender?
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