A ciência da felicidade
O que significa ter uma vida feliz e significativa, especialmente neste mundo contemporâneo que vivemos, complexo, intolerante, dividido, hiperconectado?
Em Betanny Road, “in the middle of nowhere” (“no meio do nada”, em tradução livre), como me disse o motorista do Uber que me levou do aeroporto de San Jose, na Califórnia, existe um centro de conferências focado essencialmente em temas humanos chamado 1440 Multiversity. Descobri depois que 1440 é a quantidade de minutos que todos dispomos durante 24 horas do dia. É um lugar mágico, rodeado por uma floresta de sequoias, as famosas árvores gigantescas que só crescem na Califórnia e cuja história remonta a centenas de anos. A grande árvore-mãe, segundo consta, possui 1200 anos. Este foi o destino anual dos retiros que faço todos anos, sozinha.
Foram 3 dias de conferência explorando questões como: o que significa hoje ter uma vida feliz e significativa, especialmente neste mundo contemporâneo que vivemos, complexo, intolerante, dividido, hiperconectado. Palestras, workshops e muitas e muitas conversas iluminadas com gente de vários lugares e países, mas majoritamente americanos.
Esta conferência foi organizada pelo The Greater Good Science Center, um centro de estudos da felicidade, criado há 5 anos, dentro do departamento de psicologia da Universidade de Berkeley, uma das mais importantes do mundo. Eu conheci este centro há cerca de 3 anos e desde então acompanho regularmente sua produção de conteúdo, programas online e podcasts sobre estes temas todos com fundamentos científicos, pesquisas, estudos, sabedoria milenares.
A conferência sobre a felicidade trouxe a discussão de temas como o desenvolvimento da consciência, empatia, compaixão, práticas de bem-estar e bons relacionamentos, mindfulness, sofrimento, resiliência, alegria, encantamento, lidar com estresse e prevenir burnout, propósito, emoções positivas, reconexão consigo mesmo, feitos por especialistas, psicólogos, cientistas sociais, best-sellers, monges, entre outros.
Acompanhados de muitas pesquisas e gráficos, insights, discussões e compartilhamento entre pares, também tivemos refeições equilibradas, aulas de yoga, práticas de meditação e caminhadas pela mágica floresta, que fizeram deste um dos melhores retiros que fiz na vida. Os participantes eram terapeutas, professores, coachs de vida, e gente comum como eu, simplesmente interessada em encontrar este tal caminho para a felicidade. Homens e mulheres de todas as idades.
Há anos sou envolvida com temas de desenvolvimento pessoal. Sempre cuidei de meu trabalho e minha carreira, sabendo que isso era parte da minha vida. Uma outra parte, tão ou mais importante que esta, é meu desenvolvimento como ser humano, enquanto um indivíduo que quer encontrar seu sentido no mundo e precisa lidar (e sobreviver!) aos seus próprios fantasmas, às angústias, às fraquezas, às dúvidas, às vulnerabilidades da existência. Certa que nunca encontrarei um ser ideal, continuo na busca do aprimoramento, levando aquilo que aprendi para dentro de minhas relações com a família, os amigos, os colegas de trabalho e com o mundo.
Fico tão feliz e esperançosa em ver que cada vez mais voltamos a pensar no humanismo, aliado a mais interesse pela espiritualidade, pelo que está além de nossa compreensão, pelo mistério e mágica da vida, que culmina com mais compaixão, antes de mais nada, por nós mesmos e que ajuda a olhar o outro com outros olhos. Se não formos para este caminho do humanismo que nos une, o planeta continua a existir, pois ele tem sua própria força e inteligência, mas nós humanos? Ah, somos tão frágeis, que mal sabemos o que pode nos esperar. Não sabemos viver sozinhos…
Quando penso nas sincronicidades da vida que me fizeram chegar até aqui culminando com a compra da marca Vida Simples – que trata exatamente destes temas, você sabe bem – penso que nada é mesmo por acaso e precisamos sim prestar atenção aos sinais que estão além de nossa compreensão. Talvez a missão da Vida Simples seja mesmo ampliar a voz do humanismo, junto de tantas outras pessoas e instituições preocupadas com este tema, nas suas comunidades e empresas espalhadas pelo nosso país. Gente do bem, preocupadas com um mundo melhor, mais tolerante, mais amoroso, mais desenvolvido ética e socialmente. Sabemos que ainda temos muitos e muitos anos para criar esta consciência, mas precisamos dar os primeiros passos nesta direção.
Junto com a melhoria da educação, soma-se o desenvolvimento das emoções, que permite que aprendamos sobre compaixão , o que de verdade, será nossa cura e salvação do mundo.
Aqui, compartilho alguns destaques do que foi abordado e também algumas reflexões:
- Fim da era “homos economicus”, do materialismo. Volta do humanismo.
- Nosso desenvolvimento precisa estar acompanhado do desenvolvimento de nossa mente e de nossa consciência;
- Algumas das palavras que mais foram usadas no congresso: encantamento, empatia, compaixão, perdão, gratidão, conexões pessoais, felicidade, mindfulness
- Todos os seres humanos nascem fundamentalmente bons;
- As pessoas muitas vezes tem a impressão que ser gentil é sinal de fraqueza…
- Pesquisas baseadas na plasticidade do cérebro, provam que podemos aprender compaixão, felicidade e outros temas, tanto quanto aprendemos um instrumento musical;
- Deve haver música na vida…. apesar de tudo;
- Quem você é de verdade, independente da idade, do seu corpo, de sua história? Ninguém nunca viveu a sua vida, viva-a da melhor forma, crie novos rumos, uma nova história para si;
- Mais conexão, mais olhos nos olhos, mais intenção ao ouvir o outro;
- O sofrimento faz parte da nossa existência. Todos em algum momento, sofremos;
- Busca de mais equilíbrio entre nosso masculino e feminino (yin e yang)
- Empatia: sentir a dor do outro. Compaixão: sentir a dor do outro e de alguma forma, trazer felicidade;
- O mundo impacta você e você impacta o mundo.
- As emoções são como ondas…vão e vem.
- As pessoas mais importantes do nosso circulo são as que tivemos um a ligação mais positiva de lealdade, confiança, comprometimento.
- Nos aproximar dos diferentes nos humaniza…
- Está provado cientificamente que pensar sobre emoções, externalizá-las e internalizá-las, aceitando-as e fazendo algo para melhorar, reduz o estresse.
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