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Pequeno manual de cozinha terapêutica para iniciantes
Chinh Le Duc
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Muitas pessoas se esquecem que alimentar-se não é apenas algo que nutre as necessidades físicas do corpo, mas que afaga o coração e nos traz conforto, como o bolo de cenoura da avó ou o vatapá da tia. Aquele ingrediente secreto que nossas mães colocam na comida, o tal do “amor” é também um lembrete desse carinho. Comer pode ser prazeroso, mas cozinhar pode ser terapêutico, mesmo para quem nunca fritou um ovo.

Para aproveitar os benefícios desta abordagem na cozinha, basta ter um pouco de vontade e muita disposição para aprender. Se você se considera um iniciante, e quer começar, sugerimos um passo a passo de como começar, quais os itens básicos mais importantes para ter na sua cozinha e, acima de tudo, como não se frustrar quando as coisas não forem pelo caminho que imaginava.

Para a nutricionista Liz Galvão, que atua no mercado de produtos sem lactose na Verde Campo, a cozinha terapêutica é a relação emocional que nutrimos com a comida e o preparo das refeições. “Ao cozinhar, você sabe exatamente o que está consumindo, qual foi o modo de preparo e todos os ingredientes que estão entrando em seu organismo”, explica. Mas não só isso, envolve sentimentos, expectativas e desbloqueia memórias do passado, como fazer uma receita que passou de geração em geração.

Além da economia financeira, preparar o próprio alimento em casa cria laços afetivos com a comida e estreita relações com as pessoas ao nosso redor. Fazer uma refeição com um amigo, companheiro ou familiar pode ser uma experiência ímpar para estreitar a intimidade. “A cozinha terapêutica é sobre isso: um resgate de algo essencial à humanidade, que é preparar sua própria comida, com ingredientes e produtos bem pensados”, destaca Liz Galvão. Ela acrescenta ainda que cozinhar o próprio alimento traz mais saúde, redução do estresse e da ansiedade.

Momentos de bem-estar no preparo de alimentos

A cozinha terapêutica pode ser resumida a uma profunda e importante relação com a comida, e isso começa desde antes ela chegar à nossa mesa. Por isso, é importante buscar se conectar com ela mesmo antes de ter contato. Busque, então, frequentar feiras livres, orgânicas ou agroecológicas no seu bairro, conheça os produtores locais, suas histórias, práticas de manejo e cultivo de frutas, vegetais e hortaliças.

Se conectar com o alimento nesse processo permite com que você não consuma apenas uma maça ou chuchu separadamente, mas um conjunto de alimentos que foram cultivados de forma sustentável com amor, cuidado e por famílias que sobrevivem desse cultivo. Escolher bem o alimento, sentir o seu cheiro, sabores e cozinhar com um propósito são alguns dos caminhos sugeridos.

Além disso, para tornar esse momento ainda mais terapêutico, é necessário procurar um espaço na agenda propício a isso. Assim você não faz nada com pressa e pode curtir a prática com calma e tranquilidade. Uma tarde de domingo ou um dia de folga podem ser ideais para que se possa cozinhar com o tempo necessário.

Como falamos no início, a cozinha pode ser terapêutica também para quem é iniciante, mas, para isso, precisamos ter alguns conhecimentos básicos de como cozinhar para nos sentir mais seguros. Separamos, a seguir, algumas dicas e orientações sobre como largar no ponto de partida e dar início a uma vida dinâmica na cozinha.

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Itens básicos para de cozinha começar

Estamos começando, então nossa expectativas precisam ser ajustadas. Pode ser que agora você não faça comidas extraordinárias. Mas o simples, saboroso e saudável é suficiente para ter uma alimentação balanceada e curtir o momento do preparo. Depois, é claro, você pode testar receitas mais difíceis e se aventurar em processos mais complexos. Para ter uma boa fluidez na organização das receitas, é interessante ter em casa alguns itens básicos da cozinha, como:

  • Frigideiras;
  • Conjunto de panelas;
  • Talheres, espátulas, conchas, colher de silicone;
  • Panela de pressão;
  • Faqueiro;
  • Tábua;
  • Abridor de latas e garrafas;
  • Ralador;
  • Escorredor de macarrão;
  • Peneira;
  • Pegador de macarrão e saladas;
  • Chaleira.

Alimentos básicos para refeições balanceadas e saborosas

Você pode começar com os alimentos “coringas”, que são fáceis de cozinhar, práticos, versáteis e podem ter diferentes combinações. Isso vai diminuir seu medo de cometer erros e oferecer mais segurança. Dificilmente um alimento desses vai ser difícil de preparar e, na falta de um item, ele pode ser combinado com outras opções.

Conheça alguns alimentos “coringas” para ter sempre à mão na cozinha:

  • Vegetais congelados (você pode comprá-los, cozinhá-los e congelá-los);
  • Aveia;
  • Ovo;
  • Macarrão;
  • Arroz;
  • Feijão;
  • Molho de tomate;
  • Cebola, alho, coentro e outros temperos;
  • Pão.

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Cozinhar é um processo que leva tempo, aprendizagem, valores familiares e tradições culinárias típicas da região onde cada um nasce. É claro que o conhecimento pode ser sempre expandido e novos ingredientes e receitas passam a fazer parte do repertório alimentar. Por isso, no livro O que cozinhar & como cozinhar: Com o melhor da feira e do mercado (Melhoramentos)*, a autora Jane Hornby explica como combinar sabor e praticidade nas refeições. Além de explicações e fotos, há um passo a passo que acompanha todas as receitas, que priorizam alimentos frescos e naturais.

Apresenta ainda um planejamento de cardápios, que facilita muito a vida, com opções de refeições diárias e especiais, como jantar romântico a dois e jantares para convidados. Mas não é preciso ir só nos livros, há canais no YouTube, como o Panelinha e outros famosos, como o Simples Assim por Patricia Santos, Paola Carosella e Comidinhas do Chef. Há ainda blogs e sites, cito o Papacapim (com foco em alimentação vegana) e o Comida Saudável pra Todos, com receitas populares e naturais.

Como lidar com a frustração aos primeiros erros

Tudo bem que a comida não saiu como você gostaria. Vai saber, talvez o fermento não funcionou no bolo ou não acertamos tão bem no tempero da lasanha. Mas o que a cozinha terapêutica nos mostra é que o processo é bem mais importante do que o resultado, afinal, feito é melhor que perfeito. A frustração é aquele sentimento que nos acomete quando não conseguimos realizar um desejo, vontade ou alguma necessidade. Neste caso, quando a gente não “bateu o ponto” da comida.

Mas calma, os princípios da cozinha terapêutica já nos blindam de uma frustração que possa surgir aqui ou ali. “É uma forma de realmente usar a atividade como um momento de cura, focando no presente e esquecendo um pouco os problemas do dia a dia”, explica Liz Galvão. A nutricionista brinca, ainda, que a união do amor com o sabor é a chave para que a receita saia como o esperado.

Surfar na onda e no prazer de aprender algo novo é também se respeitar, mesmo que cozinhar seja, às vezes, estressante ou cansativo. “Lidar e superar frustrações, para mim, é como lapidar pedras. Quanto maio a frustração, mais trabalho dá, maior o peso, maior a dor. Por outro lado, quando a superamos, mais belo e importante para a nossa vida será o resultado do nosso esforço”, explica Adriana Fóz no livro Frustração* (Benvirá).

Que tal, agora, focar menos em “como a comida vai ficar?” e direcionar seus pensamentos para “preciso cozinhar com afeto, amor e propósito, mesmo que não saia como planejei“.

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