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Todas as mães precisam de apoio
Mãe também precisa de "colo". Xavier Mouton Photographie/ Unsplash
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Há alguns anos, quando dedicava praticamente todas as horas do meu dia para o trabalho, declarei para meu marido que, se um dia tivéssemos filhos, eu gostaria de mudar minha rotina. Isso porque queria ter tempo de participar mais ativamente da criação e educação dessas crianças.

Quando disse isso, eu morava em São Paulo, e levava uma vida muito semelhante a grande maioria da população. Acordava cedo, mal tomava café direito, corria para o trabalho e voltava para casa, no final do dia, cansada, sem muita disposição para fazer outras coisas. Naquela época, eu achava que uma criança não cabia na vida que eu tinha.

Anos se passaram, fiz uma transição de carreira e de vida – me mudei para a Tailândia, onde moro em uma ilha – e, de repente, me vi em uma nova configuração que, na minha cabeça, era mais propícia para receber uma criança. Ingenuidade.

Porém, em 2020, plena pandemia, Eva nasceu, e, desde então, tenho participado ativamente e intensamente, eu diria, de sua primeira infância.

Entretanto, o que eu não sabia, antes de me tornar mãe, é que essa forma de cuidado, quase exclusiva, pode ser muito exaustiva e desafiadora para as mulheres.

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Meus desafios com a maternidade

Para ilustrar alguns dos desafios que vivencio nessa experiência, vou contar um episódio cotidiano, acontecido em um dia qualquer.

Chego na escolinha para buscar Eva, com vontade de beijar e abraçar minha cria no nosso reencontro. E, advinha? Ela não quer beijos e nem abraços porque está suada. Ok! Eu que lide com minhas expectativas. Então, vamos em frente.

Vamos almoçar juntas, fora de casa, peço o prato que ela gosta, mas a criança não quer comer. Diz que a comida não está muito boa. Talvez não esteja com fome. Então, tento calibrar minha preocupação com a nutrição dela e, seguimos.

Levo a menina para fazer uma aula que ela queria. Nem bem começa a atividade, ela machuca o dedo e começa a chorar. Eu acolho. Ela volta para a aula e, logo em seguida, corre de volta para mim reclamando de dor. Proponho colocar gelo, não quer. Um remedinho para aliviar a dor? Também não. E a reclamação continua. Respiro.

Interrompemos a aula, vamos para casa e ela demanda várias coisas em tom de ordem. O pai pede para ela dividir um pouco de água com ele e ela se recusa. Enfim, vou conversar com ela sobre esse comportamento e ela bate no meu nariz.

Mães não têm descanso

Seguro meu impulso de raiva e explico que isso não é aceitável, que podemos não gostar de alguma coisa, mas que não podemos bater nas pessoas. Ela revira os olhos e vira a cara, demonstrando que não quer me ouvir.

Exausta de todos os acontecimentos do dia, suspendo momentaneamente essa conversa e digo que vou tomar banho. Mais choro e reclamação, ela quer tomar banho comigo e em outro banheiro.

Mas mantenho minha posição e a criança se pendura nas minhas pernas e não me deixa andar. Saldo do dia: vamos dormir chorando, ela e eu.

Então, alguém aí se identifica com algo dessa cena ou isso só acontece por aqui?

Apoio para as mães é fundamental

“A maternidade é a melhor coisa e a mais difícil.”
(Ricki Lake)

Assim, a partir desse pequeno relato da vida real, que se apresenta no cotidiano materno, poderíamos puxar vários fios e levantar muitas questões.

Mas, eu escolho, aqui, jogar luz sobre as necessidades que as mães têm em suas lutas diárias, muitas vezes invisíveis. Além disso, convido a sociedade a assumir sua parte nessa tarefa de cuidar de quem cuida.

Cuidar de quem cuida

Mãe que dá colo, amor e cuidado, também precisa de “colo”, amor e cuidado. E quando digo mãe, estou me referindo a qualquer cuidador que cumpra esse papel na vida da criança.

Mães precisam de apoio, de acolhimento e de um espaço seguro para expressar suas emoções.

Precisa de escuta, sem julgamento, para poder desaguar tudo o que represa dentro de si.

Mães precisam cuidar de si também!

Precisa de tempo com suas amigas, amigos e com outras pessoas da sua de rede de afetos.

Precisa de tempo sozinha. De silêncio. Tempo para fazer o que quiser. Ou, simplesmente, para não fazer nada.

Mãe precisa falar sobre suas necessidades e fazer pedidos e combinados claros com as pessoas que estão a seu lado, nessa tarefa tão fundamental para a raça humana. A tarefa de cuidar das gerações que vão nos substituir. Isso deve ser trabalho de todos!

Mães precisam de muitas coisas, muito mais do que eu sou capaz de nomear aqui, porque cada ser humano é um universo inteiro. E você que está lendo esse texto, seja quem for, sempre poderá fazer algo por elas.

Você já perguntou para alguma mãe como pode ajudá-la? Pergunte! A solidariedade é um ato revolucionário, nessa cultura individualista que estamos vivendo. Sejamos a revolução!

Dessa forma, se você é mãe, receba aí o meu abraço, o meu amor e o meu reconhecimento. O que você faz é muito valioso para toda a humanidade! Muito obrigada!

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