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Como expressar sua espiritualidade de forma autêntica
Lil Artsy
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A espiritualidade não é e nem tem um lugar ou doutrina; não impõe dogmas; não necessita de hora marcada; não exige uma vestimenta específica; não pede velas, incensos, banhos de ervas, essências e músicas, embora tais recursos possam colaborar para tornar uma situação ou um ambiente mais harmonioso.

No meu caso, demorei bastante tempo para entendê-la e vivenciá-la de modo legítimo. Na busca por compreender quem sou e o que estou a fazer neste planeta, passei por diversas religiões, frequentei encontros agnósticos e espaços livres de desenvolvimento espiritual – embora igualmente carregados de dogmas –, além de uma relação com as práticas holísticas. Contudo, até meia década atrás, quando eu somava 35 anos de idade, e dava mais importância à matéria do que ao espírito, o sentimento de incompreensão ainda prevalecia. Faltava me (re)conectar com a espiritualidade e entendê-la verdadeiramente.

O escritor, focalizador e metafísico Marcello Cotrim explica que, de modo amplo, a espiritualidade representa a conexão com o sagrado, ou seja, uma percepção que vai além do mundo físico. Trata-se de entendermos que somos espíritos em essência e que devemos nos conectar ao que está além do nosso ego.

“Compreendo a espiritualidade como a consciência de que você é um espírito aqui no plano material. Então você vivencia uma experiência terrena, passageira, que certamente é só um ciclo que se intercala com outros ciclos espirituais. Por isso, não vejo a verdadeira espiritualidade como uma questão de acreditar, mas de estudar e vivenciar a conexão que temos com outras dimensões por meio de outros corpos e a consciência multirreencarnatória, a qual permite a você se perceber como um espírito num certo tempo e espaço carnal, físico, mas que é passageiro também.”

Como vivenciar a espiritualidade de forma plena

Assim como aconteceu comigo, assimilar que a vivência da espiritualidade não acontece a partir de algo palpável, ou de uma fórmula mágica que esteja à venda, é o maior desafio para que cada um consiga desenvolvê-la. “O grande objetivo inicial é que as pessoas não materializem a espiritualidade como costumam fazer, com rituais e inúmeras muletas espirituais, que na verdade são excessivas ou até desnecessárias. Na verdade, precisamos de contato direto com a essência divina. É preciso meditação, experiências espirituais, abrir os chakras, expandir a consciência. Por isso que digo sobre a importância de um desenvolvimento paranormal, que é acessível a qualquer pessoa, a partir das práticas energéticas, bioenergéticas e meditativas”, enfatiza Marcello, que é também fundador do Espaço Entrevidas.

Quem também corrobora com essa ideia é Jus Prado, escritora, especializada em hatha yoga e à frente da Lotus Viajante, plataforma de estudos online sobre autoconhecimento e espiritualidade. Recorrendo ao pensamento do físico indiano Amit Goswami, doutor no campo da Física Quântica desde 1964, e que enfatizou que “a consciência é a base de todos os seres”, ela salienta que a polarização advinda principalmente da ciência e da religião limita a visão das pessoas de que não somos apenas integrantes de um mundo físico. “A ciência predominante afirma que tudo é matéria e exclui a subjetividade do plano espiritual. Já a religião trata apenas do plano espiritual e condena a objetividade da matéria”, diz.

Foto Roman Kraft

Jornada interior

A espiritualidade é a vivência e compreensão de uma jornada interior e ininterrupta. Mas tal processo interno, em suma, nada mais é do que a ligação profunda com nossa verdadeira essência, ou seja, nosso Eu Superior, que, por conseguinte, é a expressão da alegria e do amor incondicional da Fonte Criadora, origem energética de todo o Universo. Por isso mesmo, é importante libertar-se da imagem de um deus terreno a comandar tudo de seu tablet. Ou, deixando o bom humor da frase anterior de lado, acreditar que o deus de um é melhor do que o do outro. Somos e estamos em conexão com o todo. Essa consciência e prática resultam, consequentemente, no desenvolvimento da espiritualidade, tornando-nos livres e no comando de nossos instintos. Todavia, precisamos manter sempre essa conexão e não nos tornar escravos do materialismo, sobrepondo-o ao espírito e ao seu propósito.

Como reforça Jus Prado, estamos tão identificados com a concretude da vida material e com o fulgor das relações virtuais que estabelecemos uma enorme dificuldade na relação com nós mesmos e na consciência do que somos. “Além disso, o Brasil é um dos países com maior índice de ansiedade e depressão. Isso revela o quão distante a maioria da população está do reconhecimento de si mesma em sua totalidade. Então acredito que desvincular de ideias errôneas sobre a espiritualidade na vida cotidiana é um processo de despertar para o autoconhecimento que cada um irá vivenciar de uma maneira diferente. Tudo é aprendizado, e acredito que o autoconhecimento é a chave para a nossa evolução”, aponta.

Já Marcello Cotrim enfatiza que pelo estudo e a vivência de uma espiritualidade profunda, ampla e universalista, conseguimos compreender o objetivo maior que é o cumprimento de nossa missão encarnatória. “O que significa fazer com que nossa essência divina, o Eu Superior, se manifeste pelo ego humano, que é o Eu Inferior. Dessa forma, gradualmente, de encarnação em encarnação, além dos períodos astrais entre vidas, nós vamos alcançando a nossa cristificação pessoal, vamos cada vez mais nos aperfeiçoando para que possamos vivenciar a expansão da nossa luz e não nos percamos no materialismo. O mundo material tem sua importância como ferramenta da evolução, mas não é a finalidade”, aponta.

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Como se conectar com a sua espiritualidade

Embora não haja um manual de instruções e o processo de conexão à própria espiritualidade seja único, tal como cada um de nós, é possível apontar algumas práticas que facilitam esse trajeto. “É dever melhorar nosso conteúdo mental por meio de meditação, estudos, leituras edificantes, reflexões, observações, questionamentos, colocar-se em movimento cultivando hábitos saudáveis, relações verdadeiras, comunicação respeitosa, acolhimento das diferenças e diversidades, gerenciamento das nossas emoções, sem excluir aquelas que julgamos ruins. Estamos todos na condição de estudantes na escola da vida, cada um com uma pauta de aprendizados que lhe cabe”, garante Jus Prado.

Podemos ainda acrescentar à lista a expressão do sentimento de gratidão, a prática do estado de presença e o acalmar da mente rotineiramente para sentir a natureza se manifestando de dentro para fora e vice-versa. Assim como, mesmo que estejamos inundados em telas e excesso de informação dispersa, devemos utilizar as mesmas ferramentas digitais para o estudo, trocas e ganho de experiências significativas de vida.

Embora cada pessoa vivencie aquilo que lhe cabe para sua evolução, o desenvolvimento da espiritualidade não deve jamais assumir um caráter egoísta. Pelo contrário, precisamos colocá-la em função do bem maior. “Vejo a espiritualidade e a contribuição para o bem maior como algo ligado ao brilho pessoal. Cada um deve expandir sua luz e, como o mestre Jesus Cristo nos ensina, ser luz no mundo com a sua lucidez. Ser lúcido acerca da realidade espiritual enquanto ser encarnado dentro de um propósito de missão. E, a partir do momento em que reconhecermos dentro de nós, por meio da paz interior, a ética cósmica e a expandirmos no nosso trabalho, na nossa relação familiar, na nossa relação social e em todos os demais setores da vida, automaticamente eu creio que estaremos contribuindo para o bem maior. E não necessariamente por meio de um trabalho condicionado a uma mentalidade de caridade, por exemplo, como as religiões estabelecem”, opina o escritor e metafísico.

Para ele, inclusive, de modo a desenvolvermos a espiritualidade de forma livre e independente, devemos equilibrar a razão, o estudo, a lógica e a coerência com o sentimento do amor, com o da gratidão, com a compreensão de que o sentimento é a fonte maior da vibração e que tudo no Universo se baseia em vibração. “Elevamos a qualidade de nossos sentimentos, que é o objetivo maior em nossa encarnação, superando as emoções inferiores, como a mágoa, o medo, a raiva, a culpa ou o dó; aprendendo a vibrar no sentimento de amor, de autoamor e gratidão.”

Assim, quando temos a espiritualidade ativa em nós, é por meio dela que pensamos e agimos; é por meio dela que nos relacionamos; que encontramos paz para atravessar os obstáculos; e, por fim, prosseguir na trilha da plenitude, como uma busca permanente e consciente. Com ela, assumimos a ciência de que somos viajantes do espaço e tempo, em uma jornada eterna pela evolução.


Esse conteúdo foi publicado originalmente na Edição 250 da Vida Simples

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