Mulheres do Xingu: exposição retrata ancestralidade feminina
Projeto fotográfico destinará metade da renda para que mulheres indígenas possam ser livres e ter autonomia como os homens da tribo
Projeto fotográfico Mulheres do Xingu destinará metade da renda para que mulheres indígenas possam ser livres e ter autonomia como os homens da tribo
A partir de uma ida ao Xingu, no Mato Grosso, para fotografar o ritual de passagem de menina para mulher da neta do cacique Mapulu Kamaiurá, Sitah ajudou a construir o projeto Mulheres do Xingu, que apresenta até 13 de outubro no Unibes Cultural, em São Paulo. A exposição de fotos tem a ancestralidade, a natureza e o feminino como mote.
Foi à beira do rio Xingu que Sitah se aproximou-se das mulheres locais, em especial de Watatakalu, uma das líderes da tribo. Lá, descobriu que elas estavam organizando o primeiro encontro de mulheres do Xingu. Com duração de cinco dias, o evento na aldeia Ilha Grande dos Kaiabi reuniu mulheres de várias etnias.
Mulheres da tribo
Juntas, decidiram fazer a exposição de fotos Mulheres do Xingu. “A intenção é dar força para que elas possam falar sua mensagem. A venda das fotografias, com metade do lucro para elas, é para que tenham autonomia para saírem das aldeias e irem onde quiserem ir”, relata Sitah.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem atualmente 225 povos indígenas no Brasil. Então, por que escolher essas mulheres para serem retratadas? “O que me instigou a seguir no projeto foi algo que escutei delas. Me disseram que o movimento era diferente porque queriam andar ao lado dos homens, ter voz, reivindicar os direitos”, diz.
Sobre a tribo, Sitah explica que tradicionalmente os indígenas xinguamos são muito organizados e politizados – tanto que há representantes homens em Brasília. Contudo, assim como a construção patriarcal da sociedade em geral, as mulheres da tribo foram destinadas a ficar nas aldeias, cuidando do território e sustentando as tradições. “Mas elas sentiam que os homens não estavam representando as ideias que tinham e decidiram que queriam falar por elas mesmas e somar na luta para preservação da natureza e dos saberes ancestrais do seu povo”, comenta Sitah.
Redescobrindo caminhos
No caos da sociedade contemporânea e na crescente violação da natureza, as mulheres do Xingu têm algo simples para nos ensinar: somos parte da natureza. “É ela que nos provê tudo, não existe desenvolvimento que seja mais importante do que ar que respiramos, a água que bebemos e o alimento saudável que ingerimos – para isso precisamos da floresta em pé”, expõe a fotógrafa.
Exposição Mulheres do Xingu
Data: até 13 de outubro
Local: Unibes Cultural, rua Oscar Freire, 2500, São Paulo – SP
Para comprar as fotos, o contato pode ser feito diretamente com Sitah pelo Instagram (@sitah_photoart), pelo e-mail ([email protected]) ou pelo telefone (99495-7808)
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