Para conscientizar as crianças sobre o meio ambiente
É preciso fazer isso com mais alegria e menos pânico, trazendo a convivência com a natureza para perto, para que exista uma conexão amorosa com a vida e a vontade de cuidar dela
Nesta sexta, 20 de setembro, muitas pessoas e organizações importantes no mundo todo estão realizando ações ligadas à atenção com o meio ambiente. Lá fora, muitos pela Caminhada pelo Clima, e como por aqui, o assunto é nós e as crianças, resolvi trazer uma rápida reflexão. Há décadas ouvimos falar que o efeito estufa era uma grande ameaça para vida na Terra.
As escolas abordavam ecologia apenas como uma parte da matéria de ciências. Com o tempo, esse espaço tem aumentado. Fala-se de aquecimento global, el niño, animais em extinção, reciclagem, ecossistema e algumas instituições incluem horta orgânica como atividade escolar, mas não sei se tudo isso é mostrado com uma linha de conexão entre os temas, onde o centro seja a preservação da vida no nosso planeta. De qualquer forma, estamos tendo provas diárias de que extrapolamos os limites do impacto ambiental. O que vivemos hoje é uma grande crise, não mais uma ameaça. E nossas famílias com isso?
Baseado-se em tudo que temos presenciado em consequência da exploração ambiental, podemos admitir que o problema respiratório ou a alergia ocular do seu filho não é só efeito da mudança de temperatura ou de um vírus. A começar pelo ar, a falta de umidade, os elementos prejudiciais à respiração e a real quantidade do elemento Oxigênio é bem menos do que imaginamos.
Depredamos recursos que poderiam ser nossos remédios, ficamos doentes e buscamos cura em laboratórios. As leis de Darwin continuam sendo aplicadas e quem possui fragilidades, sofre demais com isso. Aos poucos nos encaminhamos para um destino de sobreviventes. Já são incontáveis as experiências ruins vivenciadas entre nós, nossos vizinhos e parentes. E o problema é global. Fazer o menor impacto possível para não piorar o que já está ruim é algo para ontem.
Tudo isso para a gente chegar à conclusão de que a emergência faz com que, para as crianças, o assunto meio ambiente não seja apenas pauta para ciências ou biologia na escola. A partir daí, uma nova questão surge: como envolver e sensibilizar as crianças em casa a ponto de que elas não sintam mais medo do que vontade de transformar?
Muito se fala de uma natureza em risco e pouco do que é a própria natureza e de maneira globalizada e interligada. Claro que todos nós precisamos saber que nosso lixo está poluindo os mares ou que para produzir uma simples garrafinha de plástico, a indústria contamina o ar e abusa dos recursos naturais, mas o pânico e a distância pode tomar lugar de um espaço que poderia ser preenchido com amor e empatia pelo que é parte nós.
O que faz de fato uma criança querer fechar a torneira durante a escovação dos dentes ou produzir menos lixo e reciclá-lo de forma correta, não deveria ser o receio do fim da vida no planeta. Esse medo nos distancia ou mesmo paralisa.
Ainda estamos em tempo de mostrá-los o quanto somos natureza e expor isso com a alegria do contato. Quem tem crianças em casa deve vivenciar experiências de natureza e contemplação para além do tradicional passeio escolar nos parques-fazenda. Além da reciclagem ou da redução do consumo doméstico, estar próximo das diferentes formas de recursos naturais precisa ser cotidiano em uma família.
Não só nas férias, no dia-a-dia mesmo. Buscar mais parques, ver cachoeiras e rios, visitar hortas, ir a reservas, observar animais, brincar ao ar livre, ver diferentes biomas Nos faz valorizar a importância de preservar essas possibilidades. E nos ensina que a natureza também é nossa casa e nossa cura.
O amor só surge a partir da convivência, não é assim? Na relação com a natureza não é diferente. Quando as crianças entendem que ela não está só lá na mata, na praia, longe delas, esses pequenos agentes de transformação tomam como uma questão da manutenção da própria vida de maneira saudável.
Que a vida natural não está só no vasinho de plantas, no bichinho de estimação… Talvez nem em nós adultos essa ficha tenha caído, mas saber que somos continuação das águas e dos recursos naturais pode ser um bom ponto de partida para a mudança. Ver formas diferentes de vida, com mais leveza e menos pânico, para entender que são formas de vida tanto como somos.
Luísa Alves é relações públicas e criadora da plataforma Guia Fora da Casinha, na qual compartilha conteúdo sobre infância e mater-paternidade na cidade, além de agenda cultural pra quem tem crianças em São Paulo. Nesta coluna, quinzenalmente, traz reflexões sobre cidadania, cultura e lazer na infância, fortalecimento de mães e sobre o estilo de vida com crianças. Seu instagram é @guiaforadacasinha
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