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Viagem com escrita terapêutica: um convite para a vida fluir
Divulgação/Pousada Monte Crista
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Felipe me entregou um pedaço de papel na hora do jantar. Nele havia um texto escrito à mão. Notei que se tratava de um exercício que eu havia proposto naquela tarde, na minha oficina de escrita. Ele não tinha participado. Pelo menos, não integralmente. A oficina fazia parte de uma série de vivências terapêuticas e de autoconhecimento ofertadas durante um retiro de Ano Novo. Empolgado com a abundância de atividades, Felipe — surfista extrovertido, mas pessoa cuidadosa ao se revelar — escolheu ficar até a metade da aula, deixar a esposa e a filha adolescente sob minha batuta e, então, seguir para uma vivência aquática no rio que margeia a pousada. Tenho certeza de que se divertiu na água, mas deixou seu coração conosco. Senão, não teria arrancado a folha de um caderno qualquer e escrito um texto tal qual um aluno que permanece até o final. Nele revelava, mesmo tendo cabulado parte da oficina de escrita, o quanto havia se inspirado a amar as palavras.

Semanas mais tarde, ao abrir meu aplicativo de mensagens, recebi um texto de alguém de fora da minha lista de contatos. Assinava como Daniel e descrevia sobre como foi desafiador crescer numa pequena cidade tendo feito escolhas consideradas, para alguns, inusitadas. Era uma escrita cheia de amor, com um pouco de ressentimento, impregnada de dignidade. Durante a segunda edição da oficina de escrita (realizada no mesmo lugar, agora como parte de um retiro de Carnaval), um rapaz havia entrado no salão pedindo permissão para tirar uma soneca no cantinho. “Está abafado na barraca”, disse ele, que se aconchegou ali de bruços, ressonando, abrindo os olhos de vez em quando, aguardando o horário da próxima atividade — talvez a de aquarela — enquanto a Oficina “Para Escrever com o Coração” se desenrolava. O dorminhoco se chamava Daniel.

JULIANA REIS E OS PARTICIPANTES DE SUA OFICINA DE ESCRITA DE ANO NOVO (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)

Os benefícios da escrita para curar expressões engasgadas

Tanto o cabulador de aula quanto o sonolento foram tocados pelo poder terapêutico da escrita. E isso, só de ouvir superficialmente os exercícios propostos em uma minioficina sobre escrever. É que escrever nos ajuda a encontrar uma voz própria, uma autenticidade. No fundo, somos todos um pouco escritores. Uns se revelam nas prateleiras de livrarias, já validados por editores e pelo público; mas há outros por aí, pessoas comuns, derramando textos no fundo da gaveta, em bilhetes como os do Felipe, nas folhas de papel amassadas, nos diários na cabeceira, em blogs pessoais, em cartas não enviadas, nos post-its pregados nos móveis, nas notas no celular e até publicados ora timidamente, ora sem pudor nas redes sociais. Escrever pode ser um processo terapêutico, sim. É que colocando nossas questões para fora temos chance de processar melhor muito do que acontece conosco, dentro e ao redor. Trazer a público então, é um maravilhoso exercício de atrevimento repleto de possibilidades.

A escrita como suporte para a saúde mental e emocional

O poder terapêutico de se dar um tempo para escrever tem sido defendido nos últimos anos pela escritora brasileira Ana Holanda, que foi editora da revista Vida Simples e é autora do livro Como se encontrar na escrita. Ela cunhou o termo “escrita afetuosa” para se referir a uma escrita mais humanizada e tão próxima do leitor a ponto de promover profundas transformações tanto em quem escreve quanto em quem lê.

Recentemente, descobri que o ato de escrever também ajuda na manutenção da memória. Dra. Ana Beatriz Barbosa, psiquiatra e autora dos best-sellers sobre saúde mental Mentes Inquietas e Mentes Perigosas, publicou em seu perfil no Instagram uma fala defendendo a importância de materializar o que pensamos em forma de escrita. “Temos que ler e identificar o pensamento para poder escrever. Porque se você não fizer esse exercício, de materializar o que você pensa, poderá perder memória mais cedo”, diz ela, que na publicação brinca com as palavras dizendo “lentificar o pensamento”.

Ou seja, desacelerar o pensamento escrevendo é remédio numa atualidade em que a escrita aparece cada vez mais automatizada para caber nas telas de celular e de computador.

Afinal, como me encontrei com a “terapia das letras”?

Minha história com a “terapia das letras” vem de uma carta que escrevi sobre a solidão em um dos lugares mais bonitos do mundo, longe da família. Com a casa nas costas e rodando o mundo, encontrei nas cartas via e-mail e cartões-postais um jeito de desatar os nós na garganta. E frase a frase fui transformando a vida sozinha na estrada em algo menos penoso e mais divertido. De repente, eu estava escrevendo aqui, na Vida Simples.

E tem algo que acontece comigo quando me sento diante da tela e começo a escrever sobre uma viagem que passou. É como se eu entrasse numa redoma confortável e encontrasse meu habitat. Esqueço que tenho sede ou fome, não ouço chamados… Meus dedos apenas se desesperam para acompanhar ideias, lembranças e descobertas tardias de jornadas escondidas no passado em algum lugar da mente. E então, vem um costume estranho: é quando começo a adiar o fim da tarefa como se tentasse permanecer o maior tempo possível nesse conforto que é escrever, escrever, escrever… Talvez Felipe-matador-de-aula e Daniel-sonolento tenham sentido algo parecido.

6 exemplos do potencial da escrita para sua vida fluir

  1. Melhora a relação com as pessoas: escrever é uma forma de se relacionar com o outro e essa conexão fica bem mais leve e efetiva quando você escreve melhor aquele e-mail para a equipe de trabalho — ou para o chefe! —, passando avisos nos corredores da empresa ou o pelos recados para a família ou os amigos.
  2. Coloca foco no autoconhecimento: botar para fora pensamentos e emoções possibilita notar características pessoais que normalmente nem percebemos no dia a dia.
  3. Traz clareza mental: Ao escrever, a pessoa pode se distanciar do problema e olhá-lo de uma perspectiva diferente, o que pode ajudar a encontrar soluções e formas de lidar com a situação.
  4. Possibilita experimentar o não-julgamento: escrever sem receios é uma forma de experimentar uma existência, ainda que curta, sem ser atingido pelo que os outros vão pensar. Esse exercício também permite que a criatividade e a imaginação fluam.
  5. Incentiva a consciência emocional: A escrita permite que as pessoas expressem emoções reprimidas e reflitam sobre o que e como estão se sentindo.
  6. Estimula a memória: materializar nossos pensamentos em letras no papel exercita a memória e organiza as ideias.

Oficina de Escrita “Para Escrever com o Coração”: imersão de 31/03 a 02/04

Às vezes, fica difícil conectar-se com a escrita em uma sala barulhenta. Ou elaborar um texto quando tantas palavras chegam o tempo inteiro e ao mesmo tempo pelos aplicativos de mensagens, feeds de notícias, e-mail, redes sociais… Também anda desafiador encontrar a própria voz e autenticidade nessa era em que a escrita aparece cada vez mais automatizada. Mas materializar os pensamentos e sentimentos em palavras e textos próprios faz bem para a saúde mental e emocional. Pode ser terapêutico porque desacelera um pouco a vida.

Por isso, hoje o meu convite é para você. A Oficina de Escrita “Para Escrever com o Coração” (31/03 a 02/04) é uma vivência para destravar aquele nosso lado que deseja escrever; para estimular a criatividade no brincar com as palavras; para ajudar a achar aquela ideia que a gente procura quando está com a caneta na mão; para quando as palavras se perdem dentro da gente no dia a dia e são engolidas pelo ritmo frenético ou pelo aviso de mais uma mensagem chegando.

Gostou do convite? Inscreva-se na oficina de escrita “Para Escrever com o Coração”.

O encontro vai acontecer em formato de imersão, ou seja, durante um final de semana numa pousada simples e especial, rodeada pela Mata Atlântica e ao lado de um rio de águas limpas na divisa entre Paraná e Santa Catarina. A proposta é se desligar um pouco do mundo lá fora e se voltar para um mundo que fica dentro da gente, por meio de uma oficina divertida e leve.

Enquanto lá fora o silêncio da mata contribui para as ideias surgirem, dentro do salão o objetivo será olhar referências e aprender com elas, conhecer-se um pouco para achar a própria voz, percorrer algumas ideias sobre o processo de produção de um texto e escrever.

De pés no chão, a meta é falar sobre escrever, se reconectar consigo, tomar posse das palavras e escrever!

Divulgação/Pousada Monte Crista

Para quem é a oficina de escrita “Para Escrever com o Coração”?

  • Para quem quer destravar a escrita (mesmo que seja para mandar um e-mail no trabalho);
  • Para quem quer escrever de um jeito mais humanizado;
  • Para quem quer escrever e não tem coragem;
  • Para quem quer escrever um e-mail que aproxima;
  • Para quem quer aprender a estimular a criatividade para escrever;
  • Para quem acha que não consegue escrever;
  • Para quem quer escrever textos que sejam melhor compreendidos (olha a interpretação aí, gente!);
  • Para quem quer aprender ou melhorar seus textos de divulgação de seus trabalhos;
  • Para quem sente vontade de escrever um livro;
  • Para quem viaja ( não se importa se é passeio para lugares distantes ou o bate-volta de final de semana) e quer se desembaraçar para escrever sobre as viagens;
  • Para quem gosta de escrever…

Quem ministra a oficina de escrita?

Juliana Reis. Contadora de histórias e jornalista, é colunista da revista Vida Simples há 4 anos, onde escreve esta coluna sobre viagens e o autoconhecimento. Foi freelancer para várias revistas brasileiras, de Angola e Noruega. Dá aulas de Português para migrantes e refugiados na PUC-PR no projeto da ajuda humanitária Lampedusa e também já deu aula na Oficina de Narrativas Afetivas de Viagem de Daniel Nunes, que acumula trabalhos para grandes publicações nacionais e internacionais como National Geographic, entre outras.

Como é o lugar onde ocorrerá a oficina de escrita?

A Pousada e Espaço de Vivências Monte Crista é um espaço construído materialmente e energeticamente para proporcionar uma propulsão de consciência. Lá acontecem vários retiros e vivências voltados ao autoconhecimento.

É um lugar simples, porém com o luxo de estar rodeado pela Mata Atlântica e ser banhado por um rio de águas claras e limpas que descem diretamente da nascente e onde se pode nadar. Fica na divisa do Paraná com Santa Catarina, perto de Joinville.

Aproveite: Inscreva-se na oficina de escrita “Para Escrever com o Coração”.

Divulgação/Pousada Monte Crista

7 Vantagens de participar de uma oficina de escrita numa pousada rodeada pela Mata Atlântica, ao lado de um rio, offline e… sem sapatos!

  1. Inspiração: estar cercado por silêncio, sons e cheiros da natureza pode ajudar a despertar a criatividade e a imaginação.
  2. Concentração: a tranquilidade e a ausência de distrações da cidade podem ajudar a se concentrar melhor na escrita e em quem você é. A desconexão das redes sociais pode ajudar a focar no que você está escrevendo aí no seu caderninho.
  3. Desenvolvimento de habilidades: sem as distrações da cidade é mais fácil se concentrar nas técnicas de estimulação da escrita propostas na oficina. E isso pode surpreender, divertir e até ser terapêutico…
  4. Relaxamento: estar numa pousada rodeada pela natureza pode ser uma oportunidade para relaxar — simples assim. Isso pode ser bom para quem costuma enfrentar aquela ansiedade relacionada à escrita e alguns bloqueios criativos.
  5. Sensação de liberdade: tirar os sapatos pode ser um jeito de se libertar de algumas convenções sociais e de curtir um ambiente mais descontraído. E sentir-se mais à vontade facilita explorar ideias e vasculhar sentimentos para escrever.
  6. Mudança de cenário: participar de uma oficina de escrita longe do escritório e perto de um rio pode ser um estímulo significativo para quem normalmente trabalha em ambientes internos e fechados. Além de ser legal, ué!
  7. Foco na reflexão e no autoconhecimento: sem as distrações da cidade e da internet, os participantes têm mais tempo e espaço para refletir sobre suas experiências, impressões e sentimentos.
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