Para encorajar crianças a acreditarem em si
O processo de encorajamento de uma criança passa por mudar a expectativa que ela tem sobre si mesma. Se é levada a esperar melhores ações de si própria, então ela é encorajada
Existe uma discrepância, um espaço muito grande, entre o que os adultos consideram essencial para uma criança e o que realmente é essencial. As crianças têm necessidade de serem vestidas, alimentadas, do seu sono e seu movimento, mas vai muito além disso. A importância do relacionamento dela com os pais normalmente fica em segundo lugar.
Aí que entra o grande x da questão, principalmente para crianças maiores: a necessidade de fazer parte de um grupo e encontrar sua importância, seu papel dentro dele, explica muitos tipos de comportamento, inclusive os comportamentos desajustados e inadequados.
A criança é uma ótima observadora, mas uma péssima intérprete. O que isso quer dizer? Quer dizer que eles podem tirar conclusões e significados sobre as situações que vivem que não são exatamente as que gostaríamos que eles tirassem.
As crianças se desencorajam a partir desse significado que dão aos acontecimentos. Estar desencorajado significa não perceber a possibilidade de vencer uma luta, solucionar um problema. Significa não ter confiança em suas capacidades nem na vida; significa se sentir inútil, insuficiente ou incapaz.
E não é apenas um sentimento de inferioridade, que muitas vezes leva as pessoas a buscarem ser melhor. É um complexo de inferioridade mesmo, uma convicção enraizada da sua incapacidade.
Isso explica por que uma criança desencorajada age mal: ela tenta de todas as maneiras mostrar que é incapaz, para que não exijam nada mais dela, e ela possa esconder esse sentimento de inadequação.
O processo de encorajamento de uma criança passa por mudar a expectativa que ela tem sobre si mesma. Se ela é levada a esperar mais e melhores ações de si própria, então ela é encorajada.
Dreikurs, um estudioso do encorajamento, diz: agir mal exige tanta perseverança, auto sacrifício e resistência, que ninguém se decidiria a fazê-lo, se não fosse por falta de uma alternativa. Eu estou com ele. Parte de mudar a forma de se relacionar com crianças passa primeiro por mudar a forma como olharmos para essa criança, para que ela encontre dentro de si, através do nosso olhar, a força para ser melhor, aprender, se desenvolver bem.
É preciso acreditar nos pequenos, para que eles acreditem em si mesmos.
Thais Basile é mãe da Lorena, palestrante e consultora em inteligência emocional e educação parental, eterna estudante. Apaixonada por relações humanas e por tudo que a infância tem a ensinar. Compartilha um saber para uma educação mais respeitosa no @educacaoparaapaz. Escreve nesta coluna às segundas-feiras.
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