Como descobrir uma pessoa mentirosa?
Todos nós contamos mentiras. Alguns mais, outros menos. Apesar de não ser simples descobrir um mentiroso, esse pode ser um exercício interessante. Ao aprender a identificar a mentira podemos nos colocar a um passo adiante das pessoas com as quais nos relacionamos.
Todos nós contamos mentiras. Alguns mais, outros menos. Apesar de não ser simples descobrir um mentiroso, esse pode ser um exercício interessante. Ao aprender a identificar a mentira podemos nos colocar a um passo adiante das pessoas com as quais nos relacionamos.
Não escapa um. Todos nós mentimos. É o que garante o pesquisador David Livingstone Smith, um conceituado estudioso da arte de não dizer verdades. Em sua obra “Os fundamentos biológicos e psicológicos da mentira” ele faz revelações intrigantes. Afirma, por exemplo, que, de acordo com suas pesquisas, em média uma pessoa conta três mentiras a cada dez minutos.
Você parou para pensar nesses números? São dados assustadores. Se fizermos uma conta rápida, em apenas uma hora de conversa ouviremos quase vinte mentiras! E não para por aí! Se incluirmos no pacote as que nós mesmos estaríamos contando, o total passa de quarenta. Para brincar com o próprio tema, vamos imaginar que o autor tenha passado essa informação dentro da sua própria cota de inverdades, exagerado na contagem e, digamos, dobrado o resultado. Ainda assim seria mentira para ninguém botar defeito.
Smith ressalta que nessa contagem entrou toda sorte de mentira, até aquelas consideradas leves, inofensivas, que nunca condenariam alguém a fazer estágio no purgatório. Na maioria dos casos, são as chamadas “mentirinhas brandas”, contadas com o objetivo de evitar mal-estar social.
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Como identificar um mentiroso?
Observar e interpretar o comportamento das pessoas que nos cercam e a forma como se comunicam é um bom treino. Nas frequentes disputas que empreendemos na vida corporativa, na convivência social, no relacionamento familiar, com um pouco de atenção e bastante prática será possível notar de maneira mais clara, não apenas o que as pessoas falam, mas, especialmente, o que não dizem ou não gostariam de dizer.
A finalidade não deve ser o de caçar fantasmas em todo canto. Nem todas as pessoas que contam uma ou outra mentira devem ser necessariamente condenadas. Já vimos que mentir é, de certa forma, comum. Posso dar aqui o meu testemunho pessoal. Possuo alguns amigos queridos, pelos quais tenho enorme apreço, que vez ou outra, sem muita dificuldade, percebo que contam umas inverdades. Tento entender por que agem dessa forma. Há momentos em que desejam apenas se defender, em outras ocasiões querem se projetar para serem mais admirados. No fundo, é tudo gente boa.
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Há mentirosos, porém, que beiram ao profissionalismo. São tão competentes que até eles mesmos chegam a acreditar nas próprias invencionices. Usam tantas vezes as mesmas mentiras em seus argumentos que chegam a se convencer que estão dizendo a verdade.
São inúmeras as táticas usadas para mentir. Uma delas, que ilude a maioria dos interlocutores, é a pessoa relatar várias verdades e, no meio da narrativa, valendo-se do mesmo ritmo e da mesma entonação, incluir a mentira. A impressão que passam é a de que tudo o que dizem seja verdadeiro.
É mentira ou não é?
Depois de ficarmos mais atentos para perceber mentiras, corremos o risco de cometer equívocos. Uma reação peculiar de certas pessoas pode ser tomada como indicação de mentira, quando na realidade trata-se apenas do jeito natural de ela se comportar.
Não é simples descobrir um mentiroso. Smith diz que somente uma em cada mil pessoas identifica sinais de mentira nos outros. Mesmo aqueles muito experientes atingem níveis baixíssimos de acerto. Segundo o pesquisador, os políticos são tão bons mentirosos que chegam a iludir 90% desses observadores tarimbados.
Wilhelm Reich na obra “Análise do caráter” diz que “A linguagem humana atua, interfere na linguagem da face e do corpo. Por isso, a expressão total de um organismo deve ser literalmente idêntica à impressão total que o organismo provoca em nós”.
Por esse motivo, mesmo sendo difícil é possível descobrir quando uma pessoa mente. Ninguém consegue controlar o tempo todo a linguagem corporal. Especialmente o semblante. Na maior parte das vezes o mentiroso se trai pela comunicação fisionômica.
Esse é um exercício interessante. Ao aprender a identificar a mentira podemos nos colocar a um passo adiante das pessoas com as quais nos relacionamos. Essa habilidade nos protege e evita que sejamos enganados, ludibriados, mas não deve ser motivo para mantermos o dedo em riste sempre acusando as pessoas. Afinal, quem nunca mentiu que atire a primeira pedra.
Leia todos os textos da coluna de Reinaldo Polito em Vida Simples.
REINALDO POLITO (@polito) é mestre em Ciências da Comunicação, palestrante, professor nos cursos de pós-graduação em Marketing Político e Gestão Corporativa na ECA-USP e autor de 34 livros que já venderam 1,5 milhão de exemplares em 39 países. Sua obra mais recente é “Os Segredos da Boa Comunicação no Mundo Corporativo”.
*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.
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