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Comprar por que precisa ou comprar por que está barato?
Foto de uma vitrine com o nome black friday em amarelo e preto.
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Vamos falar sobre a Black Friday para pensar no que realmente precisamos, desejamos e o que nos trará sentido no campo do consumo.


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Sempre que tratamos desse tempo nessa época pré-Natal, vem à cabeça filas de pessoas plantadas nas lojas, principalmente norte-americanas, à espera da “grande oportunidade”: COMPRAR POR MENOS.

Quem nunca viu no noticiário pessoas sendo atropeladas, um verdadeiro contingente de policiais e seguranças segurando (sem grande sucesso) o tsunami de pessoas ávidas a pegar o que puderem?

Black Friday: de onde vem esse nome?

Há vestígios de que a denominação surgiu no início dos anos 90, na Filadélfia, nos Estados Unidos, quando a polícia local chamava de Black Friday o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, o evento mais importante do país que celebra união, gratidão e como toda festa há abundância de comida e bebida, o equivalente ao nosso Natal.

Foram os policiais que criaram a expressão “Black Friday”, porque era um dia em que eles tinham que trabalhar demais. Era muita gente passeando, muita gente na rua para ficar de olho. E nos Estados Unidos o prefixo ‘black’ tem sentido negativo e era usado porque era um dia de muito trabalho para esses policiais”, explica o antropólogo Fábio Mariano Borges.

No português, a semântica é parecida. A expressão “a situação está preta”, que muitas pessoas consideram racista, costuma indicar um dia ruim.

“Tem registros dessa época relatando que os jornalistas iam cobrir a Black Friday, mas eles não faziam reportagens sobre como estavam as vendas nas lojas. Eles ficavam nas ruas para ver se o trânsito tinha aumentado em relação ao ano anterior, para contar o número de acidentes”, acrescenta Borges.

O termo também passou a ser usado em 1966 por milhares de pessoas em torno do mundo, mas só se tornou popular em 1975, quando o uso da expressão passou a ser conhecido por meio de artigos publicados em jornais que abordavam a loucura da cidade durante o evento.

Há teorias não racistas: no início de 1980, foi criada uma teoria que usava a cor vermelha para se referir aos valores negativos de finanças e a cor preta para indicar valores positivos.

Alguns anos depois, “Black Friday” foi o nome usado pelos varejistas para indicar o período de maior faturamento, quando milhares de pessoas aguardam em filas enormes.

Embora não seja um feriado, muitas pessoas ganham o dia de folga e se tornam consumidores com grande potencial. Muvuca garantida!

Há, inclusive, quem se torne “especialista” em Black Friday, dando dicas para garantir uma promoção de verdade… Como já devem imaginar, há consultores para tudo.

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Participar da Black Friday é sinônimo de consumismo?

NEM SEMPRE. Em 2017 tive oportunidade de estar nos EUA na época da farra das compras e, sim, mesmo com o dólar a R$2,65 o ditado de todo viajante “quem converte não se diverte” não se aplica nessa época. É possível comprar bens duráveis como eletrodomésticos e eletroeletrônicos por um terço no valor no Brasil.

O que precisamos ter em mente não é quando comprar apenas, mas se o produto fará diferença na sua vida. Consumir de forma consciente é a maneira mais inteligente do uso do dinheiro.

Na época, por exemplo, comprei um secador de cabelos que junto a tomada vinha um disjuntor, ou seja, o que a marca prometeu até hoje foi cumprida, o aparelho atende o que promete e nunca queimou.

Assim, também são os facilitadores da vida doméstica que hoje encontramos facilmente em Market Places chineses que viraram febre no Brasil. Muitas vezes compramos porque é barato e a oportunidade de ter o que nunca se pôde comprar precisa ter um destaque.

Quantas pessoas plus size gostariam de se vestir de forma elegante e não tinham opção?

Quantos jovens iniciando a vida profissional precisaram de bons aparelhos de celular, sapatos e roupas adequadas e era impossível adquirir com os preços praticados aqui?

Parto da seguinte opinião: se a compra não me onera, eu mergulho na fantasia das cores, das formas, dos itens de cozinha (que sou apaixonada) e compro itens coloridos que depois, caso não faça mais sentido, há saídas.

No campo da moda de second hand, a Wabi Resale, gerido pela sócias Amanda Cristina Sâmara Merrighi  me chamou atenção. Com o lema “A roupa mais sustentável é aquela que já existe!” a empresa realiza uma curadoria a partir dos desapegos de pessoas que gostam de moda, normalmente  são personalidade que acreditam nessa nova ordem econômica, o desapego a preços justos.

Eu mesma já experimentei e com o valor arrecadado consegui revisar meu guarda-roupa fazendo upcycling* das peças antigas. Não dizem que em tempos difíceis estamos propensos a nos reinventarmos?

Pois bem, FAÇAM NOVOS USOS DO SEU DINHEIRO!

* Conhecido como reutilização criativa, é o processo de uso de produtos, resíduos, peças aparentemente inúteis na criação de novos produtos, sem desintegrar a peça, numa função diferente da qual o produto ou partes dele foram inicialmente projetados


HILAINE YACCOUB (@hilaine) é mestre e doutora em Antropologia do Consumo. Como pesquisadora, palestrante e consultora, há 20 anos aplica a Antropologia Estratégica nas empresas traduzindo comportamentos, movimentos culturais e lógicas de consumo das pessoas para a construção de soluções, entendimentos e tomadas de decisão assertivas.

Leia todos os textos da coluna de Hilaine Yaccoub na Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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