Olhando lá longe, poderemos ver nossos vizinhos no universo?
Estamos sós? Vizinhos estelares podem trazer novos olhares para velhos problemas e dar à humanidade uma noção mais clara de sua dimensão.
Já parou para pensar no que você vê quando olha o céu em uma noite estrelada? Não pense que o que está lá no céu é o presente. Quando você olha o céu, vê o passado. Um passado muito distante. Tão distante que se fosse possível chegar até aquela estrela brilhante em uma fração de segundo, ela poderia nem estar mais lá. E agora?
A reflexão que introduz esta coluna é um tanto perturbadora. Mas é igualmente verdadeira. E é simples de entender o que explica ser o passado aquilo que você vê quando olha o céu: todas essas estrelas, mesmo as mais brilhantes e que até parecem mais próximas, estão a uma enorme distância do nosso planeta. Por isso, a luz que cria as imagens dessas estrelas no céu leva um tempo enorme para chegar até os seus olhos na noite estrelada.
Aqui, estar muito longe significa muito longe mesmo! E levar muito tempo também significa muito tempo mesmo, tipo milhões de anos. Portanto, da próxima vez que você olhar o céu estrelado, lembre-se de que a luz que forma a imagem que você vê hoje pode ter levado milhões de anos até chegar aos seus olhos. Tanto tempo que os objetos, astros e estrelas que geraram essas imagens podem nem existir mais.
O que vemos aqui na Terra é apenas a imagem gerada por eles quando ainda existiam e que seguem viajando por este universo sem fim.
Mas, para que toda essa informação?
Olhando por cima do muro
Toda essa informação serve para nos dar uma noção da magnitude do universo e do nosso minúsculo tamanho dentro de tanta magnitude.
Nessa hora, é inevitável perguntar: será que estamos sós? Será que somos só nós? Não existiria mais ninguém por aí?
Mesmo que não fosse alguém com pernas, braços e cabeça. Poderia até ser alguma coisa que, talvez, a gente pudesse considerar como um parente distante.
Nesse momento, dá uma vontade enorme de gritar bem alto: “ei, tem alguém por aí?”.
É bom notar que temos tentado muito descobrir se há alguém por aí. Como comentei na última coluna, há um novo telescópio lançado em dezembro último sendo ajustado para observar os limites do universo. Um outro, lançado há pouco mais de um ano, começa a enviar as primeiras imagens com um olhar distante, só possível de ser feito lá do espaço.
Essas estratégias são mais ou menos como olhar por cima do muro para ver se a gente descobre quais frutas estão plantadas no quintal do vizinho e se elas já estão maduras.
O que tem do outro lado?
Esta é a grande questão! Às vezes, surgem alguns eventos inexplicáveis nos céus do planeta, que no passado foram considerados ou uma ameaça à humanidade ou um desafio às nações. Tanto que, em uma época em que a comunicação acontecia mais com som do que com imagem, ficou famosa a transmissão radiofônica feita pelo então jovem talento Orson Welles.
Em 30 de outubro de 1938, sua narrativa em radionovela chamada “A guerra dos mundos” pode ter causado um certo pânico na audiência por ser entendida como uma notícia da invasão do planeta por alienígenas. Antes tivesse sido isso, mas, infelizmente, não foi. Se tivesse sido, muitas coisas poderiam ser melhores do que são. E a gente vai voltar a falar disso para estar preparado quando alguém ou algo chegar por aqui.
Aí, vieram os OVNIs, que eu conheci com o nome de disco-voador. Episódios que, no passado, foram considerados segredos militares, hoje são divulgados com imagens, depoimentos e detalhes para o conhecimento de todos.
Mais recentemente, em outubro de 2017, trafegou pelos céus do planeta um objeto com uma órbita muito incomum. Primeiro considerado um cometa, depois um asteroide, acabou sendo definido como um “Oumuamua”, palavra havaiana que significa “um mensageiro de longe que chega primeiro”. E a internet está cheia de referências sobre esse “mensageiro”.
E por que todos esses detalhes sobre objetos no espaço?
Ô de casa!
Simplesmente porque quanto mais olhamos bem longe por cima do muro, mais se avoluma a ideia de que nós não estamos sós. E mais se consolida a noção de que será mesmo melhor se pudermos contar com outras formas de vida.
Uma nova presença trará novos olhares para velhos problemas e dará à humanidade, hoje formada pelo Homo Sapiens – o homem que sabe –, uma noção mais clara de sua real dimensão e do quanto ele sabe de fato.
VEJA TAMBÉM: Homo Sapiens – este projeto está dando certo?
Se os vizinhos interestelares souberem mais, podem bem nos ajudar a resolver alguns problemas que nos afligem há séculos. E se eles souberem menos, nos é que teremos de encontrar formas de ajudá-los a alcançar um estágio evolutivo melhor.
Antes de levá-los a essa inusitada evolução em direção ao nosso sapiens, vamos ter uma oportunidade única de rever nossos modelos sociais, nossas práticas econômicas, nosso comportamento individual e em grupos, o que ensinamos e o que aprendemos.
A oportunidade de participar dessa ocasião tão especial me parece muito atraente. Por isso, se lá do céu vier a mensagem “ô de casa!”, estou pronto para responder: “pode entrar, a porta está aberta!”.
FÁBIO GANDOUR é formado em medicina e dedicou-se à pesquisa científica. No momento, acha-se pronto para o encontro com novas formas de vida vindas de outros pontos do universo. E, por isso, decidiu dividir esta prontidão com vocês.
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