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A arte de administrar as saudades
Charlein Gracia | Unsplash
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Neste artigo:

Não idealizo saudades, mas vivo as minhas sem restrições. Para ser sincera, elas habitam meu coração, tipo um alicerce para o agora.

Quando o presente pesa, é à elas que recorro para seguir em frente. Companheiras que me conectam às vivências, às pessoas, às escolhas. Pontes que me possibilitaram caminhos.

Lista de saudades

Sinto saudade de desembaraçar os cachinhos loiros da Luisa. Caçula da casa, hoje uma menina de intensa sensibilidade e força, talvez representada pelo cabelo longo e lindamente cacheado. “Perucão”, dizem alguns. E lá se vão 20 anos.

Saudade dos cafunés da vó Norma, que com mãozinhas delicadas, dava um carinho sem tradução. Saudade do tempo do colégio, quando eu sonhava em me tornar adulta sem avaliar que a maturidade traria uma pasta de boletos. Mas, não seguirei a lista, minha vida é composta de vários bloquinhos com anotações imaginárias que somente para mim têm importância.

Minhas saudades são pequenas doses de um elixir a ser sorvido gole a gole num imaginário e pequeno copo de cachaça.

Algumas delas arranham a garganta sem dó. Dão nó. Por vezes, roubam lágrimas. Tipo aquela presença constante na porta do coração com plaquinha pendurada que avisa: “próximos encontros somente em pensamento”. São as saudades sem possibilidade de um abraço apertado e conversas futuras. Por exemplo, a saudade do meu pai.

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Oficina de sentimentos

Eu sei, você sabe, todo mundo sabe, o tempo não volta e reviver experiências pode ser altamente nocivo. Nostalgias e saudosismos são obstáculos ao presente, se não ficar atento você enterra os dois pés numa areia movediça.

Sou administradora das minhas próprias saudades e, nessa oficina de sentimentos presentes e passados, gosto de observar os trajetos percorridos.

Por vezes, é necessário o uso de um alicate, ajustar uma saudade aqui, soltar outra ali, martelar dentro da gente plaquinhas com os recados necessários, recebê-las de peito aberto e se jogar num abraço gostoso!

Beijos meus!

P.S.: Sabemos que “saudade” é palavra singular. Por ser abstrata, não é enumerável. Ninguém conta “uma, duas, dez saudades”, mas, dentro de mim, elas são muitas, por isso as trago no plural. Licença poética!

PARA CONTINUAR COM A LU: Quando o corpo pede aquela pausa

Leia todos os textos da coluna de Lu Gastal em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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