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O que descobri sobre propósito ao largar o Direito pela Medicina Ayurvédica
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Saiba como encontrar o seu propósito de vida de maneira objetiva. Aprenda também a fazer as perguntas corretas para descobrir o seu lugar no mundo profissional.

As pessoas me perguntam muito sobre propósito, um tema que ganhou bastante destaque nos últimos anos. “Matheus, eu não sei qual é o meu propósito de vida. O que eu faço?”.

A primeira pergunta que eu costumo fazer para essa pessoa refletir é: será que você realmente precisa de um?

Três etapas de vida

De acordo com a cultura védica, o ser humano possui três fases ao longo da vida.

  • Na primeira, que corresponde à infância e adolescência, a pessoa precisa se nutrir de conhecimento a respeito da realidade. Essa é a chamada fase da educação.
  • Já na segunda, a pessoa deve cumprir o seu papel na sociedade, a partir dos conhecimentos adquiridos na primeira fase. Isso inclui ter filhos e trabalhar para contribuir com a sociedade de alguma maneira, seja como comerciante, médico, militar ou através de outra profissão.
  • Por fim, a terceira fase é a do recolhimento para a iluminação. O indivíduo deve ter tempo e silêncio suficientes para se observar e entender quem ele é. Eu brinco que é a hora de parar para ver a grama crescer, de contemplar e observar a si mesmo e a natureza.

É também na última fase que a pessoa pode se tornar um mestre, um professor, por toda a experiência e sabedoria já adquirida ao longo da vida, embora ela não tenha mais necessariamente essa obrigação com a sociedade.

Portanto, se você já chegou na terceira fase, você não precisa mais de um propósito, pelo menos não de acordo com a cultura védica. Ou melhor, o seu propósito é simplesmente presença.

Agora, se você está na segunda fase da vida, a de realização, ter propósito é fundamental. Mas o que significa propósito afinal?

O que é propósito

Propósito nada mais é do que o lugar para onde você caminha, simples assim. Portanto, sem propósito você pode se sentir perdida ou ficar com a sensação de estar num lugar onde não gostaria de estar.

Existem muitos mitos ao redor dessa história de propósito. Uns acham que só existe um único propósito na vida e que ele é imutável. Outros acreditam que uma vez descoberto o propósito, tudo flui maravilhosamente bem e a vida fica muito fácil. E ainda há aqueles que imaginam que propósito seja algo muito especial, grandioso ou raro. Esses mitos e idealizações muitas vezes deixam as pessoas mais confusas.

Você pode querer caminhar para diferentes lugares ao longo da vida. E quando você tem clareza de onde quer chegar, os problemas do dia a dia continuam da mesma maneira, você apenas não se perde por causa deles. Mas, se você não tem essa clareza, é muito fácil ficar preso ou iludido com as necessidades do presente.

Algumas pessoas podem até ficar paralisadas, imaginando que o propósito deva ser algo infinitamente maior do que sua capacidade de realização.

É claro que não é apenas a falta de propósito que faz com que um ser humano fique preso às necessidades do momento. Quem não tem nem o básico garantido, precisa gastar a maior parte do tempo e da energia disponíveis apenas para sobreviver (comer, morar e vestir-se). Infelizmente, nesses casos fica mais difícil parar para refletir aonde se quer chegar para além disso.

Mas muitas vezes a pessoa pode se sentir perdida ou não realizada, mesmo tendo boas condições materiais. Eu mesmo sou um exemplo disso.

De Ipanema à Índia

Quando eu era pequeno e os adultos me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, eu dizia que queria ajudar as pessoas. Mas eu não tinha ideia se eu seria bombeiro, médico, diplomata, político…

O tempo passou e, aos 25 anos, eu me formei em Direito. Tirei o meu registro da OAB, mas tinha a nítida sensação de que atuar como advogado não era pra mim. Acabei me desinteressando e larguei a carreira.

Comecei então a trabalhar com comércio exterior e por três anos me dediquei a isso. Nessa fase, eu me preocupava mais em ganhar dinheiro, jantar nos restaurantes que eu quisesse e morar num bairro nobre do Rio de Janeiro. Mas lembra daquela sensação que eu mencionei de estar no lugar errado?

Então, foi quando eu me dei conta de que eu havia me perdido daquele caminho de ajudar as pessoas.

Retomando essa consciência, eu apliquei para faculdade de Medicina Ayurvédica, na Índia, e comecei a jornada pelo Ayurveda. Ao escolher estudar medicina e ir em direção ao meu caminho, o de ajudar as pessoas, eu tive que abrir mão do que eu já havia conquistado até então. Isso nem sempre é algo tranquilo de se fazer. No meu caso, tive que sair de Ipanema, no Rio de Janeiro, e ir morar num quartinho no interior da Índia.

No entanto, saber que agora eu estava agindo de acordo com esse meu propósito me dava a energia necessária para seguir em frente. Atenção: isso não significa de maneira nenhuma que o caminho seria fácil.

Já no primeiro ano da faculdade, conheci um médico que me desencorajou profundamente de seguir adiante. Ele disse que eu, com 28 anos na época, era muito velho para começar a estudar medicina e que seria melhor desistir. Bom, é claro que eu não desisti, pelo contrário. Encarei a sugestão desse colega como um desafio e continuei estudando com mais afinco ainda. Mas sei que tudo poderia ter sido completamente diferente se eu tivesse dado ouvidos a ele.

Para onde estava indo?

Quantas pessoas não desistem de seus sonhos ao serem desencorajadas por terceiros? E aqui vai uma dica importante: cuidado com os conselhos que venham de alguém que não esteja no lugar aonde você quer chegar.

Não deixe que outras pessoas projetem as incapacidades e frustrações delas em você. Caso contrário, é bem capaz de você também se perder no caminho.

Se você não tem uma ideia clara de onde quer chegar, é bom que já esteja na fase de iluminação, ou então esse perder-se pode gerar uma sensação muito difícil. Não é à toa que há tantas pessoas com depressão e ansiedade na nossa sociedade.

Mas, calma! Se você ainda não tem clareza sobre quais são os seus propósitos e ainda não chegou na fase de iluminação, não se desespere. Muitas vezes, para encontrar o lugar aonde você estava indo basta puxar pela memória. Procure lembrar: quando você começou sua jornada, para onde estava indo?

É possível que no meio do caminho tenham acontecido muitas coisas lindas e importantes na sua vida, mas era nesse lugar que você queria estar agora? Se você não lembra mais para onde estava indo, defina agora para onde quer ir e dê passos todos os dias, com clareza, nessa direção.

Espero que essas dicas e reflexões tenham sido úteis para você. Um grande abraço e lembre-se sempre: SAÚDE É LIBERDADE!

Veja também: todos os textos da coluna de Matheus Macêdo em Vida Simples.


MATHEUS MACÊDO é o primeiro brasileiro a se formar em medicina na Índia com especialidade em Ayurveda no curso BAMS (Bachelor of Ayurveda, Medicine and Surgery). Viveu na Índia quase 7 anos e de lá criou a Vida Veda, uma empresa social dedicada a divulgar o conhecimento ayurvédico em língua portuguesa. Carioca, percorre o mundo dando palestras sobre Ayurveda e Medicina Integrativa.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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