No Dia das Crianças, vale trocar os presentes por presença
A qualidade da atenção dedicada as crianças é essencial para estruturá-las física e emocionalmente para lidar com a realidade
Outubro traz datas significativas, como o Outubro Rosa – campanha de prevenção ao câncer de mama – e o Dia dos Professores, homenagem àqueles que educam e transformam nosso país. No entanto, quero destacar o Dia das Crianças, comemoração que carrega compromissos profundos com o futuro.
Numa época em que muitos estão mais focados em padrões de vida do que em convivência e relacionamento, é essencial refletir sobre o que realmente importa para as próximas gerações, sobretudo em face de tantos casos de crianças e adolescentes tirando a própria vida.
O que estamos fazendo pelos filhos que nos foram confiados? Que cuidado estamos oferecendo a eles? Que tipo de imunizante emocional temos dispendido para que se sintam tão amados que a dor do outro não os destrua?
Este texto não é uma cobrança, mas um alerta. Faço essa ressalva porque um dos momentos mais marcantes da minha trajetória como palestrante ocorreu quando encontrei uma mãe enlutada pela perda de um filho que tirou a própria vida.
Ela me pediu ajuda para lidar com a dor, e eu, além de consolá-la, precisei lembrá-la de que ela ainda tinha outros dois filhos. Ela precisava, por eles, mudar a forma de educá-los para que seus destinos fossem diferentes.
Você pode gostar de
– Brincar na infância é essencial para ser feliz e criativo
– Veja ideias para equilibrar o uso de telas pelas crianças
Que legado deixaremos pras crianças?
Na Educa, a empresa de educação socioemocional que criei com Jaime Ribeiro, temos observado crianças cada vez mais solitárias fisicamente e excessivamente conectadas ao mundo digital. Fisgadas pelos “conteúdos”. A grande pergunta que surge é: quem está presente na vida delas?
A arquitetura cerebral saudável é construída por relacionamentos estáveis com adultos atenciosos. Quando as crianças não são cuidadas e observadas adequadamente, o desenvolvimento do cérebro pode ser prejudicado, fragilizando a saúde física, mental e emocional.
A ausência persistente de interação real pode levá-las a substituir essa lacuna por interações virtuais pobres e perigosas, que provocam uma comparação excessiva, gerando um devastador sentimento de inferioridade.
Hoje é mais perigoso um filho trancado no quarto, sem supervisão, do que na rua. Os riscos são muito maiores, mas frequentemente ignorados em nome de uma suposta privacidade.
No fim das contas, o que chamamos de privacidade é visto pelos criminosos digitais como uma oportunidade. Vamos refletir sobre o legado que deixaremos para os nossos filhos?
➥ MAIS DE ROSSANDRO KLINJEY
– Setembro amarelo: vale a pena superar barreiras
– Você lembra quando não existia internet?
– É preciso ter coragem para aceitar que amizades mudam
Conteúdo publicado originalmente na edição 272 da revista Vida Simples
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login