Comida raiz
Uma alimentação equilibrada e saborosa pode estar mais perto do que se pensa: nos alimentos locais, diversos e que exaltam nossa tradição à mesa

“Comida é identidade, cultura e história. É ciência, natureza e botânica. É o próprio planeta. É nossa família, nossa filosofia, nosso passado. É a questão mais importante da nossa vida. É mais que os ingredientes que a compõem. É transcendente”, escreve o jornalista e escritor norte-americano Bill Buford na apresentação do bicentenário do livro A Fisiologia do Gosto (Companhia de Mesa), de Brillat-Savarin – o primeiro grande gastrônomo que o mundo conheceu. E arremata: “Mas é também uma simples refeição. Não significa grande coisa. É uma coisa séria, e ao mesmo tempo não é”.
Comer, nos dias de hoje, tornou-se uma tarefa difícil, quando deveria ser algo quase prosaico, instintivo. Mil dietas, centenas de estudos publicados: o pico de glicose faz mal, devemos evitar os ultraprocessados, aumentar a ingestão de proteínas, comer a cada três horas – ou, pelo contrário, fazer jejuns de mais de 12 horas para “limpar” o metabolismo. Coma de forma saudável, coma mais plantas, mas nem pense em margarina, porém evite tanta manteiga. Reduza o consumo de carne de vaca – que, além de tudo, é um dos principais alimentos associados às mudanças climáticas. Seja vegetariano, mas eventualmente coma peixe (desde que não venha de tanques intensivos). Seja onívoro, mas priorize uma alimentação mais amiga do clima, valorizando produtos locais.
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