O que a postura do corpo diz sobre as suas emoções?
Braços abertos e sorriso no rosto ou postura cabisbaixa e contida: o nosso ânimo influencia a nossa postura? Entenda a relação entre as emoções e o corpo humano.
Levanta a cabeça, coloca um sorriso no rosto e acredite no seu potencial. Você já deve ter dito isso a alguém ou até mesmo recebido esse conselho de amigos ou familiares. Afinal, o que a postura diz sobre as nossas emoções?
Além de representar uma posição corporal, ela expressa nosso ânimo e faz parte de um imaginário social. Assim, é comum que todo mundo perceba que você está triste quando anda cabisbaixo pelos corredores do trabalho ou feliz, quando chega em um evento com o peito aberto. Não à toa, esse tópico interessa também aos cientistas, que se dedicam a estudar de que forma isso ocorre no corpo.
Nosso corpo se adapta segundo os nossos sentidos
As emoções são consideradas, neste campo, fenômenos psicofisiológicos, embora tenham um aspecto adaptativo em relação às mudanças do meio. É por isso que nem sempre estamos felizes, tristes ou empolgados durante todo o dia. Isso depende do contexto em que estamos inseridos. “Alteram a atenção, mudam certos comportamentos nas hierarquias de resposta, e ativam redes associativas relevantes na memória”, explica José Luís Pimentel em sua tese de doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo o pesquisador, as emoções influenciam diretamente a percepção por meio dos sentidos. “Isso afeta os processos de informação e ações subsequentes”, destaca no estudo. Mas é comum que a postura e as emoções tenham uma forte relação e seja mais perceptível. “No entanto, estas duas características humanas permanecem com muitos pontos obscuros e sem comprovação científica da sua relação”, afirma.
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A postura e as emoções podem caminhar juntas?
É bem verdade que diversas técnicas medicinais e práticas ancestrais utilizem o corpo para promover uma saúde mental de qualidade. Talvez você lembre das posturas do yoga e a própria respiração, que são cruciais para levar a mente a um estado de concentração e relaxamento. Ou, ainda, diversas massagens que ajudam a reduzir a tensão ou a ansiedade.
Para José Luís Pimentel, a relação entre posturas e emoções é recíproca. “Assim, de um lado as alterações na mímica facial e na postura corporal expressam variações dos estados internos, de outro, elas podem também provocá-las”, lembra o estudioso. Ele explica na tese que trata-se de uma dinâmica complexa de desencadeamento, em que vários componentes podem ser ao mesmo tempo consequência ou fator desencadeador.
Uma emoção tem a capacidade de organizar, de forma rápida e eficaz, respostas fisiológicas em diferentes sistemas do corpo. A expressão facial, a voz ou a atividade endócrina são exemplos.
É por isso que sua voz soa diferente quando comunica algo triste ou feliz. Mas a forma como inserimos nosso corpo no mundo é fundamental para que seja possível alcançar o objetivo que almejamos. Segundo os padrões sociais e culturais que também entram nessa equação, não dá para chegar com uma postura triste em uma entrevista de emprego ou sorrindo de braços abertos em um velório.
Por que a postura do corpo é tão importante?
Amy Cuddy é uma pesquisadora na área de Psicologia Social e atuou como professora, entre outros lugares, na Harvard Business School. Escritora e palestrante, ela defende que a postura e a forma como nos comunicamos diante de outras pessoas impactam como somos vistos e até mesmo na produção de emoções pelo corpo. Em seu TED Talk, ela afirma que pessoas que se posicionam de forma “poderosa” experimentam alta de 20% na testosterona.
Além disso, o cortisol – hormônio relacionado ao estresse – cai até 25% em pessoas de alto poder, ao mesmo tempo em que aumenta nas pessoas de baixo poder.
Autora do livro O poder da presença: Como a linguagem corporal pode ajudar você a aumentar sua autoconfiança* (Sextante), Amy Cuddy é idealizou a técnica da “pose do poder”. Abrir o peito e esticar os braços, erguer os braços para festejar vitória, levantar o queixo, manter a coluna ereta e assumir o ar de posse da situação. Expressões corporais como estas são consideradas poses de poder.
A psicóloga e palestrante explica em seu livro que, embora as culturas humanas sejam complexas e múltiplas, algumas emoções podem ser universais. Elas seriam a raiva, medo, repulsa, felicidade, tristeza, surpresa, desprezo, vergonha e orgulho. No entanto, podem se manifestar a partir de diferentes características e comportamentos. “Nossas expressões faciais, vocalizações e até postura e movimentos tendem a se harmonizar, comunicando assim informações sociais importantes sobre quem e o que merece nossa confiança“, explica.
Ela destaca que, quando nos sentimentos poderosos, em vez de adotarmos uma postura defensiva em relação aos outros, nos dispomos a nos abrir, ou vice-versa. Assim, o impacto que a postura promove no corpo e a influência que as emoções exercem nesse campo é fundamental. Assim, conseguimos comunicar bem aquilo que queremos. No entanto, essa afirmação de Cuddy recebeu críticas e já foi questionada cientificamente sobre a eficácia. Apesar da polêmica, vale a pena testar por aí e ver como você reage à essa mudança de postura.
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