Pare de pensar em ferramentas, na tecnologia o que mais importa é o afeto
Transformação digital é sobre pessoas que encontraram sentido em mergulharem num novo mundo para continuarem criando conexões e afetos
Transformação digital é sobre pessoas que encontraram sentido em mergulharem num novo mundo para continuarem criando conexões e afetos
Minha mãe nunca tinha feito uma videoconferência até um mês atrás. Agora, parece que participou de lives e festas de aniversário virtuais a vida toda. O que fez com que a avó da minha filha, que demorou a ingressar em aplicativos de troca de mensagens, rapidamente se adaptasse a essa nova realidade? Apenas a obrigação e a necessidade? Não, o afeto.
Transformação digital é sobre isso. Não é um programa da empresa para adoção de novas tecnologias, não é a substituição de pessoas por máquinas. Nem a simples transferência de tudo que a gente faz no meio físico para o meio digital. É sobre pessoas. Gente que descobre a necessidade de ser fluente numa nova língua. Pense, qual é seu objetivo ao aprender uma nova língua? Não é apenas saber falar. Sua necessidade é alcançar o outro, se fazer entender e afetar, na maior intensidade que carrega essa palavra.
Fluência digital
Ser digitalmente fluente é conseguir navegar. Fazer fluir mensagens, nutrir relações e afetar. Criar resultado e impacto através de novos mecanismos e processos. Não pode ser um simples traduzir de uma língua pra outra. Nunca é. É compreender profundamente essa nova língua, a ponto de criar sua comunicação a partir dela. Um dos maiores erros no processo de aprender um idioma é pensar na língua materna e depois traduzir para a outra. Quando você pensa naturalmente nessa nova língua, sem conversões, pode se dizer fluente digital.
Para alcançar fluência é preciso se alfabetizar. Começar pelos elementos mais básicos. Vogais, consoantes, palavras e frases. Até chegar nas formas mais complexas de expressão da linguagem, como a poesia e o diálogo. O que levou minha filha, e todas as crianças do mundo, a aprender o idioma materno, não foi uma necessidade mecânica de se expressar. Foi a necessidade de conexão, de devolver afeto. O que fez minha mãe aprender novas ferramentas, não foi a simples imposição da pandemia para usá-las, foi um desejo mais profundo de continuar afetando, de novas formas, nossas vidas.
Transformação Digital é sobre pessoas que encontraram sentido em mergulharem num novo mundo para continuarem criando conexões e afetos, sem pensar em traduções, apenas se entregando às novas possibilidades e maneiras. Isso vale para empresas? Também.
Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, aos sábados.
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