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“Dale!” A resiliência do Rio Grande do Sul na catástrofe climática
Tragédia no Rio Grande do Sul mostra resiliência e solidariedade de um povo. Hannah Busing/ Unsplash
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Há quatro semanas ensaio essas palavras sobre o que vem acontecendo no Rio Grande do Sul!

Sinto falta das nossas conversas, reflexões, sobre as coisas normais do dia-a-dia. Sinto falta do mês passado; das colunas anteriores, de prosear sobre emoção, sobre comunicação, sobre os dilemas do dia-a-dia.

Mas estou monotemática. São tempos sombrios, nenhuma narrativa é capaz de traduzir o caos que assola por estas bandas. Dias e noites de aguaceiro e ansiedade. A água transbordou rios, devastou cidades, arrastou histórias, ceifou vidas. Pelos quatro cantos do Rio Grande do Sul, a enchente deixa dor e lama em intensidade imensurável.

Há quase 600 mil pessoas desalojadas, milhares de famílias sem água, ou sem luz há quase 25 dias. Há escolas destruídas, hospitais alagados, acessos destruídos. Como um seriado de streaming, cada região vive sua própria temporada. Chuva-devastação-caos e ações de força e empatia são presentes na maioria das histórias. Quem ouve, não acredita.

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A parte boa de toda coisa ruim

Nesse pesadelo, reverbera-se a força e potência da sociedade civil. Força, resiliência, olhar ao outro. É lindo de se ver e sentir. Beleza entre a destruição.

Depender do outro tornou-se mais que opção. Isso porque quem precisa, pede socorro; quem pode, estende a mão para salvar! E assim, sucessiva e exaustivamente. O salvamento chega através de resgates, pix, comida em panelas industriais, servida em quentinhas de isopor, roupas, cobertores, artigos de higiene, brinquedos, escuta. É todo um sistema reordenado às pressas, uma engrenagem de ações que, juntas, se potencializam em restabelecer alguma dignidade.

Vivemos um coletivo de dor e amor. Como disse minha amiga jornalista Gabi Mazza, “essa é a parte boa de toda coisa ruim”.

Coisa ruim, talvez esse seja um nome pra esse monstro grandioso e forte que desinteirou nosso estado. Uma coisa ruim e perversa, que desfalca nosso chão, nossas casas, nossas histórias.

Além de palco para discussões sociopolíticas e fakenews, as redes sociais se mostram como fundamental ferramenta de socorro e comunicação. Em tempo real, são a ponte entre quem precisa de ajuda e quem pode ajudar. Enxurrada de afeto e voluntariado, de resgates, salvamentos, agasalhos; de acolhimento e escuta. Entre braçadas contra a força das águas, o povo salva o povo. O mundo nos estende a mão, e nos abraça. Estamos à flor da pele.

Com “dale!” vamos adiante

Ainda que sua casa não tenha sido atingida, algum familiar, amigo, prestador de serviço ou colega de trabalho viu sua história alagada. Numa infinita cadeia de limpeza, socorros e ações para recomeços, viramos uma população inteira impactada com a força desse desastre.

Diante de tanto, perco a palavra, inclusive a voz. Além dos picos de desânimo e euforia, amor e torpor, tenho gripe.

É tanto sentimento no meio de tanta água. Por vezes o choro faz a alma transbordar.

Aqui no Rio Grande do Sul, a expressão “Dale” significa “Vamos!”, “Força!”, “Adiante!”. E por aqui me despeço.

Dale!, nova semana à frente! Com aviso da Defesa Civil de chuvas intensas, inundações e mais alagamentos.

Beijos meus!

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