Como lidar com as finanças em tempos difíceis
A pandemia também afetou de maneira profunda o bolso de muita gente. Entenda como voltar ao equilíbrio e retomar as rédeas da vida financeira, mesmo numa fase instável
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A pandemia também afetou de maneira profunda o bolso de muita gente. Entenda como voltar ao equilíbrio e retomar as rédeas da vida financeira, mesmo numa fase instável
Dia primeiro de janeiro de 2020. Eu estava animada para aquele que – eu tinha certeza – seria o melhor ano da minha vida. Havia passado o semestre anterior me programando para, finalmente, fazer o curso de Cinema que tanto queria. Larguei alguns trabalhos que não me faziam mais feliz, fiz um pequeno pé de meia para uma ou outra emergência. Havia conseguido fazer algo, até então, inédito: um planejamento anual. Estava orgulhosa de mim mesma e com a certeza de que seria maravilhoso me dedicar apenas ao que queria.
Aí, veio a pandemia. O curso de Cinema foi adiado. Os clientes que mantive precisaram enxugar os custos e encerrar o contrato comigo. O pé de meia durou alguns poucos meses. E, na metade do ano, minhas finanças estavam completamente bagunçadas. Junto com a Covid vieram a instabilidade emocional e financeira.
O exemplo acima não é algo isolado. Muito pelo contrário. A pandemia fez boa parte da população brasileira perceber que sua renda não era suficiente para cobrir seu custo de vida. Além de ter gerado dívidas e postergado planos e realizações. Uma pesquisa para saber como temos lidado com as finanças neste período, realizada pelo Instituto Axxus, revelou que 76% dos entrevistados não estão administrando bem suas contas. E 86% tiveram as finanças muito prejudicadas nos meses de isolamento social.
A ideia desta reportagem é apontar caminhos – acredite, muitos deles também dependem de nós – para ter uma vida mais equilibrada e poder, desta forma, resgatar sonhos, planos e tranquilidade.
Encarar o problema
“Não adianta fingir que está tudo bem. Temos que vencer o incômodo tabu que gira em torno desse tema. Fingir só piora a situação”, a frase é de Rogério de Lorenzo Leal, gerente de Comunicação e Marketing do Sicredi, e mostra a importância de encararmos nossos problemas de frente. Ele insiste que devemos falar sobre dinheiro, sobre a situação financeira e sobre as dificuldades em torno do assunto. A saber, o Sicredi não é um banco qualquer, mas uma cooperativa. Nele, o correntista é um associado da instituição. O Sicredi tem hoje cinco milhões de associados no país e os resultados positivos dessa cooperativa retornam ao cooperado através da distribuição de lucros.
É natural passarmos por situações difíceis. Todo mundo, em algum momento, já vivenciou isso. A questão é que neste último ano, por conta da pandemia, a economia também foi bastante afetada – e isso se refletiu na realidade e na conta corrente de muita gente. Só que a mesma crise, que colocou tantos no vermelho, também inspirou o brasileiro a pensar mais no futuro, a buscar educação financeira e a programar a aposentadoria. “Muitas pessoas precisaram buscar alternativas. A pandemia fez isso. Foi de maneira brutal, mas foi um momento de conscientização. A melhor hora de falar sobre uma dor é enquanto ela ainda está doendo”, acredita Leal.
Mas, como resolver?
Depois que você olha de frente para o problema, a tendência é que as soluções comecem a surgir. Rogério diz que a primeira coisa a se fazer é colocar seu orçamento na ponta do lápis. “Organização é essencial para termos uma vida financeira saudável. Você pode começar com a lista de gastos”, ensina. Feito isso, é hora de passar a tesoura e cortar os gastos. “Estamos em um período instável e de recessão. Então, toda economia é bem-vinda”.
Mas, claro, as vezes cortamos tudo que podíamos e, mesmo assim, a conta ainda não fecha. Nesse caso, o caminho é renegociar. Muitos credores flexibilizaram as formas de pagamento e até reduziram os juros. Por isso, antes de atrasar uma conta, tente renegociar.
O próximo passo é definir um valor máximo para os custos que ficaram, ou seja, colocar um limite para os gastos. Por fim, é importante ter sempre um pé de meia, uma quantia que seja sua zona de segurança para momentos de fragilidade da vida. “Comece direcionando o valor dos gastos que você cortou para essa reserva”, sugere Rogério.
Assumir o controle da sua vida financeira não é apenas observar os erros do passado. Tampouco é ter todos os gastos colocados em uma planilha. “Ter controle é saber direcionar o seu dinheiro para o local correto”, comenta Rogério. E é dessa forma, colocando tudo no lugar certo, que conseguimos superar as fases mais difíceis da nossa jornada e seguir em frente, com equilíbrio e leveza sempre.
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