Os supermercados brasileiros e lojas especializadas em hortifrúti estão recheados de frutas e legumes limpinhos, das mesmas cores, com as mesmas características e sabores. O que muita gente não vê é que esse padrão tem um custo alto para a natureza.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o Brasil perde 27 milhões de toneladas de alimentos por ano e, embora haja inúmeros fatores que contribuem para esse dado, um deles é o descarte de produtos que não estão com uma aparência tão atrativa ou com formatos diferentes do comum.
A cenoura mais conhecida, por exemplo, é a de tonalidade laranja e até então é a única variedade disponível no mercado. Para nossa surpresa, há inúmeras outras variedades com as mais diferentes cores: brancas, amarelas, roxas, vermelhas e até pretas. E isso não acontece só com a cenoura, há uma quantidade incrível de espécies que deixamos de consumir porque simplesmente abandonamos o cultivo por não ser popular.
A necessidade de produção em escala industrial, a uniformização dos produtos e os interesses do mercado alimentício de certa forma padronizaram os alimentos que chegam até à nossa mesa. No entanto, queremos te convidar a conhecer frutas e vegetais diferentes que nem sempre chegam à casa de todo mundo, além de apresentarmos opções de onde obtê-los.
Será que você já conhecia os itens dessa lista? Comente abaixo outras variedades que você já experimentou para que mais pessoas as conheçam!
Siriguela
Não há um consenso sobre a escrita do seu nome, há quem chame de seriguela, outros de siriguela ou ainda ciriguela. Mas isso não importa aqui, o fato é que a fruta, originária da Caatinga brasileira, possui um gosto maravilhoso e pode ser consumida de diferentes formas.
Sua coloração é alaranjada quando está madura e é mais facilmente encontrada nos estados do Nordeste do Brasil, onde há um clima favorável ao cultivo da planta. Ainda assim, ela não é produzida em escala industrial, mas é utilizada em sucos, sorvetes e doces, pelo seu sabor adocicado, além de ser rica em vitaminas e minerais.
Maracujá da Caatinga
O Maracujá da Caatinga, mais conhecido pelo nome “maracujá do mato”, é uma fruta proveniente do sertão nordestino e resistente à seca e a pragas que atingem outras espécies de maracujás. Diferente do que encontramos no supermercado, o maracujá do mato possui uma polpa branca e muitas sementes, além de um gosto mais adocicado e acidez acentuada.
Banana Vermelha
Originária do Caribe, a banana vermelha é valorizada em muitos lugares do mundo por ter um sabor bastante adocicado e propriedades alimentares importantes, como vitamina C e betacaroteno. Sua árvore pode chegar até três metros de altura e a produção está concentrada em regiões da África, América do Sul e Ásia.
Uma curiosidade sobre a banana vermelha é o fato dela ser considerada uma das frutas mais antigas do mundo já registrada pelos pesquisadores.
Maxixe
O maxixe é um fruto comestível presente em regiões de clima quente, possui uma casca verde, formato oval e espinhos moles que protegem o alimento. O seu consumo é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, podendo ser utilizado para o preparo de ensopados, moquecas e cozidos, além disso, suas folhas também podem ser consumidas.
Berinjela branca
A berinjela é um fruto muito utilizado no Brasil para o preparo de receitas com as mais diferentes técnicas. Embora seja original da Ásia, especificamente Índia e Paquistão, a planta se disseminou pelo mundo e diversos países cultivam e comercializam as berinjelas.
Uma de suas variedades é a branca, menos comum nos mercados, mas com igual sabor e textura. Ela tem uma aparência oval e pode variar de tamanho, sendo consumida assada, no forno, com molho ou no preparo de antepasto.
Juá
O Juá é uma fruta amarela e redonda, além de muito pequena e com um gosto ácido acentuado. A planta, o Juazeiro, pode ser encontrada em regiões do Nordeste, especialmente no semiárido, e seu fruto é utilizado para práticas medicinais, alimentação humana e animal, podendo também servir de matéria-prima para a produção de cosméticos.
Fava
Talvez a fava seja um alimentos mais comum do que os outros apresentados anteriormente. Semelhante ao feijão, as favas foram trazidas do Oriente Médio para a América e hoje é consumida globalmente, embora tenha um valor mais elevado em relação aos seus semelhantes.
Há várias espécies presentes no Brasil e podem ser consumidas como guisado, cozida, em saladas ou com outros ingredientes, como charque e costela de boi.
Couve-romanesco
A couve-romanesco é originaria da Itália e é geralmente servida cru ou refogada em saladas, omeletes, risotos e molhos. Sua cor é verde-claro, com um sabor suave e crocante, além de possuir um formato diferente do convencional. A couve-romanesco é rica em vitaminas, fibras alimentares, ferro, cálcio e antioxidantes.
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Onde encontrá-los
1. Feiras agroecológicas
As feiras agroecológicas são espaços ideais para encontrar alimentos fora do padrão, sem o uso de agrotóxicos e oferecendo uma quantidade interessante de diversidade de alimentos. Há muitas feiras que acontecem em bairros ou associações comunitárias, como o Armazém do Campo do MST.
2. Mercados municipais
Os mercados municipais são opções mais acessíveis e presentes em muitas cidades. Geralmente, agricultores familiares costumam ter um outro olhar para o alimento e é mais fácil poder encontrar frutas, legumes e vegetais em maior diversidade.
3. Feiras de bairro
As feiras de bairro são ótimas opções porque não são tão longe das nossas casas e oferecem alimentos semelhantes àqueles dos mercados municipais e das feiras agroecológicas. Se o seu tempo é curto, talvez seja uma alternativa interessante para sair da lógica do supermercado.
4. Banco de sementes
Os bancos de sementes surgem como uma necessidade de preservação da memória e cultura alimentar de um povo. Eles armazenas sementes, de modo a evitar que certos alimentos desapareçam, assim, no caso de uma cultura ser destruída em todos os outros lugares, ainda existirão sementes dela para plantio.
5. Fazendas e organizações que promovem a diversidade alimentar
Há ainda fazendas e organizações que trabalham especificamente com o plantio e comercialização de alimentos que não estão presentes no mercado. Buscar essas iniciativas é uma opção interessante para conhecer variedades alimentares, além de frutas e vegetais que não são tão comuns.
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