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Humanidade e pureza na nova adaptação de Pinóquio
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Vida Simples de dezembro fala de cultivar os afetos e foi nisso que fiquei pensando quando terminei de assistir à releitura que o diretor mexicano Guillermo del Toro faz do clássico que todo mundo conhece. Disponível na Netflix, além de ser uma deleite para os olhos, é uma maneira de revisitamos uma história já conhecida, mas que sempre pode ganhar novos ares quando ela perpassa nossa própria experiência de vida

A história clássica do menino de madeira que queria ser gente, mas desobedece o pai e é rejeitado nunca foi, pra mim, uma história leve. Além de cruel, não ser aceito pelos pais é algo traumático que deixa marcas pra vida toda.

Guillermo del Toro se inspira no clássico pra falar da sua própria experiência como menino tímido, que teve dificuldade na infância de se adequar aos padrões e que, de certa forma, se sentia um peixe fora d’água. “Normalmente Pinóquio fala do menino que aprende com o mundo a ser bom e se torna um garoto de verdade“, diz Del Toro no making of disponível também na Netflix. “Este não. Aqui, Pinóquio transforma todos com sua pureza e descobre quem é como ser humano.”

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E este é o legado desta versão primorosa, que o diretor faz com a técnica de animação de bonecos chamada stop motion. Pinóquio entende suas fraquezas e virtudes, entende quem ele é de verdade e quem são aqueles que o amam. Faz o melhor que pode e é aceito do jeitinho que ele é. Assim é o menino de madeira de Guillermo: alguém que não precisa mudar para se encaixar, mas precisa ser sincero e genuíno pra viver verdadeiramente.

Tudo isso pra dizer que o “cultivo dos afetos” calou fundo em mim quando vi o filme. Não há cultivo se não há plantio. E a semente começa dentro de nós, nos conhecendo, não compreendendo, aprendendo e transformando. Este Pinóquio deixa uma mensagem de esperança e acolhimento diante de tantas exigências e intolerâncias. Que o ano novo nos sirva de momento de pausa e reflexão, regado a filmes inspiradores como este!

*Os textos de colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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