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A tal felicidade
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Acordei com meu filho ao meu lado na cama. Ele tem 5 anos, e às vezes vem pra cama dos pais durante a noite. Lembro-me que fazia o mesmo quando era criança. Adorava o aconchego da minha mãe naquela cama quentinha. Hoje, fiquei olhando apaixonadamente para aquela criaturinha dormindo e agradecendo ao universo a ternura que estava sentindo.

Agradeci também a calmaria daquele momento. Não acordo mais no automático, como sempre fazia até bem pouco tempo atrás. Mal acordava, já estava vendo as mensagens do celular, enquanto preparava o café, definia o jantar (o almoço seria na rua!), a roupa que iria usar no dia intenso de trabalho, as decisões que precisava tomar.

Uma chavinha mudou e, hoje, acordo com mais calma, só vejo celular depois do café, aprecio a simplicidade do pão quentinho com manteiga enquanto converso trivialidades com meu marido.

Vim de uma geração que queria conquistar o mundo todo, aproveitar cada segundo com muita intensidade para construir e ter coisas. Saí de Curitiba em 2001 rumo à intensa São Paulo. Era tudo que sonhava, uma cidade grande onde pudesse colocar em prática o ritmo pulsante que vi- brava dentro de mim. Aqui, tive muitas oportunidades, empreendi, fiz amigos, estudei, casei, tive um filho.

Durante muitos anos, morei em Higienópolis, um bairro que me lembrava muito minha cidade natal, fazia tudo a pé, deixava a conta pendurada na vendinha e caminhava até a praça Vilaboi todo domingo, para comprar minhas revistas preferidas. Numa dessas, comprei a Superinteressante, que veio com um encarte especial chamado Vida Simples.

O ano era 2002, não existiam redes sociais e o celular era usado apenas para fazer e receber chamadas. Com o slogan “para quem quer viver mais e melhor”, Vida Simples queria trabalhar temas mais leves, para contrabalancear os dias frenéticos que estávamos vivendo. O foco era o autoconhecimento, alimentação natural, consumo consciente, entre outros temas humanos. O encarte fez tanto sucesso que a Editora Abril resolveu transformá-lo em um título mensal.

E eu passei a colecionar.

O autoconhecimento sempre caminhou lado a lado com meu desenvolvimento profissional. Assim, terapia tinha o mesmo valor que um curso de negociação. A revista tornou-se uma espécie de
“conselheira” em muitos momentos complexos pelos quais passei, junto aos livros de negócios que orientavam meu lado empreendedora.

Um dia, insatisfeita com os rumos do meu negócio, decidi abrir uma edição, como se fosse um oráculo que daria uma resposta. E lá, veio o insight de apresentar à editora um plano para tornar o
conteúdo incrível da minha querida revista em um projeto educacional. E, há exatos dois anos, desde 2018, este é meu propósito.

Comprei os direitos da marca e a transformei em uma plataforma multimidia, com a missão de levar este conteúdo inspirador a muito mais pessoas, adultos que, como eu, tiveram pouca educação sócio-emocional na sua formação e que em um momento como o que estamos vivendo e que vamos presenciar muito em breve, será fundamental à manutenção de nossa saúde e bem-estar emocional.

Vida Simples me ajudou a enxergar que a felicidade está nas pequenas coisas, na valo- rização do ser, nos abraços, nos encontros, no almoço junto a familia, no observar meu filho dormindo, sem a pressa de sair da cama, nos momentos de silêncio, nas pequenas atitudes que tenho e que ajudam a transformar o mundo, entre outras tantas coisas que pacificam a alma.

E, hoje, neste artigo, quero agradecer esta casa, a Editora Abril, por meio da Vejinha, por ter permitido que eu conte de onde vem a tal da felicidade para mim. Ela vem disso tudo, que vocês criaram lá atráse que eu tenho a honra de dar continuidade!


Essa é a reprodução do texto da CEO da Vida Simples, Luciana Pianaro, na Veja SP de 24 de outubro de 2020.

criancas

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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