Dica de ano novo: dê valor ao que você já tem
Tão importante quanto perseguir novas metas é reconhecer o valor daquilo que foi conquistado e se sentir grato
Falava ao telefone com minha mãe esses dias e ela me contava sobre a visita das mais de cem crianças e jovens do nosso projeto social, lá em Bicas, Minas Gerais, ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. “Quando entrei no estádio, não consegui conter a emoção!”, ela me confessou.
Eu, ingênuo, respondi que ela já havia passado algumas vezes pelo Maracanã, e também por outros grandes estádios do mundo, seguindo a minha jornada.
Entretanto, ela complementou: “Sim, já estive várias vezes no Maracanã, mas, para muitos desses jovens, terá sido a primeira e a única vez. Nós temos tantas oportunidades na vida, e às vezes não damos o devido valor!”. Aquilo foi um golpe de sabedoria para mim.
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O privilégio é um véu que ignora o valor do básico
Minha mãe tem razão. Principalmente, no momento de início de ano, quando nos concentramos em identificar novos objetivos, muitas vezes nos esquecemos de dar valor ao que já temos, às oportunidades que diariamente já recebemos.
Veja bem, não estou dizendo que traçar novas metas e se dedicar a elas é algo que não deve ser feito. Estou apenas incentivando você a abrir os olhos para o valor que, às vezes, não damos àquilo que é mais habitual para nós.
Eu vivi um pouco disso na minha juventude, quando decidi abandonar o América–MG e ir em busca de uma aventura, que, para mim, seria melhor.
Fui para Cachoeiras de Macacu (RJ), na casa de um senhor que recrutava garotos e depois fazia jogos contra equipes do estado, tentando com que algum de nós fosse escolhido.
No primeiro dia, um choque: só havia água gelada para o banho, duas ou, no máximo, três refeições diárias. Ainda tínhamos que lavar as próprias roupas e chuteiras, além de carregar todo o material de treinamento.
No América-MG, esse “luxo” nós tínhamos, e eu nunca percebi o quanto aquilo era de valor para mim, até que não tive mais.
Somos capazes de dar valor ao que é habitual
Meses depois de mais alguns perrengues, acabei voltando ao América-MG. Desde então, valorizei aquele clube e as coisas normais, como ter as refeições garantidas, roupas e materiais de treinos sempre limpinhos e disponíveis, como se estivesse no melhor lugar do mundo.
Não fosse essa experiência de deixar de ter o básico, não sei se teria valorizado tanto aquele ambiente, enquanto a maioria focava apenas no que faltava.
Para o novo ano, novas metas, mas também a capacidade de dar o valor necessário àquilo que já conquistamos. Acredite, é muito!
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 264 da Vida Simples
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