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Busque autoconhecimento e seja a pessoa mais importante da sua vida
O autoconhecimento é um olhar crítico e apurado sobre diferentes apectos da vida; através da autoanálise, caminhamos rumo a sermos senhores de nossas próprias casas (Foto: Drew Dizzy Graham/Unsplash)
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Neste artigo:

O senso comum diz que a vida está sempre mudando e que tudo é sempre para frente. Porém, há fases em que não se vislumbra nada de novo ou diferente.

Tudo parece parado. Os amigos querem notícias, mas você não tem nada para contar. Tudo está na mesma, sem novidades. Sem rumo? Nem pensar: “tudo está indo”.

Ocorre que a falta de rumo nem sempre é visível a olho nu. Por vezes, o diagnóstico é difícil. Talvez por isso, esse tenha sido o primeiro alerta da filosofia: examinar a vida.

Na Grécia antiga, Sócrates defendia que uma vida não examinada é uma vida desperdiçada. E como os gregos, tal como nós, negligenciavam essa necessidade, Sócrates encarregava-se de demonstrar sua importância.

Fazia perguntas, ouvia as respostas, perguntava novamente — exatamente como os psicólogos e terapeutas fazem hoje. Porém, fazia-o em público.

Parava as pessoas nas ruas de Atenas e bastavam duas perguntas do filósofo para que o seu interlocutor se desse conta de que estava à deriva. Não havia um plano, uma estratégia, nem sequer se sabia para aonde estava indo.

Autoconhecimento é olhar crítico

Assim, desde os primórdios, o olhar crítico sobre nós mesmos é um dos pilares da filosofia. Hoje, essa tarefa primeira foi popularizada — e banalizada, é verdade — como autoconhecimento.

Talvez por essa gênese, a frase “Conhece-te a ti mesmo” é comumente atribuída a Sócrates, considerado o fundador oficial da filosofia, mas não é.

Essa máxima fazia parte da cultura geral da Grega Antiga — algo próximo de que hoje chamamos de “ditos populares” — e era atribuída ao próprio deus Apolo. Por conta dessa origem divina, ela estava inscrita na entrada do Oráculo de Delfos, dentro do templo dedicado ao culto de Apolo.

Foi edificado no século VI a.c. e até hoje suas ruínas — classificado como patrimônio mundial pela Unesco — podem ser visitadas. O local, a 182 quilômetros de Atenas, foi durante séculos um destino espiritual de inúmeros peregrinos.

Um passo a passo para o autoconhecimento

Dada a importância da busca por conhecer a si mesmo, a questão que se coloca é: como eu faço isto? Estou aqui, nos meus dias, sem apoio, sozinho, sem ninguém que me faça perguntas, equilibrando os meus pratos…

Há muitos pontos zeros para esse caminho, mas uma sugestão possível é um levantamento rigoroso de todos os seus valores e crenças.

O que traduz o que você é? Em que você acredita? O que define você?

Para se ter uma ideia da importância dos valores e crenças, se você traçar um objetivo e, em algum ponto, ele for contrário a um valor da sua personalidade, esse objetivo não se concretizará.

Isso porque a mente humana está programada para bloquear os impulsos que são contrários aos seus valores e crenças.

Percebeu a importância dos valores? Eles são a base: comece por eles. Depois de estabelecido os seus valores – por escrito (é melhor) – a lição seguinte é: esses valores são realmente meus?

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Seus valores, você e sua vida são únicos

Aqui cabe uma reflexão cuidadosa. Esses valores que você defende são realmente seus ou foram “emprestados” da sua família ou da sociedade ao seu redor?

Certifique-se se eles são realmente seus. Pode parecer óbvio, mas esse é um engano muito comum. Você já ouviu histórias de pessoas que tinham uma carreira de sonho, com status, dinheiro ilimitado e largaram tudo por uma ocupação menos glamourosa e menos rentável?

Provavelmente elas estavam percorrendo caminhos alinhados com os valores da sociedade, e não com os seus valores.

Pergunte a você mesmo: “este valor é meu porque eu escolhi, ou é um valor imposto pelo meu tempo, pela sociedade em que eu vivo, pela minha família?”.

Você é uma pessoa educada com determinados valores, mas só você precisa revê-los, reconhecê-los e confirmá-los como seus. Os valores definem quem você realmente é. Refletir sobre a vida é repensar os seus valores.

Um parte do processo terapêutico, por exemplo, é a revisão de valores e crenças. É por isso que o bom terapeuta não dá conselhos.

O que está na mesa são os seus valores e os de mais ninguém. Um conselheiro vai sempre dar uma opinião baseada nos seus próprios valores e estes podem ser muito diferentes dos seus.

Autoconhecimento mira no presente e acerta no futuro

Depois do “quem eu sou”, as perguntas “o que quero” e “para aonde quero ir”, ficam muito mais fáceis. Estabeleça um plano, um prazo e trabalhe para a sua concretização.

Documente o processo: materialize o seu plano em um objeto — como um caderno — e mensalmente anote os seus avanços e recuos (não se envergonhe deles, assuma-os, registre-os).

Não esqueça: as notas escritas são ferramentas dos heróis estoicos.

Assim, ao nos tornarmos mais conscientes da limitada percepção do que se passa em nossa mente — expressa na máxima freudiana de que ‘o ego não é senhor em sua própria casa’ — seguimos por esse terreno irregular.

Contudo, avançamos com vigilância e serenidade, guiados pela nossa essência verdadeira. E ao contemplarmos a linha do horizonte dos nossos dias, percebemos que tudo flui com mais harmonia… E a nossa vida faz todo sentido.

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