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Querido Papai Noel!
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No ano passado, exatamente nessa época, encerrei as colunas do ano com o título “AONDE MORA O PAPAI NOEL”.

No texto, discorri sobre sua real existência (assunto, aliás, que os adultos, com um discreto e debochado sorriso de canto de boca, se gabam afirmar ser uma grande bobagem), e desafiei o leitor à uma simples reflexão:

“Cá com meus botões, se Papai Noel não existe, o que, exatamente, move nossos dias nesse fim de ano belicoso e intolerante? O que leva milhares de pessoas do mundo todo em busca de um presente para agradar alguém na noite de Natal? Por que nessa época você sente uma imensa vontade de abraçar quem gosta? E arrisco mais uma provocação: por que você sente seu coração acelerar diante do amor, ou por que algumas lágrimas lhe escapam pelo rosto ao escutar uma música natalina? Isso, meu caro leitor, é a prova viva de que Papai Noel existe, e ele está muito mais perto do que você imagina!”

Bem, meu amigo Papai Noel, eu sei, você sabe, mas nem todo mundo sabe que você existe. Só sabe quem acredita, e crenças são assunto absolutamente pessoais. Então tá tudo certo, uns acreditam, outros não. Por esse simples motivo, meu papo reto e direto nesse final de 2020 é com você! Aliás, ambos sabemos que essa cartinha faz parte da minha rotina de todos os anos, só que hoje não encontrarei você em nenhuma poltrona de shopping, por isso minhas palavras seguirão por aqui.

No ano cujas palavras são insuficientes para qualquer tradução, cada um se virou como pôde. Foi um tal de não sair de casa, tomar banho com álcool gel, limpar alimentos que trazíamos do mercado, cumprimentar o coleguinha com o cotovelo (que preguiça desse papo de “novo normal”), enfim… não foi fácil pra ninguém. Mas como minhas reflexões são da minha própria vida, falo pra você, de coraçãozinho totalmente aberto: não foi, e não está sendo fácil!

Sei que nessa época as cartinhas do mundo inteiro versam em torno  de único tema “eu me comportei e quero pedir de presente …”, de antemão aviso: não vou lhe pedir nada, a reflexão de hoje é sobre o tal comportamento, aquela palavrinha tão comentada (e temida) em tempos de Natal!

Aí Papai Noel, se joga na poltrona vermelha, tira as botas e coloca os pés em cima da mesinha de centro, papo sincerão hoje por aqui! O que alguém deveria fazer pra se enquadrar numa palavra tão ampla? Se o tal comportamento é uma mistura de condutas, atitudes, maneiras, modos, ações, reações, hábitos, oO que eu, mulher à beira dos 50 anos, deveria ter feito no decorrer do ano pra afirmar a você  que me comportei?

Obviamente não sei a resposta; apenas sei que eu fiz muito, eu senti muito, sofri muito, chorei muito, sorri menos que gostaria, trabalhei muito, acreditei muito, e amei… ah Papai Noel,  eu amo tanto… Mas será que AMAR MUITO integra a lista de bom comportamento? Não sei e não desejo catalogar sentimentos; esse, aliás, foi dos melhores aprendizados do desafiador 2020: EU SINTO, ponto final! Eu amo, ponto final. Eu tenho defeitos, ponto final. Eu posso tentar melhorar aquilo que me incomoda, sabendo que nem sempre é uma tarefa fácil, ponto final. Eu quero viver mais leve, não levar tudo tão a sério, ponto final.

Foi um ano duro, Papai Noel, mas tão potente! O ano em que perdi meu pai, o ano em que troquei a cidade grande pela roça, onde aprendi que sempre é tempo de aprender novos ofícios;  o ano em que questionei meu relacionamento e me separei, com respeito ao parceiro de tantos anos, às nossas filhas e, sobretudo, à mim mesma; o ano em que resgatei relacionamentos familiares, coloquei outros na gaveta e intensifiquei aqueles que me fazem bem… Quantas coisas aconteceram por aqui, querido Papai Noel… numa intensidade que, por vezes, me atropelou! De tudo digo a você, se a tal zona de conforto existe, eu desconheço!

Então é isso, meu querido amigo, fiz o que pude, como foi possível, da maneira que acreditei ser a melhor. Pra mim, tudo certo, é isso que vale! E daqui das noites estreladas da roça, nesse apagar das luzes desse 2020, olho pro céu na expectativa de que, quando você passar no trenó, receba meu beijo e acenos com ambas as mãos. Será um Natal diferente pra todo mundo (literalmente), e, de minha parte, apenas lhe digo: seguirei a estrada com o amor que cabe no meu coração, trilhando com atenção cada trilha.

Como sabiamente uma amiga disse nessa semana: “esse parece que é o brilho: se divertir buscando caminhos. Que graça teria ter todas as respostas?”.

Beijos meus!


Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu instagram é @lugastal.

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