A filosofia do Bem Viver propõe princípios para uma vida plena
A sabedoria ancestral do Bem Viver ensina que a vida plena resulta da consciência acerca da interconexão entre todos os seres; entenda melhor esse conceito norteador de boas práticas
Cada um de nós tem um ideal sobre o que significa viver bem. Para muitos, possivelmente, resume-se a acumular milhões.
Para outros, pode-se traduzir por saúde e qualidade de vida. Há também quem acredite que basta estar com seu grande amor, dentre muitas variantes.
Entretanto, na história da humanidade, é notório que, quando um grupo de pessoas vive materialmente bem, um grande contingente vive socialmente mal.
Além disso, a expressão qualidade de vida, dependendo das práticas, tem causado sérios danos à natureza. Pois, em certos casos, os recursos naturais utilizados para o conforto, o consumo, o status, a aparência e a ostentação de alguns acabam por desestruturar a harmonia e a vitalidade de culturas. Tanto humanas, como de animais e de florestas, resvalando no desequilíbrio climático.
Há uma voracidade no modo de vida do ser humano que tem de ser revista urgentemente.
A filosofia do Bem Viver
Algumas culturas de povos antigos, nitidamente os povos indígenas originários da América do Sul, ao longo dos milênios de suas experiências de vida comunitária, desenvolveram uma filosofia chamada de Bem Viver, que se contrapõe a essa avidez inconsequente.
Os povos andinos, como os quechua e os aimarás, chamam-na de Sumak Kawsay; os povos da Mata Atlântica e da Amazônia, de tekoá-porã.
O Bem Viver, segundo essa sabedoria ancestral, propõe alguns princípios para uma vida plena. O principal deles é reconhecer que a vida se dá pela interconexão de todos os seres que se nutrem mutuamente das dádivas de um grande ser: a Mãe-Terra.
Ela, por sua vez, recebe do cosmos, com suas estrelas, sóis e luas, a misteriosa energia que mantém a existência e a evolução da consciência em curso.
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Um jeito de pensar em coletivo
Por isso, o Bem Viver pressupõe reciprocidade, cuidado com o lugar que habitamos, interação com a multiculturalidade, solidariedade e a constante disponibilidade para a lapidação da própria consciência.
Também é por meio da qualidade das nossas ações no mundo, da qualidade da expressão dos nossos sentimentos e modos de pensar, que podemos gerar uma existência digna e plena.
Enfim, a filosofia pluricultural do bem viver nos ensina que a verdadeira plenitude está em caminhar com sensatez e respeito junto à Mãe-Terra e seus habitantes.
Praticando a interdependência, a sustentabilidade e buscando desenvolver a consciência, para que todos os seres possam desabrochar.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 265 da Vida Simples
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