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5 livros para aprender a relaxar
Igor Rodrigues | Unsplash
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Logo nos primeiros dias de confinamento na pandemia — que eu carinhosamente chamo de “primeira temporada”—, descobri que não sabia relaxar. Essa percepção surgiu a partir daqueles momentos estranhos, em que a gente se viu sem opção (a não ser apreciar a própria companhia e o som do silêncio).

Mesmo sem poder sair de casa, fazia questão de me manter extremamente produtiva e ocupada o tempo todo. Fazendo cursos online ou lendo um livro atrás do outro. Até o dia em que meu marido discretamente perguntou o motivo de tanta pressa, já que não existia sequer previsão de uma mudança de cenário. Ouvir aquilo foi como se o chão abrisse para que eu caísse dentro de um buraco sem fundo. E foi ali que percebi o quanto sou dependente do meu estilo de vida atribulado, com cada minuto ocupado, programado e planejado.

Conversando então com alguns amigos, entendi que, na verdade (embora pouco se diga sobre isso), não saber, não querer ou não conseguir relaxar é tão normal quanto torcer para o inverno chegar e, em seguida, reclamar de saudade do calor do verão.

Quantos minutos você consegue ficar sem fazer nada? E por “nada” entende-se também ficar sem TV e celular.

Quantas vezes durante a última semana você se sentiu cansado, sonolento, contando os minutos para chegar em casa, mas, ao chegar, a sensação não passava?

Aliás, alguma vez já passou pela sua cabeça que talvez você não queira, não saiba ou não consiga apenas relaxar?

Antes de prosseguir, venho com um pedido: “Desencoste os dentes!” (eis aí outro grande problema do séquito de hipervigilantes: apertar os dentes!)

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Livros para aprender a relaxar

Separei algumas leituras que me obrigaram (parece forte, né? Mas foi exatamente isso) a pensar sobre o cansaço, o estilo de vida pós-moderno e como muitas vezes perdemos as preciosas e raras chances de realmente relaxar e renovar as energias simplesmente por não saber mais o que fazer para “desligar” o pensamento.

Eu não sei se isso acontece com vocês, mas já me peguei lendo na esteira, pintando a unha enquanto via um filme e ditando a agenda do dia seguinte para a Alexa enquanto cozinhava. Ou seja, estava fazendo mil e uma coisas, só que vestindo uma capinha hipócrita de “estou me exercitando”, “cozinhar relaxa”.

Até o momento, confesso que não cheguei à nenhuma conclusão. Mas, será mesmo que é necessário? Dessa vez, o que aprendi com os livros foi que o problema não é individual, mas a solução pode ser.

Assim como a positividade em excesso, a produtividade também pode ser tóxica. Dia após dia venho tentando me dedicar a arte do dolce far niente.

E você, já parou para pensar sobre o que te deixa cansado e como relaxar?

Não aguento mais não aguentar mais: Como os Millennials se tornaram a geração do burnout – Anne Helen Petersen

Editora Harper Collins – 336 páginas
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“Então, ser adulto – e, consequentemente, completar sua lista de tarefas – é difícil porque viver no mundo moderno de alguma forma consegue ser, ao mesmo tempo, mais fácil do que nunca e absurdamente complicado. […] todos os dias, temos coisas que precisamos fazer, lugares em que nossa energia mental precisa ser utilizada primeiro. Mas essa energia é finita, e quando você fica tentando fingir que não é… é aí que o burnout aparece.”

Sem dúvida escolher só um trecho do livro que eu marquei de tantas cores em quase todas as páginas foi um baita desafio. Além de falar sobre o cansaço, a “recente” e assustadora epidemia de burnout e a forma como a geração Millennials encara a vida adulta, o livro ainda oferece um panorama interessante sobre as mudanças das relações de trabalho no pós-guerra e com a chegada da tecnologia. E sabe o mais legal? Ajudou muito na minha busca por um sentido para o cansaço.

A Sociedade do Cansaço – Byung-Chul Han

Editora Vozes – 136 páginas
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Ser motivado é legal, usar mecanismos diversos para aumentar a produtividade também. Mas quão desgastante pode ser a vida do indivíduo que nunca para?

“As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados – tornando-as vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época em que poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos.”

O pequeno trecho da sinopse deixa bem evidente o motivo de o livro ter feito tanto sucesso no país e no mundo. São 136 páginas de explosão mental, de um questionamento que nunca mais vai abandonar o leitor. Vou confessar que não aprendi a relaxar, mas desde então mantenho os olhos bem abertos para a autocobrança.

A Arte de pegar leve – Dr. Brian King

Editora Latitude – 253 páginas
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Agora sim, vamos falar de um livro que me ajudou a relaxar e quem sabe também não opera esse pequeno milagre por você? Afinal de contas é quase impossível não rir em meio às situações bizarras hipotéticas que o autor usa como metáfora para trazer o estresse do cotidiano para a mesa de debate.

E em meio aos sorrisos entre as páginas eventualmente a gente acaba refletindo na parte mais séria da coisa: os efeitos físicos do excesso de trabalho, de estresse e ainda os maus hábitos gerados pela ansiedade. Um exemplo interessante e facilmente perceptível na vida real é a compulsão alimentar, a insônia e as dores de estômago constantes claramente associados ao trabalho. Ou aos indivíduos que nunca relaxam e transformam qualquer primeiro dia de aula em uma invasão alienígena.

NIKSEN: Abraçando a arte holandesa de não fazer nada – Olga Mecking

Editora Rocco – 192 páginas
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Ah, como eu queria ser holandesa! Durante a leitura eu só pensava em como deve ser maravilhoso já crescer sendo incentivado a trabalhar duro em alguns momentos e descansar com o mesmo entusiasmo em outros.

E digo mais, a autora do livro, que não é holandesa e por isso teve a chance de comparar o estilo de vida com o de diversos outros lugares por onde ela já havia morado, deixou bem claro que para eles “a arte de não fazer nada” é tão natural quanto a luz do dia. Parece que os holandeses vivem exatamente como todos nós deveríamos: no presente.

A arte de relaxar – Thich Nhat Hanh

Editora Harper Collins – 107 páginas
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“Você não precisa reservar um tempo especial para relaxar. Não precisa de um travesseiro específico nem de um equipamento sofisticado ou de uma hora inteira de descanso. Na verdade, este momento, exatamente agora, é perfeito para isso.”

Tudo que eu disser depois do Thich Nhat Hanh sempre vai parecer desnecessário. E quem acompanha a coluna há algum tempo já deve ter me visto falar – talvez até em vídeo – o quanto esse monge vietnamita e a prática descomplicada e acessível do mindfulness propaganda de forma respeitosa e encantadora por ele, mudou a minha vida. Ele faleceu em janeiro deste ano. E eu chorei. Lágrimas de gratidão por ter tido a chance de, como diria Carl Sagan “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”

E foi assim que eu entendi e aceitei que relaxar é tão importante quanto TODO o resto. Passei a tentar momentos de relaxamento sempre que consigo.

E você? Teria mais algum livro para indicar? Comente aqui!

Leia todos os textos da coluna de Rayza Fontes em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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