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De olho nos cosméticos: veja dicas para comprar produtos saudáveis
Por muito tempo, o cuidado com a beleza não levou em conta se as formulações dos produtos também eram boas para a saúde (Foto: Diana Akhmetianova/Unsplash)
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No Antigo Egito, o ideal de beleza era a juven­tude. Quem podia, fazia de tudo para mantê­-la, com cosméticos, banhos e outras práticas.

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Ao longo da história, o desejo de retardar as marcas do tempo pouco ou nada mudou. Mas, se Cleópatra não sabia que o chumbo dos pig­mentos pretos de sua maquiagem trazia ris­cos à saúde e ao meio ambiente, hoje cada vez mais pessoas – e me incluo nesse grupo – es­tão atentas aos ingredientes dos produtos cosméticos que aplicam na pele.

Perceberam que o belo e o bom ficam melhores de mãos dadas. “É preci­so entender que a pele, apesar de ser uma bar­reira semipermeável, é um órgão que absorve, em maior ou menor grau, as substâncias que entram em contato com ela”, explica a derma­tologista Patricia Silveira.

Assim, mesmo um creme hidratante com efeito incrível pode conter substâncias prejudiciais que também serão absorvidas pela via dérmica.

Os ingredientes que devemos evitar

A lista é grande. “Na classe dos conservantes, devemos evitar os parabenos, triclosan, DHT e DHA e metilisotiasonolinona, que agem como disruptores hormonais”, diz Patricia.

Estudos científicos associam essas substân­cias a doenças neurodegenerativas e até a alguns tipos de câncer. Ela conta que mesmo em cosméticos enxaguáveis (como xampu, condicionador e sabonetes), que ficam pou­co tempo em contato com a pele, esses ingre­dientes podem causar irritação no couro ca­beludo e nas costas, queda de cabelo, caspa, alergias e aumento da oleosidade dos fios.

“E tem a questão de serem muito poluentes na natureza”, complementa. Curioso pensar que produtos feitos para o autocuidado podem, na verdade, trazer o oposto disso.

Também é bom dispensar fragrâncias sinté­ticas e promessas de fixação por mais tempo (em perfumes, rímel e batom, por exemplo).

Em geral, são sinal da presença de ftalatos, relacionados a câncer de mama, desregula­ção hormonal, redução da fertilidade mas­culina, além de problemas reprodutivos em animais silvestres.

Nos rótulos, eles apare­cem com outros nomes: phthalates, DBP, DMP, DEP, butila, benzila, dibutila, entre outros.

Atenção aos ingredientes da maquiagem

Na maquiagem, é importante evitar os metais pesados, pois eles têm efeitos tóxicos que se acumulam no nosso corpo.

“O batom, por exemplo, a gente acaba ‘comendo’ ao longo do dia, e pode conter mercúrio, chumbo e cádmio”, alerta a dermatologista, exempli­ficando substâncias danosas.

Já em deso­dorantes, um dos problemas é o alumínio, usado para bloquear a transpiração. “Além da questão da exposição em si, é preciso lembrar que suar é uma via importante de liberação de toxinas.”

“Com um produto mais natural, você vai suar, mas com redu­ção de odor”, pondera Vanessa Ottoboni, dermatologista especialista em tratamento de pele integrativo e natural.

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Fique de olho nos rótulos dos cosméticos

cosméticos Cuidar daquilo que aplicamos em nossa pele e a forma como fazemos isso são, também, processos de valorizar quem somos (Foto:: Sixteen Miles Out/Unsplash)

E há ainda outras substâncias, como petro­latos, formaldeídos, lauril sulfato de sódio etc. Tantos nomes difíceis que nunca nos foram apresentados… Como nos livrar de tudo isso?, você se pergunta.

Até poucos anos atrás, era preciso pesquisar cada um dos nomes esquisitos no rótulo de um pro­duto. Foi um pouco o caminho que trilhei desde que comecei a questionar a qualida­de (em termos de saúde pessoal e planetá­ria) dos cosméticos que uso.

Com a prática, foi ficando mais fácil saber quais não levar para casa. Difícil era encontrar opções mais naturais e acessíveis.

Foi então que comecei a produzir em casa meu desodorante à base de leite de magnésio e óleos essenciais, sa­bonetes, xampu, condicionador, sérum fa­cial e óleo pós-banho.

Plataformas ajudam a ler rótulos

Hoje continua fundamental ler os rótu­los, mas a busca ficou mais fácil. Já existem plataformas estrangeiras (como o banco de dados da ONG EWG) e até a brasileira Limpp.com.vc, em que você insere um in­grediente e descobre se ele oferece riscos.

Além disso, esse mercado mudou bas­tante nos últimos cinco anos. Diversas em­presas tradicionais lançaram linhas mais limpas e houve uma explosão de marcas que já nasceram naturais, veganas ou orgâ­nicas.

“A questão agora é não se confundir com essas classificações. Um cosmético ve­gano, embora livre de produtos de origem animal e isento de pesquisas com animais, pode conter matérias-primas sintéticas e ingredientes tóxicos”, observa Vanessa.

“O mais seguro hoje são os produtos orgâni­cos, com selo de certificadoras que atestam a qualidade das matérias-primas.”

E os cosméticos naturais?

Em relação aos naturais e artesanais, as duas dermatologistas pedem atenção es­pecial. “Um cosmético natural não certifi­cado pode conter óleo vegetal ou essencial batizado, de má qualidade.”

“Os artesanais são ilegais no Brasil, mas existem marcas pequenas fazendo bons produtos. Por segu­rança, indico mais a parte de saboaria. Filtro solar artesanal, nem pensar”, avisa Patricia.

Nessa história toda, algumas provoca­ções podem ser transformadoras. De quais produtos realmente pre-ci-sa-mos no dia a dia? O que é moda e o que é autocuidado?

Como desconstruir padrões de beleza em nome da liberdade e do empoderamento de ser quem somos de verdade, de expres­sar o belo que já mora dentro de nós?

“Com tanta oferta de produtos ecológicos, tem gente que só substitui as marcas sem questionar se compra porque precisa ou porque virou tendência de mercado”, refle­te Marcela Rodrigues, criadora da platafor­ma A Naturalíssima e professora do curso Jornada da Beleza Consciente.

Autocuidado vai além do produto cosmético

Para ela, a grande virada está em ter mais rituais e me­nos apego a produtos. “Quando nos damos momentos de atenção plena, com uma au­tomassagem, uma música, essa experiência tira o protagonismo dos produtos e foca na beleza do autocuidado, do bem-estar que vem do simples”, pontua.

Nesse processo, quem sabe, não fazemos as pazes com a nossa imagem, entendendo que beleza está para além do puramente estético?

“Um banho em casa, uma medita­ção, um chá, tudo isso é cuidar da beleza”, finaliza, ressaltando que nenhum produto é indispensável.

Que o belo, tão desejado das civilizações passadas às atuais, possa ser uma expressão de toda a nossa potência.

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GIULIANA CAPELLO é jornalista e ecofeminista. Tem descoberto um universo de aromas e autocuidado a partir das formulações cosméticas que cria.


Conteúdo publicado originalmente na Edição 237 da Vida Simples

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