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    Arteterapia: a prática artística pode alimentar a alma
    Elena Mozhvilo
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    Aprender um novo instrumento musical, se aventurar no artesanato, passar a desenhar ou fazer pinturas em telas. Essas são algumas das opções que a arteterapia apresenta na vida de alguém. Para além de uma atividade que gera aprendizagem – como ter habilidades para tocar um violão, por exemplo -, essa modalidade terapêutica busca estimular, a partir do contato com a arte, o auxílio no tratamento de transtornos e distúrbios psicológicos.

    Estar em um ambiente com arte pode ser importante para nos trazer equilíbrio emocional e atenuar sintomas de ansiedade, por exemplo. Se aproximar do artesanato, como muitas pessoas fazem, pode ser uma ótima oportunidade para nos trazer maior foco, concentração e nos direcionar para um hobby novo que, junto a isso, contribua para a nossa jornada no autoconhecimento.

    Assim como muitas pessoas encontram na atividade física e na prática de esportes uma forma de auxiliar a lidar com as emoções e os sentimentos, a arteterapia também pode ser uma válvula de escape desse mundo tão acelerado e repleto de informações a cada momento.

    Como fonte de inspiração, reunimos arteterapeutas e criadores de conteúdo que utilizam a arte como ferramenta de apoio emocional. Lembramos que a arteterapia sozinha não substitui o acompanhamento profissional com um psicólogo ou psiquiatra, mas é uma terapia complementar de grande importância para muitas pessoas.

    A costura como ferramenta de atenção plena

    Renata Lis tem algumas paixões na vida, mas entre elas estão a terapia e o patchwork, que pode ser traduzido como “trabalho com retalhos”, uma forma de trabalhar com costura a partir da união de diferentes tecidos, histórias e formatos. Depois de concluir sua formação em terapia no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, Renata decidiu se aprofundar no universo da arte como ferramenta de acolhimento.

    Minhas avós eram costureiras e cresci vivenciando a criatividade e o carinho dos quartos de costura além de, ao pé das máquinas, juntar os retalhinhos para fazer minhas bonecas“, explica ela. Com o passar dos anos, a artesã percebeu que duas coisas eram complementares: as aulas de patchwork e as trocas feitas pelas alunas durante a formação.

    Foi aí que decidiu unir a aprendizagem com as vivências trazidas a partir das histórias de vida de cada pessoa. “As salas do ateliê passaram a ser um ambiente seguro e acolhedor“, lembra.

    “Costurar é uma forma de reestruturar e se expressar emocionalmente. As trocas ricas e profundas, permitem relatos de situações estressantes e o compartilhar de experiências ajudam a diminuir o estresse e a aumentar a autoestima, através da facilitação de novas leituras das histórias relatadas, novos entendimentos e clareza com as fases da vida.”

    Hoje, Renata trabalha especialmente com a Antroposofia como forma de aquisição de conhecimento e autodesenvolvimento. Ela lembra que a ideia é demarcar a relação entre arteterapia e ciência espiritual com a alma, corpo e espírito. “No processo terapêutico a utilização da expressão artística auxilia na externalização dos sentimentos, reorganização e reconhecimentos do pensar de forma espontânea, lúdica e leve“, destaca. Isso faz com que, aos poucos, nos tornemos mais assertivos conscientes do nosso viver no planeta.

    Para Renata, estar presente, com atenção plena, é um dos passos fundamentais da costura, porque nos conectamos com o corpo, o ambiente e imprimimos nossas emoções em um trabalho artesanal. “A preparação dos projetos artísticos, escolhas dos tecidos, desenhos, cores e acabamentos, permeados por diálogos significativos são formas de reconhecer nossos processos internos“, conclui.

    Foto: Divulgação/ Renata Lis

    Criar pode ser uma forma de acolher

    Isa Stephan conta que a arte é um elemento que faz parte da sua vida ainda quando era criança. “Desde pequena eu gosto de sentir o mundo por essas lentes. Criar sempre foi um porto seguro onde eu poderia encontrar colo, conforto, proteção e também celebrar e me permitir”, conta a arteterapeuta em uma apresentação no Instagram.

    Apesar de diferentes profissões, a arte sempre foi presente em boa parte da sua atuação, seja como arteterapeuta, assistente social, artista e empreendedora. “Foi preciso coragem para acolher a minha multipotencialidade, mas eu acabei descobrindo que, na verdade, todas nós somos diversas“, destaca.

    No entanto, os caminhos da vida a fizeram trilhar outras experiências, o que a fez se dedicar mais como trabalhadora do SUS (Sistema Único de Saúde) na atenção à populações e grupos vulnerabilizados.

    “Por mais de vinte anos me afastei por completo da arte, mas foi no consultório de arteterapia, como paciente, que eu me reencontrei com a arte”, explica. “Eu vivi uma transformação pessoal tão grande que decidi estudar e me tornar arteterapeuta Junguiana”

    Depois da formação, Isa conta que começou a oferecer oficinas para adolescentes e mulheres, frequentando feiras pela cidade, vendendo sua arte e conhecendo outras pessoas da área. Com a pandemia, a divulgação digital fez crescer o seu trabalho e hoje ela realiza atendimentos individuais e em grupo na área de arteterapia.

    Foto: Divulgação/ Instagram

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    “El amor sana” (o amor cura), é o que está escrito em um dos posts de Claudia Estanga em seu Instagram, espaço onde compartilha ideias, conteúdos e formações na área de arteterapia com foco na Astrologia. Moradora de Buenos Aires (Argentina), a língua pode até ser um problema para quem não acompanha o espanhol – como eu -, embora a proximidade entre algumas palavras facilite o entendimento.

    Além de arteterapeuta e astróloga, Claudia também é professora da Universidad de Buenos Aires (UBA) e criadora da Escuela de Arte y Astrología, onde oferece formações individuais e em grupo para diferentes pessoas. Sua proposta é compreender as particularidades de cada um, a ancestralidade e as conexões com a arte.

    “Por dez anos tenho ministrado workshops, seminários e treinamentos em expressão criativa e comunicativa através da escrita, desenho, cinema, fotografia e cerâmica.”, explica Claudia.

    “Eu acompanho e coordeno processos individuais e em grupo de arte e astrologia com diferentes técnicas e ferramentas para promover a expressão criativa e energética de cada pessoa, a partir do seu presente, do seu mapa astral, dos seus desejos, desafios e impulso ancestral de criar e se expressar.”

    Foto: Divulgação/ Instagram

    A arte pode curar

    Marilia Regalo se considera uma artista de alma, apaixonada pela decoração afetiva e reuso de materiais. Moradora de Duque de Caxias, ela, junto com o marido e duas filhas formam a “Casa da Lility”, um espaço de criação, liberdade e produção artística com propósito. “A arte me salva e me cura todos os dias! Curou minha depressão e cuida dos meus dias ansiosos!”, explica Marilia.

    Nas redes sociais, a artista compartilha seu cotidiano, a relação com as filhas, sua produção artística, dicas de arte e artesanato, uma comunidade virtual que foi se formando e a fortaleza diariamente. Lá, é possível encontrar dicas de pintura, histórias de vida, viagens muitas inspirações para decoração.

    Foto: Divulgação/ Instagram

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