Transformação: Terapias e práticas para manter a mente sempre aberta
Desde muito pequena meus pais me levavam para benzer. Na minha primeira experiência, eu tinha apenas um mês de vida. Benzer é uma prática muito antiga ? ganhou força no período da colonização com a chegada de imigrantes. Com o tempo, perdeu a popularidade que tinha, mas até hoje ainda é presente em pequenas cidades, […]
Desde muito pequena meus pais me levavam para benzer. Na minha primeira experiência, eu tinha apenas um mês de vida. Benzer é uma prática muito antiga ? ganhou força no período da colonização com a chegada de imigrantes. Com o tempo, perdeu a popularidade que tinha, mas até hoje ainda é presente em pequenas cidades, como a que meus pais moram, em Agudo (RS).
Por lá, já fui benta por várias senhoras, cheias de uma sabedoria rica, passada a cada geração. Benzer vem de fazer a cruz, e os motivos de quem recorre à prática são diversos. Dos males que a benzedura promete curar ou apaziguar estão desde picada de insetos, cobreira, passando pela tradicional reza contra o mau-olhado e quebranto, chegando a preces para sarar do estresse e aliviar dores.
Os instrumentos para isso são simples: ervas, uma bíblia, sal, velas e, às vezes, alguns elementos inusitados, como ovos. Meses atrás eu não conseguia dormir bem. Estava aflita e nervosa ? não sei dizer o motivo, mas foram dias de certa angústia. Recorri à benzedura da dona Ila Abich, que mora perto da casa dos meus pais. Aos 68 anos, ela vive em uma residência humilde, cria galinhas, perus e patos, e tem uma clientela enorme e fiel. Ela me leva para um cômodo, que parece uma sala. Pede que eu fique de pé enquanto segura algumas folhas de arruda.
Mantenho os olhos abertos enquanto ela faz algumas rezas e gesticula com movimentos que não me parecem lógicos, mas próprios dessa prática. Pergunta o que eu estava sentindo nos últimos dias. Em seguida, pega uma linha e, enquanto segura os ovos, me mede. Estranho, mas me mantenho firme na crença. Ela diz: ?você está bem carregada?. Entendi o recado: a minha energia não estava nada boa. Meu tratamento durou três dias.
No primeiro, ela explicou que, para realmente funcionar, eu precisava voltar mais duas vezes. Jogou os ovos fora e nos despedimos. Eu havia chegado lá cansada, pra baixo, e agora saia mais disposta. Naquela noite, já senti uma melhora no sono. No final do terceiro dia, ela disse: ?Pronto, você está limpa?, depois de repetir o mesmo ritual. Por mais que a ciência não encontre explicação para essa atividade tão antiga e popular, muitos ? inclusive eu ? continuam fiéis à benzedura pelos benefícios sentidos na prática. Eu fiquei mais leve, e meu sono teve muito mais qualidade.
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